Identificar as três principais doenças da soja, conhecer os patógenos responsáveis e entender seus modos de disseminação são passos essenciais para assegurar a produtividade e a lucratividade das plantações.
O Brasil é o líder mundial na produção de soja, alcançando uma média anual de 130 milhões de toneladas do grão. Para manter essa posição de destaque, é fundamental que as lavouras de soja sejam cultivadas com altíssima qualidade. Um aspecto crucial nesse processo é o manejo adequado das doenças que afetam a cultura da soja. Identificar as três principais doenças da soja, conhecer os patógenos responsáveis e entender seus modos de disseminação são passos essenciais para assegurar a produtividade e a lucratividade das plantações.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existem aproximadamente 40 doenças que afetam a soja no Brasil. Neste artigo da Compre Rural, vamos falar sobre as três doenças que se destacam por causar os maiores prejuízos: ferrugem asiática, mancha-alvo e crestamento bacteriano.
Ferrugem asiática: a maior ameaça
A ferrugem asiática, provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, pode resultar em perdas de até 90% das plantações de soja, conforme informações da Embrapa.
Segundo o Consórcio Antiferrugem, essa é a doença mais grave que afeta a soja no Brasil, demandando cerca de US$ 2,8 bilhões por safra para seu controle.
A contaminação por ferrugem ocorre principalmente devido à alta umidade e ao molhamento foliar, situações comuns durante períodos de chuva. Além disso, outros fatores que contribuem para a disseminação da doença incluem temperaturas entre 18 °C e 26,5 °C, o cultivo contínuo de soja e a presença de plantas tigueras na entressafra.
Como combater
Para enfrentar a ferrugem, a Embrapa recomenda algumas estratégias eficazes: utilizar fungicidas registrados que tenham dupla ação, optar pelo plantio de variedades resistentes, iniciar a semeadura no começo da safra e respeitar o período de vazio sanitário.
Monitore suas plantações regularmente usando uma lupa para observar a parte inferior das folhas e detectar as urédias. Aplique fungicidas, como a morfolina, de forma preventiva ou ao surgirem os primeiros sintomas, lembrando que a eficiência de fungicidas à base de carboxamidas, triazóis e estrobilurinas isoladas pode ser reduzida. Para minimizar os riscos de perda de eficiência, utilize fungicidas com diferentes modos de ação e evite a aplicação excessiva.
Siga um calendário adequado de semeadura e mantenha um período de vazio sanitário, deixando a área sem plantas de soja por 60 a 90 dias para reduzir a sobrevivência do fungo. Realizar a semeadura no início do período recomendado ajuda a diminuir a necessidade de fungicidas, devido à menor presença de esporos da doença. Além disso, utilizar variedades precoces de soja pode reduzir o tempo de exposição das plantas no campo, diminuindo a probabilidade de infecção.
Conheça também outras doenças da soja que podem afetar sua lavoura e as melhores práticas para controlá-las:
Mancha-alvo
Ao longo do tempo, os fungos responsáveis pela mancha-alvo desenvolveram resistência à maioria dos fungicidas disponíveis no mercado. Como resultado, nas últimas safras, agricultores em todo o Brasil observaram um aumento na incidência dessa doença.
Causada pelo fungo Corynespora cassiicola, a mancha-alvo prospera em restos de culturas durante a entressafra e em regiões de alta temperatura e umidade, como as áreas do cerrado e do norte do Brasil.
De acordo com a Embrapa, a falta de controle dessa doença pode levar a perdas de até 40% na produtividade das lavouras.
A mancha-alvo pode atacar a plantação em qualquer fase do cultivo e afetar qualquer parte da planta. Contudo, é facilmente identificável por manchas circulares com pontos pretos no centro que aparecem nas plantas.
Como combater
Para combater a mancha-alvo, é recomendável adotar as seguintes práticas:
- Utilização de cultivares resistentes
- Tratamento de sementes
- Rotação ou sucessão de culturas
- Aplicação de fungicidas
Além disso, é importante observar que já foram identificadas populações do fungo Corynespora cassiicola resistentes a fungicidas MBC (metil benzimidazol carbamato).
Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura da semente
O crestamento bacteriano na soja é causado pelo microrganismo Pseudomonas savastanoi. Os sintomas podem surgir em toda a parte aérea da planta, incluindo folhas, hastes, pecíolos e vagens, sendo frequentemente observados primeiramente nas folhas jovens.
Diferente de outras doenças foliares, como a ferrugem asiática, os sintomas do crestamento bacteriano são mais evidentes nas partes média e superior da planta.
Nas folhas, as lesões iniciam-se como pequenas manchas encharcadas e translúcidas, circundadas por um halo amarelo. A largura desse halo depende da temperatura ambiente.
Em altas temperaturas, o halo amarelo ao redor das lesões pode ser estreito ou quase ausente. Em temperaturas mais amenas, o halo é maior e mais evidente. Com a progressão da doença, as lesões aumentam de tamanho, levando ao desprendimento do tecido foliar morto, o que confere às folhas uma aparência rasgada. Plantas jovens, quando severamente afetadas por essa bacteriose, podem apresentar enrugamento das folhas, semelhante ao sintoma de virose.
Um diagnóstico preciso da doença é essencial para implementar um plano de manejo eficaz.
Como combater
Aqui estão algumas medidas preventivas para o crestamento bacteriano na soja:
- Utilização de cultivares resistentes
- Uso de sementes com alta qualidade fitossanitária
- Incorporação dos restos culturais
- Rotação de culturas
- Manejo de plantas daninhas que podem hospedar a bactéria
O controle químico dessa bacteriose é limitado devido à escassez de produtos registrados para a doença. Atualmente, estão disponíveis dois produtos: oxicloreto de cobre e óxido cuproso.
No entanto, é importante notar que, quando a doença está em estágio avançado, a eficácia desses produtos é mínima ou inexistente.
Outro ponto crucial é evitar o plantio contínuo dos mesmos genótipos de soja resistentes à doença, pois essa prática aumenta a pressão de seleção e favorece a proliferação de bactérias naturalmente resistentes. Isso resulta na adaptação dos microrganismos às novas condições ambientais.
Concluindo, ao implementar essas estratégias de manejo integrado, você estará bem preparado para enfrentar essas doenças e garantir a saúde e a produtividade de suas plantações de soja. A chave é a prevenção, monitoramento constante e o uso criterioso de produtos fitossanitários, sempre buscando práticas agrícolas sustentáveis e eficazes.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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