Da floresta no Brasil ao porto da Índia: como a WoodFlow supera os desafios logísticos para conquistar o mercado indiano com a Teca brasileira, responsável por comprar 67% do volume exportado do produto no primeiro semestre de 2024
O Brasil se consolidou como um dos maiores produtores de teca no cenário internacional, impulsionado pela vasta área de florestas plantadas, manejadas com rigor para assegurar a sustentabilidade, e pela qualidade superior da madeira. Esse reconhecimento é particularmente significativo no mercado indiano, onde a teca brasileira encontrou um nicho promissor. A Índia, o maior comprador global da teca brasileira, tem se destacado como um destino estratégico para essa madeira.
Para explorar o caminho da teca brasileira até a Índia, os desafios logísticos enfrentados e as oportunidades que o mercado indiano apresenta, o nosso Diretor de Conteúdo Thiago Pereira, do Compre Rural, conversou com exclusividade com Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow.
No primeiro semestre de 2024, segundo dados do ComexStat, o Brasil exportou cerca de 142 mil metros cúbicos de madeira de teca, uma quantidade impressionante que mostra a força do país nesse mercado. Deste total, 67% foi destinado à Índia, o que reforça a importância desse país como principal comprador da teca brasileira.
A Índia valoriza a teca pela sua qualidade e durabilidade, utilizando-a em móveis, construções e outros produtos de alta demanda. “A Índia é um mercado estratégico para a Teca brasileira devido à sua grande demanda por madeira de alta qualidade para construção, mobiliário e outros usos”, apontou MIlazzo.
Isso faz com que o Brasil, com suas vastas áreas de florestas plantadas, desempenhe um papel crucial em atender essa necessidade crescente, consolidando-se como um dos maiores fornecedores globais dessa madeira tão apreciada.
Confira abaixo a entrevista completa com Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow, onde vamos entender melhor sobre o caminho da madeira de Teca brasileira até a Índia
Compre Rural (CR): Gustavo, muito obrigado por nos conceder essa entrevista. Para começar, gostaria que você nos desse um panorama geral sobre a produção de Teca no Brasil e a importância desse produto no mercado internacional.
Gustavo Milazzo (GM): Obrigado pela oportunidade, Thiago. O Brasil tem a maior área plantada de Teca da América Latina. Os principais estados produtores são o Mato Grosso (que tem o maior plantio), Pará, Rondônia, Acre, Goiás e Minas Gerais.
A produção de Teca no Brasil vem crescendo significativamente com o país se consolidando como um dos principais fornecedores desse tipo de madeira no mercado internacional. A Teca é altamente valorizada por sua resistência, durabilidade e beleza estética, tornando-a ideal para diversas aplicações, desde móveis de luxo até construção naval. No mercado global, a Teca representa um nicho especial que combina qualidade com sustentabilidade, e o Brasil, com sua vasta área de florestas plantadas no Mato Grosso, tem a capacidade de atender a essa demanda crescente.
CR: Segundo dados do ComexStat, o Brasil exportou cerca de 142 mil metros cúbicos de madeira de Teca no primeiro semestre de 2024, e 67% desse volume teve como destino a Índia. O que faz a Índia ser um mercado tão relevante para a Teca brasileira?
GM: A Índia lidera por ampla margem a demanda por Teca globalmente, é o maior consumidor de madeira Teca do mundo. Consequentemente, a Índia é um mercado estratégico para a Teca brasileira devido à sua grande demanda por madeira de alta qualidade para construção, mobiliário e outros usos. A Índia possui uma longa tradição na utilização da Teca, e o país enfrenta um déficit significativo na produção interna, o que torna as importações essenciais. Além disso, a Índia é um importante centro de produção de móveis e outros produtos de madeira, o que impulsiona ainda mais a demanda por Teca de qualidade.
CR: A maior parte dessa madeira é produzida no estado do Mato Grosso. Pode nos explicar como é o processo de colheita e preparo da Teca para exportação?
GM: A produção de Teca no Mato Grosso se concentra em florestas plantadas, com manejo rigoroso para garantir a sustentabilidade da exploração. Após o corte, a madeira é preparada para a venda em basicamente três formatos: toras, blocos e tábuas. Após um processo de classificação e preparação do material conforme o produto final, iniciamos a logística para exportação
CR: O transporte multimodal é fundamental para driblar os altos custos de frete no Brasil. Como funciona essa logística envolvendo caminhão, trem e navio?
