Eng. Agrônomo Xico Graziano denuncia a introdução criminosa da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do sul da Bahia; confira os detalhes
A introdução criminosa da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do sul da Bahia e o fracasso da intervenção do Governo brasileiro através do Programa de Recuperação da Lavoura ocasionaram um desastre socioeconômico e ecológico sem precedentes, que inviabilizou mais de seiscentos mil hectares da cultura, destruindo as vidas e os sonhos de milhares de famílias de trabalhadores rurais, cacauicultores e comerciantes.
O evento extinguiu 250.000 postos de trabalho, provocou o êxodo de aproximadamente 800.000 homens, mulheres e crianças que moravam nas fazendas e ainda quebrou a economia de quase cem municípios. As conseqüências da catástrofe continuam repercutindo desde 1989 e afetam uma importante zona biogeográfica, onde vivem quase três milhões de pessoas.
Cacau perde bilhões com vassoura-de-bruxa
Os males provocados pelo fungo Moniliophtera perniciosa, causador da doença, são conhecidos. Estima-se que 250 mil pessoas tenham perdido seus empregos e que a dívida dos cacauicultores seja atualmente de R$ 800 milhões.
E se a vassoura-de-bruxa não tivesse atacado as plantações brasileiras?
Da safra 1994/95, quando a cultura passou a ser significativamente prejudicada pela doença, até a atual, a receita agrícola (“da porteira para dentro”) do segmento – corrigida pelo salário mínimo, que representa 90% do custo de produção – foi de R$ 9,9 bilhões. Poderia ter superado R$ 20 bilhões. O cacau brasileiro perdeu estimados R$ 11 bilhões no período.
A doença foi detectada nas plantações baianas em 1989, mas acredita-se que sua entrada tenha ocorrido há exatos 20 anos, em 1988.
Filme: O nó Ato humano deliberado
Documentário “O Nó: Ato Humano deliberado” de Dílson Araújo trouxe a indignação e a reflexão sobre a introdução humana da praga “Vassoura de Bruxa” na Região Cacaueira. A história retrata de forma clara, direta e dolorosa, através de depoimentos reais, a introdução e disseminação do fungo da vassoura de bruxa na região cacaueira.
“A proposta do filme é provocar para que os produtores de cacau se unam e a região cacaueira se entenda no sentido de buscar um meio de desatar esse nó que gerou suicídios, desespero, desemprego”, explicou o diretor. “Comecei a me interessar pelo assunto, pesquisei tudo sobre a introdução da doença vassoura de bruxa e quando constatei que realmente era um crime, me senti atingido e enganado por fazer parte da região cacaueira. A partir dai, fiquei muito abalado com a repercussão que essa doença causou à sociedade, ao comércio e outros segmentos que dependiam da cultura do cacau para sobreviver”, declarou Dilson.
Trechos retirados do Blog Hum Historiador de Rogério Beier