Alinhamento entre a produção de dados de monitoramento e o consumo de dados pelo setor da pecuária é uma medida necessária.
Alcançar uma produção pecuária com uso da terra mais eficiente é essencial para a melhoria da sustentabilidade e fortalecimento da cadeia de valor da pecuária brasileira. Uma agenda comum permite que estratégias sejam estabelecidas e orientem a ação coletiva de cada elo da cadeia, que tem contribuições importantes para esse avanço.
Considerando o papel da pecuária na economia nacional e a importância ambiental dos biomas, um ponto crucial para promover a melhoria da sustentabilidade na pecuária é justamente o monitoramento eficiente dos fatores de produção, o que entra a mudança do uso da terra.
O produtor rural tem papel fundamental para melhorar qualquer sistema de monitoramento. “O produtor tem condições reais de trazer dados de produção e os desafios enfrentados e as oportunidades no campo. Ele pode testar práticas e manejos mais inovadores de forma mais ativa para que consigamos desenvolver e validar soluções mais eficientes de monitoramento,” comentou Juliana Corrêa, diretora jurídica e de sustentabilidade da AgroSB.
A indústria e o varejo têm trabalhado com os produtores rurais nos últimos 10 anos para avançar no desenvolvimento de sistemas de geomonitoramento para que o consumidor tenha a disponibilidade de adquirir produtos legalmente sustentáveis. “O varejo está sempre interessado em disponibilizar aos consumidos produtos com todas as seguranças sanitárias, mas que também sejam sustentáveis,” afirmou Carlos Barbieri, gerente de sustentabilidade da Norvida.
O alinhamento entre a produção de dados de monitoramento e o consumo de dados pelo setor da pecuária é uma medida necessária para promover a eficácia e transparência no acesso a todas as informações. É extremamente importante trazer clareza e análise desses dados produzidos pela academia. “Uma medida para ter o maior alinhamento entre a produção de dados e o consumo deles pelo setor da pecuária é estabelecer protocolos unificados para concentrar informações agregadas e o acesso a essas informações de forma transparente e limpa,” afirmou Larissa Ikeda, consultora em engajamento corporativo da NWF.
O papel dos órgãos de pesquisa é fornecer a informação para todos os atores envolvidos no setor. “Mas os pesquisadores precisam sair de trás de suas mesas para aproximar de outros pesquisadores para unir esforços na análise dos dados,” comentou Fernando Dias, pesquisador da Embrapa Pantanal. “É essencial estabelecer uma comunicação fluida entre os diversos atores que estão ali envolvidos e especialmente com os produtores, então trazer isso mais regionalizado e encontrar uma forma de traduzir esses dados para os produtores rurais e técnicos de campo pode ser a solução para preencher essa lacuna entre a pesquisa científica e as práticas do campo,” comentou Nathália Teles, pesquisadora e coordenadora de campo no Lapig.
O relatório dos resultados das discussões do primeiro ciclo do Grupo de Trabalho (GT) de Terra trouxe dois termos de compromisso com a finalidade de engajar e harmonizar o setor produtivo e os frigoríficos a implementar práticas para o uso da terra mais eficiente.
O termo do setor produtivo é um marco muito importante para o setor produtivo, pois vai trazer visibilidade de onde estão e quais os desafios para superar cada etapa desse processo. “Todo mundo sabe as reais definições e quais etapas precisam ser percorridas, o que precisa ser feito para chegar em um próximo nível, e a importância de manter o respeito à legislação brasileira, conservação e manejo do solo, recuperação de pastagem degradada, gestão eficiente dos recursos e como a gente pode trazer uma pecuária de forma responsável que a gente consiga implementar uma certificação,” comentou Juliana Corrêa.
O termo de compromisso para os frigoríficos é um comprometimento oficial e um trabalho de colaboração e cooperação na promoção da pecuária sustentável. “O varejo já ansiava esse compromisso há um tempo, pois já trabalhamos com esse tema através de outras iniciativas, então isso veio ao encontro direto,” comentou Carlos Barbieri, que também acredita que o trabalho de revisão do documento será constante a partir de agora. “Precisaremos sempre aprimorar os conceitos e repactuando ações e o varejo tem papel importante nisso, inclusive já faz parte da própria forma de proceder com as negociações comerciais com os frigoríficos e com os produtores”.
Cada elo da cadeia tem sua importância na melhoria do uso da terra na pecuária, inclusive pode apoiar o setor produtivo nessa jornada. “Apoio técnico para produtor, cartilhas para regularização, ações comerciais, pagamento por serviços ambientais são algumas das respostas que a gente inclusive debateu dentro do GT para essa questão. E tudo isso a gente enxerga que tem o seu valor e que deve ser executado,” finalizou Francisco Beduschi Neto, coordenador do GT de Terra da Mesa Brasileira.
Os direcionamentos para uma cadeia da pecuária brasileira com uso da terra mais eficiente foram apresentados em webinar no dia 16 de agosto, realizado pelo Fórum Pecuária Sustentável e patrocinado pelas organizações associadas Minerva Foods e National Wildlife Federation (NWF). Para assstir clique aqui.
Fonte: Assessoria Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável
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