Em 2020, 96.830 mulheres acessaram a maior loja online de cachaças do mundo, a Cachaçaria Nacional, sendo que em 2021 o total foi de 280.960, um crescimento de 190,16%
De acordo com um levantamento do IBGE, entre 2013 e 2019, o percentual de pessoas que disseram ingerir bebidas alcoólicas ao menos uma vez por semana avançou, chegando a mais de 26% do total de entrevistados. A pesquisa revelou um dado importante em relação ao consumo de bebidas alcoólicas e as mulheres: segundo o levantamento, levando em consideração os sete anos, o número de consumidoras cresceu 31,8%, enquanto que o número de consumidores aumentou apenas 2,1%.
“Antes ainda existia aquele preconceito de que mulher não podia beber, que apenas os homens entendiam sobre o universo das bebidas, mas com o passar dos anos, tudo isso foi ficando no passado, e hoje, além de consumidoras, algumas até comercializam o próprio destilado”, explica Rafael Araújo, criador da maior loja online de cachaças do mundo, a Cachaçaria Nacional.
A loja foi fundada em 2010, e oferece mais de 2000 rótulos de cachaças artesanais de alambiques das principais regiões do país. Algumas inclusive são produzidas por mulheres, como é o caso da cachaça Bassi. A história da cachaçaria começou em 1980, em Santa Mariana, no Paraná. Ela foi criada por Paulo Bassi e seus filhos, porém, com o falecimento do Sr. Paulo em 2010, os filhos e os netos assumiram o negócio, entre eles, Viviane Bassi, a neta do fundador que hoje é responsável técnica e produtora da Cachaçaria Bassi.
Já a Cachaça Tiê, que também está disponível na Cachaçaria Nacional, é produzida pela jornalista Cris Amin. A bebida inclusive já foi premiada no 20º Concurso de Vinhos e Destilados do Brasil. “É muito gratificante saber que estamos ajudando mulheres produtoras de cachaça de todo o país através da nossa loja, pois elas conseguem divulgar as bebidas para outras regiões do Brasil e podem inspirar outras mulheres que querem montar a própria cachaçaria”, ressalta Araújo.
Além de produtoras, o número de mulheres que acessam o site da loja também cresceu. Em 2020, 96.830 mulheres acessaram o site, sendo que em 2021, o total foi de 280.960 mulheres que visitaram o e-commerce, um crescimento de 190,16%. Já o número de mulheres que compraram no site teve um crescimento de 154,52% no comparativo entre 2020 e 2021. Em 2020, foram 1.594 mulheres compradoras, enquanto que em 2021, esse número subiu para 4.057.
“Com mais tempo em casa nesses últimos dois anos, elas se permitiram experimentar outras bebidas e quebrar certos preconceitos, então descobriram que a cachaça é uma bebida de qualidade bastante saborosa e que é possível produzir diversos drinks a partir dela”, diz Araújo.
Degustadora de cachaça com orgulho
A confeiteira e artesã Marlene Pinto, que mora em São Paulo, conheceu o universo das cachaças ainda jovem, e acabou se encantando com elas. “Cada cachaça que eu experimentava tinha um sabor diferente, e isso acabou chamando a minha atenção, foi quando decidi procurar mais informações sobre o assunto, pesquisar e entender o processo de produção da bebida”, diz Marlene. Foi então que ela decidiu, em 2016, fazer um curso sobre cachaças e ficou curiosa para experimentar as bebidas produzidas em diferentes locais do país.
Através do curso, ela descobriu a Cachaçaria Nacional e por conta das diversas opções da loja, todo mês ela comprava em média duas garrafas de cachaça. “Quando eu percebi, eu vi que eu já tinha um estoque da bebida em casa, então acabei me tornando até sócia do clube da loja para conseguir descontos e ter mais comodidade”, ressalta Marlene. Ela também já teve de enfrentar diversas situações de preconceito não apenas por ser uma mulher que gosta de beber, mas também por gostar de cachaça, uma bebida que costuma ser alvo de preconceitos por parte de algumas pessoas.
“Quando alguém faz algum comentário maldoso ou depreciativo, eu geralmente conto um pouco mais sobre a história da cachaça, como ela é produzida, e a pessoa acaba ficando sem jeito e sem argumentos, tanto que, entre meus amigos, eu sou conhecida como a degustadora de cachaça”, explica Marlene. A experiência e a paixão com a bebida fizeram com que além da confeitaria e do artesanato, Marlene se encantasse também com a profissão de sommelier de cachaça, tanto que ela pretende conseguir em breve o certificado de cachacier.
“A cachaça é uma bebida bastante versátil e que carrega o DNA do nosso país, então as pessoas precisam conhecer mais sobre a história da bebida e as diversas marcas que existem por todo o Brasil que investem em qualidade e ingredientes selecionados”, finaliza a empreendedora.