Os fertilizantes são vitais para o futuro da produção de alimentos, sendo que o Brasil importa mais de 85% de todo o volume utilizado atualmente; Veja de onde vem!
Entre as várias consequências econômicas da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o impacto sobre os fertilizantes preocupa os agricultores brasileiros, dependentes do insumo trazido de outros países. Embora a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tenha dito que não há motivo para pânico, os resultados esperados são alta de preços e risco até de desabastecimento. Veja de onde o Brasil mais compra fertilizante!
Um insumo vital para a agricultura brasileira, mais de 85% dos fertilizantes agrícolas utilizados no Brasil são importados e, dentro desse grupo, 23% tem como origem a Rússia. Vamos mostrar aqui, um levantamento realizado, mostrando o ranking dos dez maiores países de onde o Brasil importa fertilizantes.
O ranking, desenvolvido pela nossa equipe, com base nos dados da CamexStat, tiveram como base os dados de 2021. Lembrando que esse ranking foi desenvolvido utilizando o valor FOB, em dólar das compras efetivadas.
O Brasil é o maior importador de fertilizantes no mundo. Cerca de 85% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira vêm do exterior, de acordo com balanço da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). A maior parte, da Rússia, que é o maior exportador mundial de NPK — fertilizantes nitrogenados (N), fosfatados (P) e os de potássio (K). O país europeu tem participação na ordem de 16% de todo o NPK consumido no mundo.
Para ter uma ideia, em 2021, o Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de adubos ou fertilizantes químicos, um investimento de US$ 15,1 bilhões. Desse total, 23,3% vieram da Rússia, pelos dados do Comex Stat, do Ministério da Economia.
Dessa forma, a Rússia é a maior exportadora de gás natural do mundo, tendo também a infraestrutura necessária para a produção dos elementos utilizados na produção de fertilizantes. Não seria diferente, o país é líder no ranking e faturou, em 2021, cerca de US$ 2,2 bilhões de dólares com as exportações de fertilizantes para o Brasil. Por esse fator, a Guerra traz grande insegurança para o agronegócio brasileiro.
O segundo colocado, o Canadá, respondeu por US$ 1,1 bilhão do total gasto com as importações de fertilizantes do agro brasileiro, o país é um grande produtor de Potássio. O Brasil estreitou relações para que o país aumente os volumes enviados, porém, é preciso ressaltar que mesmo essa novidade, é impossível que o mundo consiga ser independente da Rússia nestes insumos.
Os fertilizantes químicos mais utilizados são fabricados com nitrogênio, fósforo e potássio, elementos extraídos do gás natural, o qual apesar de existente em abundância no Brasil, não possui infraestrutura para o escoamento.
Com o conflito atual envolvendo a Rússia, é de se esperar que hajam problemas nas exportações e o Brasil tenha dificuldades para abastecer o mercado interno de fertilizantes, causando aumento nos custos de produção e levando alimentos mais caros para o consumidor final.
Por que a Petrobras não produz mais fertilizantes no Brasil, passando a ser dependente da importação da Rússia?
Parece difícil de entender como uma potência mundial em agricultura necessita de importação de fertilizantes. Mas resposta é simples e direta: falta de infraestrutura e de políticas públicas.
A Petrobras chegou a ser dona de pelo menos 4 fábricas de fertilizantes, sendo que três desses empreendimentos – localizados em Camaçari (BA), Laranjeira (SE) e Três Lagoas-MS – foram vendidas nos últimos anos.
A última, chamada Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), foi repassada grupo empresarial Acron, da Rússia. Estava à venda desde 2017, ano em que a Petrobras bateu o martelo sobre não querer mais produzir fertilizantes e numa tentativa de repor as perdas financeiras da unidade que este ano já acumulam RS 3,8 bilhões.
Esse, portanto, se tornava o último passo do processo de abandono do mercado de produção de fertilizantes estabelecido após o presidente Michel Temer (MDB) chegar ao comando do Palácio do Planalto. Um plano de negócios da Petrobras, criado após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
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O Brasil também não tem um sistema de dutos capaz de escoar o gás utilizado para a produção de fertilizantes nitrogenados. São apenas 40 mil quilômetros de canos, o que também é criticado por outros setores.
Quando as fábricas de fertilizantes pertencentes à Petrobras estavam ativas, o Brasil consumia cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes frutos da importação. Em 2020, esse consumo cresceu para 40 milhões de toneladas e de lá pra cá a dependência só aumentou.