As fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul desde a semana passada já provocaram dezenas de mortes e afetaram 364 dos 497 municípios gaúchos.
Após uma série de chuvas intensas, o estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma grave situação de emergência, marcada por vastas inundações e uma tragédia humana considerável. Vistas do céu, essas áreas apresentam-se como extensos campos de lama e água.
O mais recente relatório do governo estadual, divulgado na noite de terça-feira, 7 de maio, registra que a catástrofe resultou em pelo menos 95 fatalidades. Além disso, aproximadamente 159 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, e 401 dos 497 municípios do estado foram impactados.
O transbordamento de rios importantes é claramente visível em imagens de satélite, evidenciando como as águas ultrapassaram seus leitos naturais.
Um exemplo claro da devastação pode ser visto em Canoas, parte da região metropolitana de Porto Alegre, onde quase 350 mil residentes viram suas comunidades submersas. Em comparação de imagens de satélite, uma tomada antes do início das chuvas, no dia 20 de abril, contrasta drasticamente com outra de 6 de maio, mostrando a severidade das enchentes.
Essas imagens também oferecem uma nova perspectiva sobre a área da Grande Porto Alegre, destacando as zonas afetadas. Nas fotos, a vegetação é ilustrada em tons de verde, enquanto as áreas urbanas aparecem em branco, cinza ou roxo. Já as regiões alagadas são marcadas em tons de azul escuro e preto, delineando o alcance e a gravidade da inundação.
As águas invadiram vastas áreas da região, conforme mostram imagens de satélite recentes:
Observa-se uma situação semelhante em Charqueadas, um município com cerca de 41 mil habitantes localizado a oeste de Porto Alegre, às margens do rio Jacuí, que desemboca no lago Guaíba.
A qualidade das imagens de satélite melhorou significativamente a partir da segunda-feira, 6 de maio. Antes desta data, a densa cobertura de nuvens sobre grande parte do Rio Grande do Sul impedia a captura de imagens aéreas claras, essenciais para avaliar a magnitude dos danos.
Cruzeiro do Sul, uma cidade situada ao lado do rio Taquari, que flui para o Jacuí, também é mostrada nas imagens. Este município, que faz fronteira com Lajeado e tem aproximadamente 12 mil habitantes, registrou o maior número de mortes no estado — oito, conforme o relatório divulgado às 18h de terça-feira, 7 de maio.
As fotografias de satélite revelam a severidade das inundações, ilustrando como as águas do rio se espalharam por áreas residenciais, inundando casas e edifícios. As imagens capturadas também destacam o mar de lama que se formou nos bairros afetados.
Antes:
Depois:
Qual a causa das recentes chuvas intensas no Rio Grande do Sul?
Especialistas em meteorologia consultados pela BBC News Brasil elucidaram que as fortes chuvas observadas no estado são resultado de uma interação de três fatores-chave:
- Um cavado atmosférico, que é uma corrente de vento intensa, está ativo na região e contribui para a criação de condições atmosféricas muito instáveis;
- Um fluxo de umidade oriundo da Amazônia, que intensifica as chuvas na área;
- Uma onda de calor que prevalece na região central do Brasil.
Dayse Moraes, meteorologista do Inmet, detalha: “A massa de ar quente que se situa sobre o centro do país está obstruindo o movimento de uma frente fria na região Sul. Isso impede que ela se disperse para outras áreas. Essa combinação de elementos é responsável por manter a instabilidade concentrada sobre o Rio Grande do Sul, provocando chuvas fortes e persistentes.”
Adicionalmente, o período que vai do final de abril ao início de maio de 2024 está sob a influência do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Pacífico e aumenta a instabilidade atmosférica sobre o estado do Rio Grande do Sul.
Especialistas consideram essa simultaneidade de fatores como uma ocorrência rara.
A situação no Sul está diretamente ligada a uma onda de calor que afeta o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, com temperaturas aproximadamente 5°C acima do normal para esta época do ano.
Rafael de Ávila Rodrigues, professor e climatologista da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), observa: “À medida que as mudanças climáticas globais se acentuam, eventos climáticos extremos se tornarão mais comuns e recorrentes.”
Confira 20 fotos impactantes da tragédia:
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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