“Caça ao javali vira pretexto para grupos se armarem, inclusive com fuzil”, dizia a matéria da Globo no Fantástico desde último domingo. Grupos se revoltam com a emissora!
A reportagem investigativa deste domingo (19), no Fantástico, programa veiculado pela Rede Globo de Televisão, trata de uma denúncia grave: a caça ao javali virou um pretexto para grupos se armarem, inclusive com fuzis. Com a flexibilização do acesso a armamentos, uma bandeira do governo Bolsonaro, o número de caçadores disparou. Mas especialistas alertam para o risco que isso representa para a segurança pública.
Pela lei, caçar é proibido no Brasil, mas o javali é a única exceção. Em 2016, 563 municípios tinham o animal, segundo o Ibama. Em 2019, o número quase triplicou. Mesmo com um trabalho dificultado pelas autoridades e ambientalistas, os caçadores tem lutado por seus direitos e ainda ajudado no controle populacional de uma das maiores pragas que assola o campo e destrói nascentes e outros animais. Agora a Globo tenta acabar com a imagem de um grupo sério e trabalhador!
Pela lei, caçar é proibido no Brasil, mas o javali é a única exceção. Ele pode, mas se for para o manejo, ou seja, o abate para evitar que o javali se reproduza e destrua plantações. E desde que o animal não sofra maus tratos. Mas em dois meses de investigação jornalística, o Fantástico descobriu uma realidade bem diferente e de alto risco.
O manejo do javali é permitido em todo o país desde 2013. O Ibama autorizou o abate com base no risco de transmissão de doenças e em relatos de prejuízos de agricultores, sobretudo nas plantações de milho e soja, que são consumidos pelo animal.
Mas olha o que aconteceu depois que o manejo foi liberado: em 2016, tinha javali em 563 municípios, segundo o Ibama. Em 2019, o número quase triplicou: os animais apareceram em 1.536 municípios, a maior parte nas regiões Sul e Sudeste. Por quê?
Estudos mostram que a velocidade de expansão do javali no Brasil é 11 vezes maior do que a do Uruguai, por exemplo. É a indicação de que o javali não está avançando pelo país somente com suas próprias patas. Ou seja, tem muita gente espalhando de propósito.
Não existem hoje estatísticas sobre a quantidade exata de javalis no Brasil ou o prejuízo que eles causam. Mas os especialistas são unânimes em dizer que a espécie deve ser controlada. Só que há sinais claros de que a caça ao javali virou um pretexto para mais pessoas comprarem armas.
Reportagem do Fantástico
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Um levantamento feito pelo Fantástico, em parceria com o G1, mostra que foram emitidos pelo Exército, entre janeiro de 2019 e agosto deste ano, 193.539 certificados de registro de caçador, o chamado CR. Em comparação com o mesmo período entre 2016 e 2018, o aumento chega a 243%.
Chama a atenção também a quantidade de certificados emitidos este ano. Até agosto, foram 75.289, número maior do que qualquer um dos cinco anos anteriores. Hoje existem 250 mil caçadores legalizados no Brasil. Como só o manejo do javali é autorizado, toda essa gente só tem permissão para abater este animal.
Resposta dos caçadores
Emissão de licenças para caçadores mais que triplica no governo Bolsonaro
Em 2 anos e 8 meses de gestão, foram concedidos 193.539 certificados de registro para caçadores no Brasil. É um aumento de 243% em relação aos 56.400 emitidos entre 2016 e 2018. Fantástico mostra que caça ao javali vira pretexto para grupos se armarem, inclusive com fuzil.
Expansão dos javalis e caça esportiva
Não existem estatísticas sobre a quantidade exata de javalis no Brasil ou o prejuízo que causam. Mas os especialistas são unânimes em dizer que a espécie deve ser controlada.
A caça deveria ser um dos principais métodos de controle, mas o aumento do número de caçadores não está se refletindo em uma redução dos javalis no país. Pelo contrário. O animal só está se espalhando.
Em 2016, havia javalis em 563 municípios brasileiros, segundo levantamento do Ibama. Em 2019, o número quase triplicou. Os animais apareceram em 1.536 municípios.
Muitas licenças, poucos abates
Só entre janeiro e agosto deste ano, já foram emitidos 75.289 CRs de caçador. Mesmo antes de terminar o ano, já é um recorde. Mais do que em qualquer um dos últimos cinco anos completos.
Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que as licenças são concedidas mesmo em áreas em que o registro de abates é muito baixo.
Na área da 7ª Região Militar, por exemplo, que engloba os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, o Exército concedeu 1.981 CRs de caçadores em 2020. Segundo relatórios do Ibama, foram abatidos apenas 10 javalis naquela região no ano passado.
O mesmo acontece na 12ª RM (Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia). Foram emitidos 1.864 CRs e abatidos 6 javalis.
Na 2ª RM, de São Paulo, um dos locais mais afetados pela praga, foram emitidos 10.411 CRs e abatidos 17.244 javalis.
Compre Rural com informações do G1