Agro está bancando até o futebol brasileiro

Futebol agro: Setor que é responsável por quase 30% do PIB brasileiro, o agronegócio patrocina 45% dos clubes das Séries A e B; Confira os destaques abaixo!

Responsável por 28% do PIB nacional (em cálculo do Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e fonte de renda para 30,5 milhões de pessoas no Brasil, o agronegócio também está ocupando um terreno em que, até bem pouco tempo, não via futuro: o futebol. Atualmente, seis clubes da Série A e 12 da Série B do Campeonato Brasileiro são apoiados diretamente por empresas do agronegócio verde-amarelo.

As parcerias são as mais variadas. Desde um simples patrocínio, uma ação de marketing pontual e até mesmo o financiamento total de um reforço com padrão europeu — é o caso de Paulinho, no Corinthians. A geografia dos investimentos, porém, ainda segue as áreas de atuação deste mercado. Das agremiações beneficiadas, seis são da região Sul, cinco do Nordeste, três do Centro-Oeste e quatro do Sudeste. Na última região, todos os clubes são do Estado de São Paulo.

“É através de nossos patrocínios que o clube consegue mostrar a força do Mato Grosso. Estamos diretamente ligados ao agronegócio, a principal força econômica do Estado. Ficamos honrados em poder ajudar a divulgar a maior potência da nossa região“, afirma Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, clube patrocinado pela Agro Amazônia.

O fôlego agrícola que o futebol brasileiro tem recebido contrasta com o momento de apreensão na economia nacional. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o setor poderá ser diretamente atingido: 85% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, a grande maioria da Rússia. Por ora, os clubes se perguntam: será que esta parceria continuará rendendo frutos?

Grupo Taunsa banca salário milionário de Paulinho no Corinthians

No dia 13 de dezembro de 2021, uma imagem de Paulinho dentro de um trator agitou as redes sociais. Propositalmente ou não, o vazamento da foto era um indicativo do que se concretizaria um mês depois: o retorno do ídolo ao Corinthians. Ele chegou ao clube de caminhão!

O trator e o caminhão tinham explicação. O meia não estava ali demonstrando ser um homem do campo. O “flagrante” era uma ação de marketing do responsável direto por fazer o atleta voltar ao Corinthians: o Grupo Taunsa.

Fundada em 2008, a empresa planta, armazena e negocia soja e milho interna e externamente. É dos cofres da Taunsa que têm saído os salários de Paulinho, na casa de R$ 1 milhão por mês.

Além do investimento no reforço, o grupo vê no clube uma estratégia agressiva de expansão e internacionalização da marca, que pretende investir R$ 5,7 bilhões até 2028. Confirmado, este crescimento tornará a Taunsa líder nacional de armazenagem e um dos três maiores exportadores de soja do Brasil.

O contrato com o Corinthians vai até dezembro de 2023 e prevê participação em conteúdos, propriedades físicas e digitais do clube. Há uma expectativa de que uma nova contratação seja feita nos mesmos moldes de Paulinho.

“O agro é um dos setores mais robustos do país, um orgulho nacional, e a parceria do Corinthians com o Grupo Taunsa traz benefícios tanto para o esporte corintiano quanto para o agronegócio, porque aproxima públicos que muitas vezes são vistos como distantes”, afirmou o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, ao site oficial do clube.

O agronegócio por regiões nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro

Patrocinador do Juventude faz ação para valorizar mulher do campo

No último dia 6, o Juventude, da região agrícola de Caxias do Sul (RS), anunciou a renovação de contrato com a New Holland Agriculture, multinacional que produz equipamentos agrícolas. Para celebrar a continuidade da parceria, uma ação de marketing foi realizada no Dia Internacional da Mulher.

Os jogadores entraram em campo na partida contra o Guarany, pelo Campeonato Gaúcho, com camisas que estampavam nomes de mulheres agricultoras. Além disso, no lugar da logomarca da empresa, foi exibida a mensagem #étempodemulher, em alusão ao movimento lançado pela marca com o objetivo de valorizar a importância feminina no campo. Outro detalhe que fez alusão ao agronegócio: colheitadeiras trabalhavam nas tradicionais listras da camisa alviverde, como fazem nas lavouras.

