Neste ano, o crescimento deverá ficar entre 10% e 15%, a depender dos efeitos da crise econômica sobre o poder de compra dos consumidores.
O mercado brasileiro de orgânicos movimentou cerca de R$ 6,5 bilhões em 2021, um avanço de 12% em relação ao ano anterior, de acordo com estimativa da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), que esperava aumento de 10%. Neste ano, o crescimento deverá ficar entre 10% e 15%, a depender dos efeitos da crise econômica sobre o poder de compra dos consumidores.
Cobi Cruz, diretor da entidade, salientou, em entrevista ao Valor, que se a economia não tivesse piorado e não ocorresse a flexibilização das restrições sanitárias no segundo semestre, fatores que reduziram o consumo de alimentos nos lares, o segmento teria crescido entre 15% e 20% no ano passado. Como informou o Valor, outra pesquisa recente mostrou que, na pandemia, cresceu o número de pessoas que compram produtos orgânicos no país.
“As compras governamentais para as escolas poderiam ter sido melhores e os restaurantes poderiam estar comprando mais também. Conforme a economia vai voltando ao normal, as pessoas começam a cozinhar menos em casa, e o acesso aos orgânicos diminui nessa frente. Os salários também estão muito achatados”, disse o dirigente.
Empreendimentos orgânicos
Cruz lembrou que o número de empreendimentos de orgânicos no Brasil cresceu 11% em 2021, somando mais de 25 mil unidades produtivas, conforme dados do Ministério da Agricultura. Ele afirmou que o faturamento está longe do platô, ponto em que há uma estagnação do crescimento, já que o país representa apenas 1% do mercado global. No mundo, os orgânicos movimentam cerca de US$ 145 bilhões por ano.
A Organis está trabalhando para expandir as vendas de orgânicos brasileiros no exterior. Os embarques representaram 20% do faturamento consolidado no ano passado, graças, principalmente, à taxa de câmbio. “Há uma demanda externa muito grande por grãos e frutas orgânicas”, diz, mencionando que os embarques de açúcar orgânico ainda são o principal destaque.
Na pauta de exportação, também se destacam soja, café, erva-mate, açaí, óleo de palma, guaraná, cacau, manga e acerola orgânicos – o Brasil é o maior exportador de acerola e açúcar orgânicos do mundo. Cerca de 90% do faturamento do segmento vem de alimentos e bebidas, calcula a Organis. “Mas também produzimos e exportamos matérias-primas processadas, tanto para a indústria alimentícia quanto cosmética”, relata Cobi Cruz.
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Busca por alimentação saudável
De acordo com o dirigente, o pilar principal de crescimento dos orgânicos no Brasil continua a ser a busca dos consumidores por uma alimentação mais saudável. Legumes e verduras despontam entre os produtos que mais têm avançado no mercado doméstico. Já as frutas têm tido uma expansão mais tímida porque a decisão de consumo desses itens ainda está mais atrelada à satisfação do paladar, explica ele.
O diretor da Organis ressaltou, ainda, que o setor de proteínas animais orgânicas também está crescendo de maneira significativa, um reflexo da entrada de grandes empresas, como Seara e BRF, que têm o poder de alavancar as vendas ao capacitar e estimular os produtores. “Quando as duas partes são parceiras, o custo da incerteza pode diminuir”, diz.
Fonte: Valor Econômico