A apicultura, como qualquer outra atividade agropecuária, deve ser planejada respeitando o ciclo de produção que, a depender da região pode ser mais de um ao ano.
Por Heber Luiz Pereira* – A apicultura, como qualquer outra atividade agropecuária, deve ser planejada respeitando o ciclo de produção que, a depender da região pode ser mais de um ao ano. O momento mais esperado do ciclo produtivo é a colheita, chamada também de “safra”, o período no qual se colhe determinado produto. Na apicultura, por vezes, as etapas do ciclo de produção são definidas ou caracterizadas de diferentes formas – e podemos resumi-las em três momentos:
- Aquisição e preparo de materiais: nesta etapa, os materiais são adquiridos ou construídos; colmeia e materiais anexos a ela devem ser limpos e qualquer manutenção necessária deve ser feita (como, por exemplo, esticar arames e colar a cera alveolada);
- Povoamento, manutenção e preparo para produção: neste momento, o apicultor captura ativamente ou por meio de caixas-iscas, faz divisões de colônias já estabelecidas ou compra de outros produtores, executa inspeções de manutenção, limpeza de apiário, controle de doenças, pragas ou predadores, troca de favos, troca de rainhas, união de colônias fracas, alimentação e outros;
- Colheita, extração e armazenamento: a safra propriamente dita, quando o apicultor retira melgueiras com o mel maduro, faz a extração (através de diferentes processos) e o armazenamento, fechando o ciclo produtivo com a comercialização.
Os apicultores chamam de “pré-safra” o período que precede as principais floradas, momento em que alguns manejos colaboram fortemente para se conquistar uma boa produtividade. O início deste momento ocorre faltando de 45 a 60 dias para o início da florada de produção, quando o apicultor retira favos velhos e começa o fornecimento de uma alimentação energética estimulante, e um substituto do pólen, se necessário.
A alimentação energética estimulante deve simular uma entrada de néctar, ou seja, um xarope mais fluído, sendo fornecido com constância, de maneira a simular uma florada. Este processo é conhecido como “sequenciamento apícola”, e respeita este período devido ao ciclo biológico de desenvolvimento das abelhas operárias, sendo pelo menos cinco dias para que a rainha retome seu ritmo de postura, 20 dias para a emersão de cada abelha adulta desde a postura da rainha e mais outros 20 dias para que as abelhas novas se tornem abelhas campeiras, aptas a coletar o néctar da florada que começa a abrir.
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As melgueiras, ainda neste período, devem ser preparadas, os quadros com favos que não estão em boas condições substituídos ou reformados para essa safra, se recomenda que minimamente haja duas melgueiras para cada colmeia que irá entrar em produção.
A adição de melgueiras nas colmeias deve acontecer logo após cessar a alimentação estimulante com xarope, de maneira a evitar contaminações no mel que virá a ser preparado pelas abelhas. Quantas melgueiras devem ser adicionadas por vez e em qual posição se coloca uma segunda melgueira, são dúvidas frequentes de quem está iniciando na apicultura, e a resposta depende da situação.
O planejamento e frequência de visitação ajudam a definir quantas melgueiras adicionar de início, pois, se o intervalo de vistas for longo, é preciso que mais de uma melgueira seja colocada de uma vez, muitos deixam de colher um bom volume de mel pela falta de melgueiras quando as abelhas precisam, perceber uma semana depois pode significar 10 quilos de mel a menos nas colmeias mais fortes. Se o intervalo de visitas for maior que 15 dias, pode ser necessário adicionar duas ou três melgueiras logo de início. A segunda melgueira pode ser adicionada logo acima da primeira, e isto deve ser respeitado principalmente quando há postura na primeira melgueira. Quando não há postura na primeira melgueira, a nova pode ser adicionada por baixo desta, pois isso parece estimular o trabalho das abelhas em ambas. Depois, tudo pode ser colhido ao fim da florada.
O momento da colheita acontece poucas vezes ao ano. Dessa forma, estar com as colmeias preparadas é fundamental para se ter uma boa safra. A sequência de manejos que favorece a produtividade se inicia com a troca de favos velhos, depois pela alimentação estimulante, pelo preparo de melgueiras e pelo fim da alimentação com a adição de melgueiras. Estas atividades devem estar previstas no planejamento apícola e podem fazer toda a diferença no momento da colheita.
A rentabilidade na apicultura está apoiada sobre três pilares: (1) controle de custos, (2) produtividade e (3) boa comercialização. O preparo da colmeia para a safra influencia diretamente nos dois primeiros. Assim, incluir esses manejos no planejamento tem o poder de tornar a safra muito mais doce!
Heber Luiz Pereira, apicultor, doutor em zootecnia, consultor da HP Agroconsultoria e do Colmeia Viva, programa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
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