Carta Conjuntura – Fenação: Estratégia eficiente para garantir forragem de qualidade durante o ano

A fenação tem como principal objetivo minimizar os efeitos da sazonalidade das pastagens e períodos de estiagem.

A fenação é um processo de conservação de forragem que consiste na secagem de plantas cortadas. Essa técnica permite a estocagem do alimento por longos períodos, preservando seu valor nutritivo. A fenação minimiza os efeitos da sazonalidade das pastagens e períodos de estiagem.

O feno se destaca entre os volumosos tradicionais por várias razões, primeiro, quando corretamente desidratado e armazenado, pode ser conservado por longos períodos, o que é especialmente útil para garantir alimento em épocas de escassez, além disso, ao ser colhido na época das chuvas, permite uma maior produção de forragem por área devido à rebrota das plantas. Sua flexibilidade no atendimento às necessidades nutricionais do rebanho, especialmente durante a entressafra de pastagem, mantém a produtividade animal estável ao longo do ano, o feno de boa qualidade pode até substituir, parcial ou totalmente, a necessidade de suplementos concentrados, reduzindo custos, especialmente se for de leguminosas ricas em proteína, outra vantagem é a possibilidade de armazenar grandes quantidades em pequenos espaços, quando compactado em fardos. O feno não depende de processos fermentativos e é estável ao contato com o oxigênio, evitando estragos durante o fornecimento, além disso, diversas espécies de plantas forrageiras podem ser utilizadas para sua produção.

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Embora muitas espécies possam ser utilizadas para a produção de feno, algumas se destacam por características superiores, entre elas, estão o alto valor nutritivo, alinhado com as necessidades do rebanho, a elevada produção de forragem por área, uma alta relação folha-caule e caules finos, além de uma boa capacidade de rebrota após a colheita.

Tabela 1. Composição bromatológica, base na matéria seca, dos fenos de algumas forrageiras.

FONTE: Dados básicos: (A) Silva (2010), Dados básicos: (B) Ladeira et al. (2002), Dados básicos: (C) Moreira (2008), (D) Taffarel (2011), (E) Mizubuti et al. (2007), (F) Nascimento et al. (2001), (G) Aguiar et al. (2006), (H) Pedreira (2005)

NOTA: MS – Matéria seca; MM – Matéria mineral; PB – Proteína bruta; FDN – Fibra em detergente neutro; FDA – Fibra em detergente ácido; Ca – Cálcio.

Para a fenação precisamos passar por etapas:

Corte: O corte da forrageira é a primeira etapa da fenação, nesse processo, a planta é separada do solo para iniciar a secagem, o uso de máquinas como tratores e roçadeiras agiliza essa tarefa. É importante evitar picar a forrageira, pois isso dificulta a coleta do material.

Espalhamento: Para garantir uma secagem uniforme da forrageira após o corte, é importante espalhá-la adequadamente pelo solo, naturalmente, o corte inicial tende a formar leiras, onde a parte superior seca mais rápido do que a inferior, para evitar isso, utiliza-se um ancinho para espalhar o material uniformemente, além disso, é recomendável revirar a forragem a cada uma ou duas horas, também com o ancinho, o que faz com que o material mais úmido seja trazido para cima e o mais seco para baixo, assegurando uma secagem uniforme em toda a área.

Enleirar: O enleiramento é uma prática comum na produção de feno, especialmente quando a secagem não se completa em um único dia, ao agrupar o material em leiras, reduz-se a exposição da forragem à umidade noturna, evitando perdas.

Enfardamento: O enfardamento tem como objetivo compactar o feno, reduzindo seu volume e facilitando o manuseio e o transporte. Nesse processo, o feno é transformado em fardos retangulares ou redondos.

