A taxa de frio, cobrado pela indústria de acordo com a venda dos bovinos para o abate, é responsável por subtrair anualmente cerca de R$ 120 milhões dos ganhos de pecuaristas gaúchos
Através de nota pública, o Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó no Rio Grande do Sul informou que a partir de hoje, dia 08 de março de 2022, a TAXA DO FRIO DE 2% aplicada nos abates de bovinos no Rio Grande do Sul (RS) estará EXTINTA. Assim, as carcaças bovinas serão comercializadas quentes, como no restante do Brasil, sendo vetada a comercialização de carcaças frias. Confira, abaixo, a nota completa.
- A taxa de frio desconta 2% do peso da carcaça de cada bovino, relativo à perda devido ao resfriamento da carne
A “taxa do frio”, “desconto do frio” ou “taxa de resfriamento” é o percentual que até então era descontado do pecuarista gaúcho pela indústria frigorífica por ocasião das perdas de peso por decorrência do resfriamento das carcaças na câmara fria da planta frigorífica. Essa taxa, em geral de 2%, vinha sendo cobrada indevidamente do produtor rural, uma vez que as perdas de peso da carcaça por resfriamento são ônus exclusivamente da indústria frigorífica e não podem ser repassadas ao pecuarista.
O movimento que desencadeou a eliminação da referida taxa teve início há aproximadamente três anos, quando o nosso Sindicato Rural, juntamente com a Comissão Rural Jovem, lançou a campanha “O Desconto do Frio é Ilegal” na Expointer de 2019. De lá para cá, participamos de muitas reuniões com os representantes da indústria frigorífica, concedemos inúmeras entrevistas à programas de rádio e jornais, mobilizamos os produtores rurais, as associações, e as entidades de classe. Ainda em 2019, começamos a coletar apoiamentos à demanda junto aos presidentes dos Sindicatos Rurais do RS.
Em junho de 2020, já contávamos com 75 apoiamentos formais. Essa forte mobilização dos produtores rurais fez com que entrasse em pauta a “Propositura ou não de Ação Judicial versando sobre o desconto do peso frio pela Indústria Frigorífica” na Assembleia da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL) realizada no dia 27 de novembro de 2020. De forma unânime, os presidentes dos Sindicatos Rurais do RS decidiram resolver o assunto nos tribunais.
Essa decisão estimulou que a indústria frigorífica, representada pelo Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), buscasse os representantes da FARSUL para ajustar um Acordo Extrajudicial, resolvendo a questão de forma pacífica. O Acordo determina:
- a extinção da taxa do frio a partir de 08 de março de 2022
- o estabelecimento de um período de transição de 1º de agosto de 2021 a 07 de março de 2022 em que coexistiram as duas modalidades de comercialização (carcaça quente e carcaça fria)
O Acordo foi aceito pelos presidentes dos Sindicatos Rurais do RS em reunião virtual da FARSUL realizada em março do ano passado. Um ano depois, finalmente chegou o dia em que a taxa do frio é eliminada do ambiente comercial gaúcho, beneficiando todos os pecuaristas do nosso Estado. Ressaltamos que essa evolução da nossa pecuária de corte somente foi possível com a união dos produtores rurais e das entidades representativas da nossa classe. Precisamos manter essa união para enfrentar os novos desafios que se apresentam, e aqueles que virão no futuro. Este Sindicato Rural não se furtará de fazer a sua parte.
DIOGO TREVISAN CARDOSO
Presidente do Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó-RS
E você, pecuarista, já conhecia o novo acordo sobre a taxa de frio? Aproveite e compartilhe com seus colegas, para que todos tenham conhecimento sobre o assunto.
