O potencial de reservas do Brasil para fertilizantes como o potássio, por exemplo é de 1,1 bilhão de toneladas por ano, até 2089; confira outros destaques
Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgados pelo ‘Brasil em Mapas’ nas redes sociais mostraram o real potencial e a localização das reservas de fertilizantes que o país possui. O potencial do Brasil de reservas para fertilizantes, como o potássio, é de 1,1 bilhão de toneladas por ano até 2089. No entanto, as maiores reservas estão em Minas Gerais, São Paulo e Sergipe. Na última semana, a Câmara de Deputados aprovou o regime de urgência para votação de um Projeto de Lei que permite e mineração em terras indígenas na Amazônia, com o argumento de que o país poderia ficar sem fertilizantes em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Veja outros dados relevantes divulgados:
- Os mais usados na agricultura são os do grupo NPK: à base de nitrogênio, fósforo e potássio;
- O consumo médio anual de fertilizantes no Brasil é 40 milhões ton./ano;
- As maiores reservas no Brasil estão em áreas distantes das terras indígenas, fora do bioma Amazônia;
- O Brasil compra fertilizantes da Rússia, Bielorússia e Canadá – dependência de 86% de importação;
- O Canadá é o maior produtor de potássio do mundo (32%).
Como mostra a ANM, no entanto, as maiores reservas do Brasil estão em áreas distantes das terras indígenas, fora do bioma Amazônia. A única parlamentar mato-grossense que votou contra a urgência foi a deputada federal Rosa Neide (PT). Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgado pela BBC, as reservas conhecidas de potássio localizadas fora da Amazônia Legal seriam suficientes para garantir o abastecimento do Brasil até 2089.
Também mostra que a área total de reservas estimadas na Amazônia, apenas 11% estariam dentro de terras indígenas homologadas. A pesquisa, que está sendo finalizada, compilou informações da Agência Nacional de Mineração (ANM) sobre as reservas conhecidas de potássio do país. De acordo com esses dados, o Brasil tem reservas estimadas em 1,15 bilhão de toneladas de potássio potencialmente exploráveis. Desse total, 894 milhões de toneladas (77,8%) estão em áreas fora da Amazônia Legal.
Veja o mapa:
Fertilizantes para os próximos anos
Fosfato e potássio são dois dos principais insumos para a agricultura que, juntamente com o nitrogênio, constituem o fertilizante NPK. A demanda desses insumos vai aumentar na próxima década, em que a produção de alimentos no Brasil deve ter um incremento de 27%, de acordo com o Ministério da Agricultura. Mas o país já enxerga uma tendência de crescimento das commodities agrícolas, influenciado pela retomada da economia da China e por gastos dos governos com programas de recuperação após a crise causada pela Covid-19.
O cenário torna estratégicos os projetos de pesquisa voltados para os agrominerais. O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), atua para que o país se torne cada vez mais independente na produção dos insumos – hoje, segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados.
Governo descobre novos depósitos de potássio
A preocupação do governo com a dependência externa de fertilizantes não é de hoje. No ano passado, o Serviço Geológico do Brasil, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio (K).
Atualmente, o Brasil importa 96,5% do cloreto de potássio que utiliza para fertilização do solo. Também ostenta o título de maior importador mundial de potássio, com 10,45 milhões de toneladas adquiridas em 2019, de acordo com dados do Ministério da Economia.
Impacto para o setor agrícola
De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, caso esses depósitos já identificados entrem em produção, o impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil pode ser imediato. “A expectativa é que, ao reduzir a importação de fertilizantes, o insumo torne-se mais barato e acessível, eliminando custos de transporte e logística”, explicou.
Soberania nacional
Neste ano, o mercado do potássio entrou em alerta devido à crise política em Belarus, maior fornecedor mundial da commodity, levando à elevação de preços e preocupação com o fornecimento do insumo. “Uma das nossas linhas de atuação é fomentar o descobrimento de novas jazidas para commodities estratégicas como o fosfato e o potássio, por meio de diversos projetos de prospecção, principalmente diante da preocupação em atender à projeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de aumento de cerca de 27% da nossa produção de grãos na próxima década”, ressaltou o diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Esteves Pedro Colnago.