Secretaria de Agricultura local estendeu proibição para realização de vaquejada a todas as competições que envolvam perseguição, laceio ou derrubada de animais; quatro eventos da raça quarto de milha já foram suspensas
Mesmo com a emenda constitucional que definiu em 2017 a vaquejada e outras provas equestres como patrimônio cultural do Brasil, criadores e competidores vêm enfrentando problemas no Distrito Federal para realizar as competições.
Em janeiro, uma decisão judicial da vara de Meio Ambiente proibiu a realização de vaquejada na região. A Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri) estendeu a proibição para todas as competições com cavalos que envolvam perseguição, laceio ou derrubada de animais.
A medida traz dificuldades a associações de criadores, realizadores e participantes de eventos. Desde janeiro, um parque da cidade já cancelou quatro eventos do cavalo quarto de milha, o que trouxe um prejuízo de ao menos R$ 400 mil à associação de criadores da raça.
Na época da decisão, o juiz da vara de Direito Ambiental do Distrito Federal, Carlos Frederico Maroja, comentou que o objetivo da ação era especificamente a vaquejada. “Para se decidir sobre rodeio, eu precisaria ver a dinâmica do rodeio, imagino que seja diferente. O que eu enfoquei foi a vaquejada”, disse.
A proibição tem trazido indignação ao setor, pois há provas importantes no calendário equestre da região. “Brasília tem agendado para 2018 o evento nacional do mangalarga e o evento nacional do quarto de milha. A gente tem toda uma atividade que está sendo comprometida por uma decisão de quem não tem conhecimento e causa prejuízo para grupos muito fortes e para a maioria que pratica o esporte aqui no Distrito Federal”, diz o presidente do Núcleo de Criadores do Cavalo Quarto de Milha, Eugênio de Menezes Farias.
Segundo ele, a atividade é completamente legal e todos os animais, tanto bovinos quanto equinos, são bem tratados.
Duas associações já entraram com processo contra a proibição, mas até agora não conseguiram autorização para realizar as provas. A decepção é grande para os apaixonados por esportes equestres. O competidor de provas de laço Daniel Neto, por exemplo, viajou 300 km até Brasília para uma prova que não aconteceu.
“A gente traz cavalo, vem com trailer, para tentar pontuar. É bem complicado, porque ficamos no prejuízo”, diz.
Para a diretora da Associação do Ranch Sorting do Planalto, Paula Fantato Borges, que também é competidora e criadora de cavalos, a proibição das provas é uma ameaça à cultura esportiva e à renda de trabalhadores.
“No Brasil inteiro estão ocorrendo provas da mesma natureza, autorizadas e dentro da legalidade, nos mesmo moldes em que nós praticamos aqui”, afirma o presidente do núcleo de quarto de milha.
Ele acredita que a proibição da realização de provas no Distrito Federal deverá cair, mas preocupa-se com a suspensão das atividades nesse meio-tempo. “Isso vai comprometer o nosso calendário de 2018”, diz Farias.
A Procuradoria-Geral do Distrito Federal entrou com um recurso questionando o juiz de Direito Ambiental sobre a sua decisão, e agora aguarda o posicionamento. A Secretaria de Agricultura foi procurada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos.
Fonte: Canal Rural