Os produtores anteciparam as compras no primeiro semestre com medo de um Plano Safra com juros mais altos e da falta de recursos – cenário que se concretizou – e o segundo semestre não será tão bom
O aumento das taxas de juros do Plano Safra e a escassez de crédito rural no fim do primeiro semestre devem prejudicar o ritmo das vendas de máquinas agrícolas no país.
Em entrevista na sexta-feira passada, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Bastos, estimou que a receita com as vendas de máquinas agrícolas aumentará entre 1% e 2% em 2019.
Inicialmente, a associação projetava um crescimento expressivo de 10%.
“Os produtores anteciparam as compras no primeiro semestre com medo de um Plano Safra com juros mais altos e da falta de recursos – cenário que se concretizou – e o segundo semestre não será tão bom”, admitiu Bastos.
Ele ponderou que, a despeito do crescimento pequeno, o saldo não será ruim porque o aumento de 1% a 2% ocorre sobre uma base de comparação positiva. Nos dois últimos anos, as vendas de máquinas agrícolas aumentaram.
Há pouco tempo, no entanto, a expectativa de crescimento era bem maior – embora já não de 10%. Em agosto, a Abimaq chegou a projetar um crescimento de 5%, percentual que Bastos hoje considera otimista.
De acordo com o representante da Abimaq, as taxas de juros foram elevadas, em média, em um ponto percentual, e oscilam entre 8,5% e 10,5% na safra 2019/20.
“O juro alto não está agradando o produtor. Prova disso é que a linha de crédito que tem maior juro no Moderfrota tem orçamento de R$ 1 bilhão e R$ 80 milhões foram tomados”.
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Segundo ele, as linhas de crédito com juros menores, como o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e o Pronaf – para agricultura familiar -, estão vendendo bem. Para o próximo ano, a perspectiva é de um desempenho semelhante ao de 2019.
“Não temos muito motivo para esperar algo diferente, depois de dois anos de crescimento. Não vai ser um ano ruim nem excepcional”, projetou Bastos.
Fonte: Valor Econômico.