GM: Para otimizar a logística e reduzir custos, a WoodFlow implementa estratégias multimodais. Utilizamos caminhões para transportar a Teca das florestas até os terminais ferroviários, principalmente o terminal Brado, em Rondonópolis (MT). De lá, os trens levam a carga até o porto de Santos, onde é transferida para navios. Essa abordagem não só reduz custos, mas também melhora a eficiência e a sustentabilidade do transporte. Essa combinação de diferentes modais de transporte permite reduzir custos e garantir a entrega da madeira em tempo hábil.
CR: O Brasil enfrenta desafios em relação ao custo do frete, especialmente devido à distância entre as florestas e os portos. Quais são as principais estratégias adotadas pela WoodFlow para otimizar esses custos e manter a competitividade no mercado global?
GM: Para enfrentar os altos custos de frete, focamos em estratégias como a otimização das rotas de transporte e a negociação de contratos de frete em longo prazo, o que nos garante melhores tarifas. Além disso, investimos em tecnologia para monitoramento e gestão da logística, buscando sempre melhorar nossos processos e reduzir desperdícios.
Planejamento logístico é fundamental e garante o resultado final da operação.
CR: Além do custo, que outros desafios logísticos a empresa enfrenta ao exportar madeira de Teca para a Índia?
GM: Além do custo, enfrentamos desafios relacionados à infraestrutura portuária e à burocracia alfandegária e também atender a necessidade de cumprir os protocolos fitossanitários é extremamente desafiador. Buscamos trabalhar constantemente com parceiros logísticos para mitigar atrasos e garantir que nossa Teca chegue ao destino dentro do prazo e nas melhores condições. Para garantir que as coisas andem bem, contamos com uma equipe especializada em logística internacional, com expertise em todos os aspectos da exportação de madeira.
CR: A Teca é uma madeira valorizada mundialmente pela sua qualidade, mas também pela sustentabilidade na produção. Como a WoodFlow garante práticas sustentáveis em suas operações?
GM: A WoodFlow está comprometida com práticas sustentáveis em suas operações. Para garantir que nossos clientes tenham a certificação da sustentabilidade da cadeia ponta-a-ponta, a possímos certificações internacionais que garantem a procedência legal da madeira, o manejo florestal sustentável e a rastreabilidade da cadeia de produção. A sustentabilidade é um pilar essencial nas operações da WoodFlow.
CR: Quais são as perspectivas para o futuro das exportações de Teca brasileira, considerando o cenário econômico atual e as tendências de mercado?
GM: Com relação ao futuro, estamos otimistas. O mercado global tem mostrado uma tendência crescente na demanda por produtos sustentáveis e de alta qualidade. O Brasil, graças à sua capacidade produtiva e às práticas sustentáveis, está em uma posição única para expandir suas exportações de Teca.
Acredito que superado os desafios logísticos internos, as perspectivas para o futuro das exportações de Teca brasileira são positivas, impulsionadas pelo crescimento da demanda global por madeira de qualidade e sustentável. A WoodFlow está preparada para atender a essa demanda, investindo em tecnologia, otimização logística e desenvolvimento de novos mercados.
CR: Gustavo, para encerrar, gostaria que você compartilhasse sua visão sobre o futuro da Teca brasileira no mercado internacional e o papel da WoodFlow nesse contexto.
GM: Como comentei, o mundo está buscando mais e mais opções para madeiras de origem controlada e produzidas com foco em sustentabilidade. A tendência é de demanda crescente por madeira de origem sustentável. Além da madeira em si, temos também um possível mercado com a capacidade de geração de créditos de carbono, mesmo ainda sem uma clareza de que tipo de projetos poderão entrar e qual o valor do crédito para cada um deles. Existem também novas práticas sustentáveis para plantação de Teca com os plantios consorciados, como IPF (Integração Pecuária e Floresta) ou ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta) .
O Brasil tem tudo para continuar na liderança de plantação e produção da Teca e manter seu destaque no comércio internacional, finalizou otimista o CEO da WoodFlow
A entrevista com Gustavo Milazzo, destaca a importância da Teca brasileira no mercado internacional, especialmente na Índia, e os desafios e oportunidades enfrentados pela WoodFlow na exportação dessa madeira. A sustentabilidade, a inovação logística e o planejamento estratégico são pilares fundamentais para o sucesso da empresa e do setor.
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