Vale a pena confinar em 2020?

A pergunta que sempre tentamos responder nesse período é: “Vale a pena confinar esse ano?”; Pandemia, demanda chinesa e alta no preço dos insumos, e agora?

A pecuária de corte do Brasil registrou 5,26 milhões de bovinos confinados em 2019. O dado é do Censo de Confinamento DSM 2019 e traz um crescimento no setor. O número de 2019 mostra um crescimento de 2% sobre o registrado em 2018, que foi de 5,18 milhões de bovinos, e 10,7% superior ao rebanho confinado em 2015, quando a DSM começou a fazer esse levantamento e contabilizou um total de 4,75 milhões de animais confinados, e 40,3% ao de 2016, quando foi registrado o menor volume. A pergunta agora é: Vale a pena confinar em 2020?

Diante disso, e da pandemia que o mundo tem passado em 2020, temos mudanças no cenário global em relação ao crescimento do PIB e demanda por alimentos. O pecuarista agora precisa estar atento ao planejamento para poder fechar as contas e decidir entre, confinar os animais ou não confinar. Sendo assim, “o confinamento em 2020 vai dar prejuízo?”, DEPENDE! Veja abaixo.

Considerações sobre a pecuária em 2020

Em 2019 tivemos uma acelerada, para não dizer explosiva, alta no preço da arroba que em novembro chegou ao recorde de R$ 250/@, segundo informado no app da Agrobrazil. De lá até agora, a arroba parece ter encontrado um ponto de equilíbrio, pelo menos para o produtor, em R$ 200/@, já para os frigoríficos a pressão continua baixista, sempre!

Sendo assim, tivemos um cenário inesperado com o COVID-19, mas no que diz respeito ao consumo de carne, podemos comparar com o ano de 2017 que todos lembram, e por isso devemos tomar cuidado com as notícias. Mas vamos analisar alguns pontos:

Retenção de fêmeas

O ano deve ser de retenção de fêmeas, mesmo com a turbulência. O cenário de valorização da reposição e a perspectiva de resolução da epidemia no Brasil, de um jeito ou de outro, mantém tal expectativa.

Exportações

China voltou às compras e os frigoríficos que vendem para lá estão pagando valores muito superiores aos do gado destinado ao mercado interno, que sente a situação de quarentena. Sendo mais um ponto positivo para quem vai confinar, principalmente animais jovens até 30 meses para abate.

Com isto, 2020 deve ser mais um ano com demanda forte por novilhas e bois com até 30 meses, que atendem os requisitos do destino.

O patamar do dólar, acima de R$ 5,00, ajuda os embarques, mesmo com muitos importadores com compras mínimas, também devido a questões relacionadas à pandemia (demanda, ou mesmo logística). De toda forma, tivemos recorde no volume do primeiro trimestre.

Demanda doméstica

Este é o fator com maior potencial de impactar a precificação do boi gordo. O cenário de evolução do coronavírus no Brasil, com as medidas de contenção decorrentes, com redução súbita da atividade econômica, aumenta o desemprego, diminui drasticamente renda de informais e dinheiro circulante, consequentemente, o consumo.

Este é o ponto a ser acompanhado de perto. O ponto positivo para os preços, se é que podemos chamar assim, é que o mercado futuro precificando isso, com cotações do boi gordo de outubro em queda forte, desanima a produção da oferta que sairia naquele período (confinamento).

Em outras palavras, é a projeção de uma variável dependente (preço), influenciando a variável independente (se é influenciada não é independente, mas nesta regressão hipotética tem esta função). Resumindo, preços futuros diminuindo a atratividade do confinamento tendem a ser positivos para os preços no segundo semestre, provavelmente com uma demanda boa da China, por animais jovens.

Custos com alimentação no confinamento

A queda do petróleo, além da economia dos países produtores, afeta a atratividade da produção de etanol. Lembrando que estamos no período de início de plantio de milho nos Estados Unidos, maior produtor do grão, que destina parte importante da produção para o biocombustível.

Os acenos da China para a compra de soja do país, associados às incertezas com o petróleo podem afetar negativamente a área de milho, lembrando que lá é plantada soja ou milho, não soja e milho, como no Brasil. É possível que isso (possível área menor que projetada inicialmente) ajude a amenizar a demanda menor em nível global.

De toda forma, as projeções no Brasil são de estoques finais muito enxutos, o que poderia ser afetado por uma redução de demanda. Ainda assim, a expectativa continua de custos em alta para alimentação.

Com a reposição e milho nos patamares atuais, além de preços futuros do boi gordo pouco atrativos, o cenário é ruim para os resultados do confinamento.

Confinamento

Com a reposição e milho nos patamares atuais, além de preços futuros do boi gordo pouco atrativos, o cenário é ruim para os resultados do confinamento. Claro que aqui consideramos preços atuais, sem entrar no mérito de quem comprou alimentos antes.

De toda forma, isto é mais um fator que pode ajudar o mercado no segundo semestre. China comprando bem, com demanda por animais jovens e um volume possivelmente mais modesto de gado de cocho podem ajudar a aumentar o ágio do gado jovem (até 30 meses). Dessa forma, é preciso buscar rever o planejamento antes de falar se vale a pena confinar em 2020, traremos posteriormente os custos da arroba produzida para ajudar na tomada de decisão.

Considerações sobre: “Vale a pena confinar em 2020?

Considerando o preço do boi gordo no mercado futuro (contrato de out/20), associado a alta de preço dos insumos, o confinador pode ter prejuízo na atividade.

FONTE: SCOT CONSULTORIA
Considerações sobre o confinamento no segundo semestre

Cenário de baixa atratividade para o confinamento pode ser positivo para a precificação do boi gordo, considerando a provável continuidade da demanda chinesa. Ainda é cedo para qualquer afirmação, mas o que sabemos é que o planejamento estratégico e a adoção de tecnologias sempre faz qualquer investimento se tornar lucrativo.

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Compre Rural com informações da Scot Consultoria

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