Seria interessante moderar estes catastrofismos climáticos que estão provocando uma ansiedade climática, psicologicamente prejudicial à população, principalmente entre os jovens
Arno Schneider* – Na Conferência do Clima realizada na Escócia, o Brasil se comprometeu em reduzir 30% das emissões antropogênicas de metano até 2030. As emissões brasileiras de metano provêm principalmente da indústria petrolífera, do cultivo do arroz irrigado e da pecuária bovina.
Vamos cumprir na pecuária os compromissos assumidos na COP 26?
O metano é um gás 23 vezes mais potente que o CO2 como gás de efeito estufa (GEE). Tem, no entanto, uma grande vantagem em relação aos outros poluentes climáticos. Sua duração na atmosfera é de apenas de 10 a 12 anos, que representa muito pouco num comparativo com o CO2, que dura centenas de anos.
Por exemplo, o CO2 emitido pela queima de combustível fóssil de todos os automóveis e caminhões produzidos desde o início do século passado ainda se encontra na atmosfera, enquanto o metano, em 10 anos retorna à sua molécula original, o que reduz em 23 vezes a sua ação como GEE.
Abaixo, passaremos a analisar as tecnologias disponíveis na produção pecuária e que promovem redução ou sequestro das emissões. Recente pesquisa da Embrapa concluiu que pastagens reformadas, produtivas e bem manejadas possuem um saldo positivo na relação sequestro/emissão de GEE.
Um bovino não pode emitir mais carbono do que aquele consumido via pastagem. As pastagens quanto mais produtivas, armazenam mais carbono nas partes não comestíveis pelos bovinos e que permanecem como reserva nas raízes e colmos.
Outro redutor são os produtos químicos chamados de ionóforos, já com uso generalizado na pecuária, que reduzem em 15% as emissões de metano, pela modificação da flora ruminal.
Recentes pesquisas da Embrapa sobre a integração de culturas também resultaram em saldos positivos. A integração pecuária/floresta ou Sistema Silvi Pastoril (SSP) em que se explora na mesma área espécies florestais com pastagens, resultou em ganhos positivos em relação ao sequestro de GEE.
Um bovino só emite metano enquanto está vivo. Quanto menor a idade do abate, menor será o tempo da emissão. O uso cada vez maior de confinamentos e outras tecnologias está reduzindo a idade do abate, com reflexos diretos na redução das emissões.
Agora, a bomba, recém-saída do forno. A indústria química Royal DSM, está produzindo um suplemento batizado comercialmente de Bovaer que comprovadamente reduz em 90% as emissões de metano. Será uma revolução da pecuária em relação às emissões de metano.
Somente com essas tecnologias, já teremos saldos positivos, bem acima dos 30% comprometidos na COP 26. O produto foi desenvolvido durante mais de 10 anos, com testes em 45 fazendas, em 13 países, nos 4 continentes, que resultou em 48 publicações em revistas científicas.
Não há dúvidas sobre a eficiência e segurança animal e ambiental do produto. Durante a COP 26 foi assinado um acordo entre a Royal DSM e a JBS com objetivo de por em prática o uso do Bovaer.
Novamente, e assim será sempre, o avanço da ciência produzirá conhecimento para implementar novas tecnologias que acabarão resolvendo os problemas da humanidade, inclusive este, ligado diretamente ao aquecimento global.
Seria interessante moderar estes catastrofismos climáticos, emitidos pelo Painel do Clima em mídia em geral, que estão provocando uma ansiedade climática, psicologicamente prejudicial à população, principalmente entre os jovens.
Arno Schneider, engenheiro agrônomo e pecuarista da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT)