Vai ter chuva para plantar soja? Confira agora!

Muitos produtores já se preparam para o período de semeadura da próxima safra de grãos no Brasil. Semeadura da soja começa em setembro em alguns estados, será que vai ter água no solo? É o que vamos saber aqui.

Em um ano climático considerado atípico, muitas incertezas e inseguranças tomam conta dos produtores rurais no Brasil, que se perguntam se o El Niño de fato está instalado, se o fenômeno ainda pode atingir intensidade forte e como pode influenciar na produção agrícola brasileira. A safra de inverno passou por dificuldades com relação ao clima, muitos produtores ainda estão realizando a colheita do milho segunda safra de maneira bem atrasada comparado ao ano passado.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a colheita alcançou 84% da área semeada em todo o Brasil. O mais atrasado é o Paraná com apenas 48% do milho safrinha colhido, um atraso muito expressivo comparado a safra passada que já estava com 85% da área colhida. Os atrasos ocorreram com as chuvas expressivas e os temporais que atingiram o estado entre os meses de julho e agosto. Um dos principais fatores que dificultaram a colheita foi à ocorrência de vendaval que gerou tombamento nas plantações.

Informativos da CONAB relatam que Paraná teve acamamento de lavouras por conta de ventos fortes, o que junto com a alta umidade presente nos grãos, gerou atraso expressivo na colheita do milho safrinha.

Falando do fenômeno El Niño, há meses os produtores esperam o aumento das precipitações na região Sul do país após três anos de estiagem causada pelo La Niña especialmente no Rio Grande do Sul, o que gerou impactos tanto nas lavouras de inverno como nas safras de verão. Outro fator de impacto do aquecimento anômalo da temperatura da água superficial do Pacífico Equatorial é o calor.

Aliás, as altas temperaturas têm prejudicado lavouras de trigo também no Paraná. Segundo dados da CONAB, a maior parte das lavouras está em maturação e algumas cultivares apresentaram falhas na germinação com o calor excessivo prejudicando o desenvolvimento das plantas.

Dada a largada para a safra verão 23/24 com discussões e reviravoltas

Com as lavouras de inverno em fase final apesar dos atrasos gerados pelas condições adversas do clima, foi dada a largada agora para a próxima safra verão 23/24 com o período de semeadura dos grãos começando neste mês de setembro em vários estados que vão começar o plantio da soja nas próximas semanas.

Vai ter chuva para plantar soja?
Calendário de cultivo da soja 2023/24 é mantido no Mato Grosso a fim de respeitar o vazio sanitário e garantir menores riscos com relação à ferrugem asiática.

O ponto de partida para o plantio da soja será o Paraná no dia 11 de setembro quando os produtores ficam liberados a realizar a semeadura após o término do vazio sanitário, período de no mínimo 90 dias determinado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em que os produtores ficam restritos a realizar o plantio dos grãos como maneira de combater ao máximo a ferrugem asiática, principal doença que gera perdas expressivas na produção.

Depois tem a liberação para o início do plantio nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo no dia 16 de setembro, Santa Catarina em seguida no dia 21 de setembro, Goiás no dia 25 e, por fim o Piauí no dia 30. Estados como Bahia, Maranhão e Tocantins, além de Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, começam o período de semeadura mais tarde, no dia 1º de outubro e podem plantar até 8 de janeiro de 2024.

A semeadura da soja no MT ia começar 15 dias antes do término do vazio sanitário a pedido da Ampa, o que poderia colocar em risco a principal cultura do estado, mas seguindo orientações do INDEA, produtores de soja só devem começar o plantio no dia 16 de setembro.

Em 11 de agosto de 2023, a Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) emitiu um ofício solicitando ao MAPA uma autorização de cultivo excepcional de soja no MT 15 dias antes do término do vazio sanitário, ou seja, que o plantio fosse liberado em 1º de setembro. Porém, isso colocaria a principal cultura do estado em risco visto às condições climáticas ainda desfavoráveis e o alto risco para proliferação da ferrugem.

Pensando nisso, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA) trouxe uma outra orientação aos produtores do estado, que o calendário de plantio da soja continue o mesmo conforme a Instrução Normativa nº 001/2023, com a data se mantendo entre 16 de setembro e 24 de dezembro. Na página inicial do órgão há um comunicado oficial dizendo: “As autorizações de plantio excepcionais para fins comerciais dentro do vazio sanitário não possuem previsão legal de autorização do pelo Indea-MT.

Como fica o clima durante a safra verão 23/24

O mês de setembro começou e as expectativas aumentam com relação ao funcionamento do período úmido para o plantio e desenvolvimento da safra de grãos no Brasil começando pela soja e depois tendo o milho em seguida. É ano de El Niño e o fenômeno ainda pode ser impactante na distribuição das chuvas e o comportamento das temperaturas, mesmo que não alcance uma forte intensidade.

Para este mês de setembroa projeção é de chuvas acima da média no Sul do Brasil, com volumes que podem ultrapassar a casa dos 300 milímetros no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, porém, no Paraná, o cenário tende a ser diferente, com previsão sim de chuvas, mas com acumulados bem menos expressivos. O plantio da soja no estado do Paraná vai começar na segunda quinzena com expectativas boas apesar dos baixos volumes que devem cair em setembro, isso porque deve haver continuidade das precipitações em outubro e novembro, ou seja, vai ter umidade suficiente para o bom desenvolvimento das plantas.

Paraná vai receber menos chuva comparado aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas cenário ainda é favorável para a produção de grãos.

Falando de Sudeste, a chuva pode ficar dentro e até mesmo um pouco acima da climatologia neste mês de setembro, o que também abre margem para um bom cenário para a semeadura da soja em 2023. Especialmente na segunda metade do mês, a tendência é de chuvas mais abrangentes e expressivas na região, mas o que o produtor precisa ficar atento é com relação à má distribuição dos eventos de chuva.

No oeste paulista o volume deve ser bem menor comparado ao centro e leste do estado. A boa notícia é que para o mês de outubro, novos episódios de chuva podem acontecer intercalados com janelas de tempo aberto, o que será favorável para o desenvolvimento das plantações tanto no norte de São Paulo como no Triângulo Mineiro.

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NOAA projeta anomalias de precipitação no Brasil para os próximos meses. Chuva acima da média no Sul e abaixo da média na maior parte do país. Fonte: NOAA

Para a região Centro-Oeste que tem uma alta concentração da produção dos grãos no Brasilo cenário é um pouco mais preocupante para esta próxima safra verão 23/24, isso porque a chuva até pode ficar dentro da média em setembro, mas não deve se sustentar durante a primavera, ou seja, existe um risco da chuva cortar mais cedo e comprometer o desenvolvimento das lavouras nos meses de outubro e novembro.

Por fim falamos do MATOPIBA, a principal fronteira agrícola do país somando áreas produtoras do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia, que corre sérios riscos de estiagem para a próxima produção de grãos. Com a atuação do El Niño mantendo a maior concentração de chuvas no centro-sul, estados do Norte e do Nordeste podem enfrentar um longo período de secas e altas temperaturas. A tendência é de chuvas abaixo da média nos próximos meses, ou seja, pode faltar água para o desenvolvimento da soja e do milho.

Fonte: Tempo

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