Aumento da oferta de milho pressiona preços internos

O mês de agosto segue registrando queda nos preços internacionais, com recuo de 12,7% nos primeiros quinze dias do mês.

Queda registrada para os preços em Chicago durante o mês de julho. A média de julho na CBOT fechou em USD 5,50/bu, 10,9% abaixo do mês anterior, reflexo do aumento de 2,3% para a área plantada nos EUA, trazida no relatório trimestral do USDA. Apesar do recrudescimento do conflito no Mar Negro e da não renovação do acordo do corredor de grãos, o mês de agosto segue registrando queda nos preços internacionais, com recuo de 12,7% nos primeiros quinze dias do mês, diante da melhora das condições das lavouras americanas e das boas chuvas registradas no Meio-Oeste.

No Brasil, a colheita da segunda safra segue exercendo pressão sobre os preços. Em Primavera do Leste, a queda em julho foi de 4,6% ante junho, na média de R$ 35,73/saca. A parcial de agosto segue apontando queda nas cotações em praticamente todas as regiões produtoras do país, com Primavera do Leste desvalorizando 1,9% sobre a média dos quinze primeiros dias de julho, a R$ 35,07/saca. A colheita da segunda safra atingiu 72,4% até dia 12/agosto (Conab) e, apesar de atrasada em relação ao ano passado, segue aumentando a disponibilidade do cereal no mercado doméstico. A Conab segue projetando a segunda safra do Brasil em um recorde, agora em 100 milhões de toneladas, com uma produção total de milho, também recorde, de 129,9 milhões de toneladas.

A alta observada para os fertilizantes nas últimas semanas freou as compras antecipadas para a segunda safra 2024. Com o recente aumento dos preços do adubo e a queda dos preços do cereal, a relação de troca voltou a piorar, o que acabou desestimulando as compras antecipadas. Segundo a Agrinvest, ainda temos entre 65% e 70% das compras de fertilizantes para a safrinha 24 pendentes.

As exportações brasileiras de milho seguem em ritmo acelerado. Entre fevereiro e julho/23, o embarque do cereal alcançou 9,7 milhões de toneladas, 27% acima do mesmo período do ano passado. Os dois principais destinos são Japão (16% do total) e China (13%).

Apesar da revisão, safra americana deve ser a maior dos últimos 7 anos

O USDA fez novos ajustes para a safra global do cereal. Para a safra mundial de milho 2023/24, o USDA trouxe redução da produção em 1% frente o relatório de julho, para 1,21 Bi t, elevação do consumo em 3%, para 1,19 Bi t e aumento também do estoque final do cereal, para 311 MM t (+4%). A relação estoque/consumo mundial de milho segue projetada em 26%.
A produtividade americana de milho foi revisada para baixo. A produtividade dos campos americanos de milho foi novamente revisada para baixo, com chuvas irregulares e temperaturas acima da média em áreas do Meio-Oeste durante o mês de julho. Com isso, a produção também diminuiu, para 383,8 milhões de toneladas, 1% abaixo da estimativa de julho. Apesar da queda, a safra 2023/24 deve apresentar crescimento de 10% para os EUA, representando a maior safra dos últimos sete anos.

Os prêmios para o milho no Brasil seguem firmes em campo positivo. Além de uma colheita que está bem atrasada em relação ao ano passado (64% atual versus 80% em ago/22), o aumento da procura pelo cereal nacional, principalmente por compradores chineses, também é fator de sustentação. Apesar do custo de originação ter subido um pouco mais, com a recente  valorização do dólar, o milho brasileiro ainda está barato.

A capacidade de produção de etanol de milho segue expandindo no Brasil. Com o aumento da produção do cereal, diversos investimentos em aumento de capacidade de produção de etanol de milho têm sido anunciados. A Conab projeta, para a safra 2023/24, uma produção de etanol de milho de 5,6 bilhões de litros. Com isso, projetamos um consumo do cereal para a produção do biocombustível de 13,1 milhões de toneladas, contra um consumo estimado em 10,3 milhões de toneladas para a mesma finalidade em 2022/23. Sendo assim, a participação
do uso de milho para etanol no total da produção do cereal passará de 8% (22/23) para 10,3%(23/24).

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA

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