Soja ocupa lugar de torcedores na arquibancada

Baseado em Lucas do Rio Verde, cidade de Mato Grosso que é considerada uma das principais produtoras de grãos do Brasil, o Luverdense teve uma ideia criativa junto ao seu patrocinador no período em que os estádios estavam com os portões fechados por conta da pandemia do coronavírus. Foram colocadas plantas e mudas de soja nos lugares onde ficariam os torcedores na arquibancada da partida contra o Brasiliense, pelas oitavas de final da Copa Verde.

A ação teve como objetivo divulgar um parceiro, a Fiagril, uma das maiores comercializadoras de insumos e sementes de soja e milho do país. “Nós somos um clube de Lucas do Rio Verde, da região do agro, mas do agro consciente que faz a produção agrícola, gera riqueza, distribuição de renda e também se preocupa com a preservação da natureza”, disse ao site do Luverdense o presidente do clube, Jaime Binsfield.

Chapecoense é patrocinada pela Aurora

A relação mais longeva entre um clube de futebol e uma empresa do setor de agronegócio é a da Chapecoense com a Aurora. A parceria já tem mais de 15 anos e foi renovada, como patrocínio máster, por mais uma temporada em janeiro.

“Nós estamos há muito tempo juntos. Quando eu cheguei na Aurora, há 15 anos, nós começamos efetivamente essa parceria. As razões são muito conhecidas, pois temos semelhanças em nossos objetivos. A Chapecoense é um clube de uma cidade do interior, que chegou à elite do futebol brasileiro”, relatou o presidente da Aurora, Neivor Canton, ao site oficial da Chape.

Agronegócio e futebol em números

  • 6 clubes da Série A
    São patrocinados por empresas do agronegócio: Atlético-GO, Athletico-PR, Corinthians, Cuiabá, Juventude e Santos. Além disso, Grêmio e Inter têm parceria com um banco que oferece produtos para o setor.
  • 12 clubes da Série B
    São patrocinados por empresas do ramo do agronegócio: Bahia, Chapecoense, CRB, CSA, Criciúma, Ituano, Londrina, Náutico, Novorizontino, Operário Ferroviário (PR), Sampaio Corrêa e Vila Nova.
  • 30,5 milhões
    Com mais de 26% do PIB nacional, o agronegócio é fonte de renda para cerca de 30,5 milhões de brasileiros. O setor foi um dos raríssimos que continuou em crescimento mesmo com a pandemia do coronavírus.
  • Em cima do muro?
    Para “não se comprometer”, algumas empresas do agronegócio preferiram patrocinar os clubes rivais da região. É o caso do Grupo Coringa, com CRB e CSA, em Alagoas; e a Cristal Alimentos, com Atlético-GO e Vila Nova, em Goiás.

Agronegócio ainda precisa enfrentar “avalanche” dos sites de aposta

Embora esteja “ganhando terreno” no futebol brasileiro, o setor do agronegócio precisa ainda enfrentar um fenômeno recente: a verdadeira “avalanche” dos sites de apostas esportivas. A força das empresas do novo segmento fica evidente em um levantamento nos clubes. Dos 20 clubes da Série A, 15 têm patrocinadores oriundos deste ramo. É o mesmo número da Série B.

Somente Ceará, Cuiabá, Fortaleza, Juventude e Palmeiras não possuem patrocínios ligados a casas de aposta na primeira divisão. E Brusque, Novorizontino, Operário, Tombense e Vila Nova, na Segundona.

Chama a atenção, especificamente, o número de clubes que são patrocinados pela empresa Pixbet. Nove no total. Na Série A, as parcerias são com América-MG, Avaí, Flamengo e Goiás. Na Série B, os patrocinados são Cruzeiro, Guarani, Ituano, Ponte Preta e Vasco.

Atrás da Pixbet há a Betsul, com quatro clubes: Chapecoense, Grêmio, Internacional e Sampaio Correa.

Matéria originalmente publicada pelo UOL Esportes

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