Depois do trabalho de selecionar a forrageira, preparar o solo e seguir os passos de produção com precisão, é preciso armazenar o feno. Essa etapa pode resultar em perdas tanto quantitativas quanto qualitativas. A umidade ideal do feno para o armazenamento é de 18% a 20%, o local de armazenamento deve ser seco, bem ventilado e protegido da luz solar direta, para evitar o contato do feno com a umidade do solo, recomenda-se utilizar paletes ou estruturas elevadas, a inspeção regular do feno é essencial para detectar sinais de deterioração, como aquecimento, mofo e presença de roedores, a temperatura e a umidade do ambiente de armazenamento devem ser monitoradas regularmente, especialmente durante os períodos mais quentes e úmidos do ano.

O feno pode ser armazenado e comercializado em diferentes formatos, adaptados às necessidades dos produtores e às condições de armazenamento e transporte. Os formatos mais comuns são:

Fardos Retangulares: Esses são os formatos mais tradicionais, facilmente empilháveis e de manuseio relativamente simples. Eles podem variar de pequenos fardos manuais a grandes fardos comerciais, pesando de 15 a 500 kg.

Fardos Cilíndricos (Rocambole): Também conhecidos como fardos redondos, são muito utilizados devido à maior capacidade de compactação e facilidade no manuseio com equipamentos agrícolas. Eles podem pesar de 200 kg a mais de 1000 kg.

Fardos Compactados: Esses fardos são densamente compactados para reduzir o volume, facilitando o transporte e o armazenamento, especialmente em regiões com espaço limitado ou para exportação.

Fardos Enfardados a Vácuo: Algumas vezes, o feno é embalado a vácuo para preservar o valor nutritivo e evitar a entrada de umidade, prolongando sua vida útil.

Fardos Enrolados com Filme Plástico: Conhecidos também como silagem pré-secada, esses fardos são cobertos com plástico, o que protege o feno da umidade e permite que ele seja armazenado ao ar livre por longos períodos.

Diferentemente do feno tradicional, o feno pré-secado é enfardado com maior umidade e embalado hermeticamente

Um feno de alta qualidade é reconhecido por sua cor verde vibrante, que indica boa conservação, feno com tonalidade amarelada sugere secagem excessiva, enquanto uma cor marrom aponta para fermentação causada por umidade excessiva. 

A proporção entre folhas e caules é outro fator essencial; quanto maior a quantidade de folhas, mais nutritivo e digerível será o feno, outro fator é a temperatura interna do feno, que deve ser menor que a temperatura ambiente, um aumento significativo pode indicar atividade microbiana, como fermentação, que reduz o valor nutricional. 

A umidade também é crucial: a desidratação deve ser uniforme para evitar áreas com excesso de umidade, que favorecem o crescimento de fungos, o revolvimento da forragem durante a secagem é vital para garantir uma desidratação homogênea.

Com isso podemos classificar o feno em três distintas categorias.

Tabela 2. Classificação de feno em função da qualidade

FONTE: Pedreira (2005) NOTA: MS – Matéria seca.

Dada a variação nos níveis de qualidade, é natural que os preços do feno também variem consideravelmente, influenciados principalmente pela umidade e pelo tipo de forrageira utilizada, volume adquirido, o custo do frete, a região produtora, tempo de armazenamento do material e época do ano que foi feita a aquisição.

Com isso até o final da segunda quinzena de agosto de 2024, em São Paulo foi observada a seguinte variação de preço: 

Tabela 3. Preços médios de feno (R$/t) em São Paulo.

Fonte: Dados coletados pela Scot Consultoria, preços FOB*.

A fenação, quando bem planejada e executada, é um investimento estratégico para a pecuária, ao assegurar um suprimento contínuo de forragem de qualidade, os produtores podem otimizar a produção, reduzir custos com alimentação suplementar e mitigar os riscos da sazonalidade.

A escolha da espécie forrageira, a conservação adequada e o armazenamento eficiente são pilares desse processo. 

No entanto, a decisão de implementar a fenação na propriedade exige uma análise cuidadosa de fatores como custo-benefício, disponibilidade de mão de obra, área cultivável e infraestrutura, visando garantir a viabilidade econômica e operacional da atividade.

Fonte: Scot Consultoria

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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