No cenário, atualmente, não há motivos para alta de preço no mercado; O lockdown na área chinesa de Xangai, alto custo de produção e mercado interno fraco!
A pecuária de corte vive um momento de “cautela” em todos os elos da sua cadeia de produção, isso é um fato. Agora, com a chegada do momento de “virada” no ciclo e entrada do período de definição de “confinar ou não confinar”, traz ainda mais alerta para os pecuaristas, de forma geral. Vamos tentar traçar alguns cenários, para que o pecuarista possa se balizar e definir a sua melhor estratégia!
Antes de mais nada, precisamos pontuar e recordar o impacto da China, no mercado do boi gordo. A suspensão das compras de carne bovina do Brasil pela China, entre setembro e dezembro, teve um impacto pesado nos frigoríficos, mas o retorno das exportações também não trouxe o alívio esperado para os produtores. Alguns frigoríficos continuam sendo bloqueados por causa da Covid-19, o que fez o preço da arroba do boi despencar em polos de produção.
As suspensões que estavam previstas para durar uma semana, mas depois passou a ser por tempo indeterminado. Ela teria sido ocasionada pela detecção de material genético do novo coronavírus em lotes enviados para a China.
É o caso de municípios na confluência entre Mato Grosso, Goiás e Tocantins. Em Mozarlândia (GO), por exemplo, a arroba do boi gordo despencou cerca de R$ 40 após a suspensão de um frigorífico da JBS e agora está sendo cotada a R$ 280 em média. O frigorífico local é um dos maiores do país, com capacidade para abate de 80 animais por hora.
Fatores e expectativas para o preço da arroba
O mercado do boi gordo abriu o mês de maio com preços mais firmes, segundo os analistas de mercado. Entretanto, não há como descartar o lockdown na China e a situação do mercado interno seguem no radar.
A arroba do boi gordo deve continuar firme pelo restante do ano, com piso de R$ 330 e teto de R$ 340, na avaliação do superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Antonio Josahkian. Mas e você, o que pensa sobre esse cenário?
“Houve uma valorização muito grande no ano passado, e que está beneficiando o setor até hoje. Mas não há mais espaço para ter a mesma taxa de crescimento como a que ocorreu em 2021”, disse ele, durante a 87ª Expozebu, em Uberaba (MG).
Ele ponderou que a manutenção desse patamar para a arroba está e deve continuar beneficiando toda a cadeia da bovinocultura. Ainda segundo o consultor, “vale lembrar que, apesar de a nossa produção ser, em grande parte, destinada ao mercado interno, os preços são caracterizados também pelas exportações. Mas não tem espaço para um arroba em R$ 380,00@ ou R$ 500,00/@”, ressalta.
“Os preços estão mais firmes principalmente para os animais com o ‘padrão China’. Na semana passada, após tentativas de compra na casa dos R$ 320 por arroba, os frigoríficos não conseguiram realizar um grande volume de compras e os preços retornaram para R$ 330 a arroba, onde as negociações passaram a acontecer de forma mais efetiva”, destaca o analista da Safras Fernando Iglesias.
Ainda segundo o analista, o lockdown na área chinesa de Xangai preocupa o setor, pois já há relatos de dificuldades na obtenção de contêineres frigoríficos.
Falando no curto prazo e a nível interno, a expectativa para o início deste mês é positiva. “Esperemos uma primeira quinzena de maio com bom consumo para a carne bovina, onde o Dia das Mães ajuda a melhorar a reposição entre atacado e varejo e isso é importante para firmar os preços internos, onde o potencial de queda na arroba fica menor”, complementa.
Alerta para o pecuarista
Uma prática comum, que é observado neste fase do ano, é o aumento na oferta de preços na compra dos lotes, estimulando os pecuaristas a investir no confinamento, com o “sonho” de uma alta no mercado. Lembramos que é preciso buscar sempre um planejamento estratégico e, quando possível, utilizar mecanismos de trava no mercado futuro, visando garantir o lucro da operação.
Uma indicação que demos no último ano e que trouxe grande lucro aos que utilizaram a estratégia, é travar os contratos de cerca de 70 a 80% dos animais confinados, deixando o restante para ser negociado no mercado SPOT.
Segundo as novas estimativas, temos uma perspectiva de que uma safrinha de milho maior provocará uma leve melhora nos custos com ração, o que tende a favorecer o confinamento e a terminação da engorda de bovinos no cocho.
“(Uma safrinha maior) Deve beneficiar o setor. A segunda safra acaba sendo um fator decisivo. Esperamos que o confinamento cresça em relação a 2021”, afirmou.
Josahkian comentou também que a oferta de bois deve atender ao mercado, mas nada além disso. “Não há nada indicando que vai ter crescimento no número de animais disponíveis para abate, mas com certeza também não haverá queda na oferta. Exceto se houver problemas imprevistos”, diz.
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O Mercado Futuro
Acompanhando a “indecisão” do mercado externo e a demanda interna ainda enfraquecida, o mercado futuro do Boi Gordo, segue a tendência projetada pela nossa equipe e os consultores de mercado, lembrando que o mercado tende a flutuar de forma mais acentuada após o fechamento do primeiro giro do confinamento.
No fechamento dessa terça-feira, 03, os contratos de maio fecharam com uma variação positiva e apregoado a R$ 324,45/@. Já os contratos de agosto estão valendo 329,00/@, seguido por setembro valendo R$ 331,00/@. O mercado em Outubro, mês que tem como histórico um menor volume exportado e maior demanda interna, segue com valores de R$ 335,00/@, ou seja, dentro da média supracitada para os preços ao longo de 2022.