O crescimento, aparentemente modesto, está previsto sobre um faturamento de R$ 82 bilhões em 2021. Estêvão lembra que os 2 últimos anos foram de forte alta
Ribeirão Preto, 28 de abril de 2022 – A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) registrou crescimento de 9% nas vendas internas no Brasil no primeiro trimestre. A previsão inicial para o ano é de 5%. Segundo o membro do conselho deliberativo da entidade, Pedro Estêvão, com a superação da expectativa de janeiro a março, o número para 2022 deve ser reajustado para cima futuramente.
O crescimento, aparentemente modesto, está previsto sobre um faturamento de R$ 82 bilhões em 2021. Estêvão lembra que os dois últimos anos foram de forte alta.
De 2020 para 2021, os preços das máquinas subiram cerca de 40% conforme o dirigente, devido à inflação. Este é um dos fatores que favorece a expectativa pelo recorde de R$ 6 bilhões em negócios na Agrishow 2022, que ocorre até o dia 29 em Ribeirão Preto (SP). Em 2019, última edição da feira, foram quase R$ 3 bilhões. Segundo o presidente do conselho administrativo da Abimaq, João Carlos Marchesan, a previsão para esta edição é bem fundamentada em cálculos.
Exportações
Em março, as exportações de máquinas agrícolas subiram 5,2% na comparação com fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre, a alta foi de 65,1%. O segmento agrícola tem 17,6% de participação no total da Abimaq.
Plano Safra
Na abertura da Agrishow, na última segunda-feira (25), Marchesan, apresentou as demandas e sugestões da associação ao governo federal para a elaboração do novo Plano Safra. Ele lembrou que a Abimaq conta com 740 empresas e registra um faturamento de R$ 100 bilhões anuais.
Marchesan pediu um Plano Safra compatível, que considere a necessidade de renovação da frota. Segundo ele, metade do maquinário agrícola do Brasil tem mais de quinze anos. A previsibilidade e a estabilidade na oferta de crédito foram as primeiras demandas, seguidas por volumes de recursos adequados e juros compatíveis com a atividade econômica.
Para o Moderfrota, a Abimaq demanda a ampliação de recursos para R$ 32 bilhões. No Pronaf, recursos de R$ 11 bilhões apenas para máquinas. A associação quer, no mínimo, R$ 8,15 bilhões para o Inovagro e o Moderagro.
Entre as outras demandas, estão a autossuficiência na produção de trigo, fertilizantes e defensivos; favorecimento à competitividade e a redução do Custo Brasil.
Conversa com o governo
Além da abertura, a entidade se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e com integrantes do governo para apresentar as reivindicações. O CEO da Abimaq, José Velloso, disse que o diálogo entre as partes é fluido desde a semana seguinte às eleições de 2018.
“Bolsonaro nos perguntou sobre a redução do IPI [imposto sobre produtos industrializados]. A questão principal não é nem a redução da competitividade para quem fabrica, mas, sim, o consumo. A redução melhora a vida de quem vai comprar mais barato”, disse. O membro do conselho deliberativo, Pedro Estêvão, disse que, caso as demandas não sejam atendidas, a situação do setor fica como está atualmente e lembrou que, normalmente, os recursos do Plano Safra acabam dentro de três ou quatro meses.
O presidente Jair Bolsonaro falou durante a cerimônia de abertura da feira, na última segunda (25) e priorizou referências ao cenário político e eleitoral, em detrimento de pautas do agronegócio. As declarações voltadas ao setor foram pouco objetivas em meio ao discurso mirando sua base de eleitores.
Em entrevista exclusiva à Agência SAFRAS, o presidente do conselho administrativo da Abimaq, João Carlos Marchesan, comentou a fala de Bolsonaro na Abertura da feira. “Ele falou de forma política e institucional, falando para os eleitores dele. Além disso, ele não poderia falar nada sem receber os estudos sobre o assunto. Temos confiança de que o ministro da agricultura vai trabalhar forte, afinal ele conhece o setor”, Marchesan disse, ainda, que as provocações fazem parte do show do presidente.
Fonte: Agência Safras