Vai faltar bezerro para reposição; Seja eficiente!

“Quanto você mata a sua vaca mostra a sua ineficiência, quando abate a novilha mata o seu futuro”; Partindo desse cenário, é importante estar atento ao manejo, pois vai faltar bezerro para reposição!

A taxa de ociosidade dos frigoríficos no país por falta matéria-prima, ou seja, de animais para abates é surpreendente e chegou a 45% no último ano. E, com o aumento no abate de novilhas no país, a tendência é que essa situação piore, como já vem sendo visto no decorrer deste ano. A grande preocupação, neste momento, é a falta de reposição e a incógnita em relação ao volume de bezerros disponíveis na safra. Partindo desse cenário, é importante estar atento ao manejo, pois vai faltar bezerro para reposição!

O ciclo tarda mas não falha, isso é um fato! O cenário traz uma outra certeza, “a falta de bezerro do passado é a explicação da baixa oferta de animais para abate no futuro”. Quando você mata uma novilha, está matando a sua safra de dois anos. Essas são as conclusões do Médico Veterinário do Grupo Matsuda João Gabriel Balizardo Carvalho.

Com uma visão mais conservadora, a zootecnista Thayná Drugowick, analista de mercado da Scot Consultoria (Bebedouro, SP), avalia que a produção de bezerros no próximo ano será melhor que em 2021, mas que não deverá ser tão grande.

“Para 2022, em decorrência da produção de bezerros que temos acompanhado desde 2019, a tendência é que a oferta de bezerros melhore no próximo ano, mas não acreditamos numa enxurrada de bezerros, a ponto de pressionar as cotações. Vamos ter uma oferta relativamente melhor”, prevê.

Para 2022, a produção de bezerros pode alcançar 53,3 milhões de animais. O crescimento é de 2,5% considerando uma produção de 52 milhões de bezerros de 2021. Segundo veterinário da Matsuda, um grande problema é a falta de cuidado com o útero da vaca, seja na pecuária de corte quanto na de leite, por isso é importante estar atento a alguns pontos!

O pecuarista que trabalha com a cria precisa entender que dentro da pecuária de cria, a vaca é o que existe de mais valioso que se pode ter principalmente, para aquelas propriedades que investem no melhoramento genético do seu rebanho. Partindo desse fato e que, além disso, será essa matriz a responsável pela produtividade e rentabilidade, pois tudo depende da sua produção, ou seja, a produção de bezerros devemos ofertar a melhor nutrição, ambiente e manejo.

A utilização de tecnologias é de suma importância, mas é preciso estar atento ao básico – água de qualidade, minerais em níveis adequados para uma vaca em produção, pastagem suficientemente disponível durante todo o ano – permitindo que o animal expresse todo o seu potencial genético. Lembre-se que quando investimos nos animais (dietas balanceadas, estrutura de cocho e bebedouro, adubação de pastagens…) eles melhoram a sua eficiência produtiva e assim aumentam a rentabilidade da propriedade.

Quando questionado se esse cuidado está ligado diretamente com a eficiência financeira do futuro da propriedade, o Veterinário do Grupo Matsuda João Gabriel, não tem dúvida em responder que sim. “Com certeza, pois quando se tem um controle sanitário bem feito, melhoramento genético para animais mais produtivos e dietas adequadas para seus níveis de exigência nutricional, você consegue melhorar Intervalo entre Partos, índice de prenhez e de parição, produção de leite para o bezerro e consequentemente o peso do bezerro desmamado, que é a moeda de troca da pecuária de cria. Portanto quanto mais bezerros nascendo e desmamando mais pesados, maior vai ser a rentabilidade da propriedade”.

Outro ponto importante é o planejamento estratégico da propriedade. esse deve ser feito com antecedência, tendo em vista que uma reforma de pastagem não pode ser feita em pouco tempo. Devemos nos programar sempre com um ano de antecedência, se atentando para a época seca do ano e as estratégias de preservação de volumoso. Outro ponto, dependendo do tamanho da propriedade é antecipar as compras de suplemento nutricional e grãos, controlando os custos de produção, melhorando a margem de lucro da atividade.

Abater uma matriz significar ser ineficiente

“Quando o assunto é atividade de cria, para garantir que a vaca produza um bezerro bom e sadio por ano e o desmame bem pesado, é preciso dar atenção às fases antes da emprenha, à gestação e, posteriormente, à reconcepção”, avalia Letícia de Souza Santos, Resposável Técnica da Minerthal.

Segundo Letícia, a nutrição das matrizes leva em consideração a exigência de nutrientes ingeridos pelas vacas para suprir, primeiramente, a manutenção do corpo, crescimento, gestação, lactação, reprodução e, por fim, reserva de energia. Isso significa que, se a vaca não estiver bem nutrida, provavelmente não desempenhará atividade reprodutiva adequada.

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Foto: Nelore Marcondes

A gestação das vacas pode ser dividida em três principais períodos: terço inicial, médio e final. Geralmente, a preocupação maior é com o terço final da gestação, pelo maior crescimento do feto. Porém, o terço inicial e médio também são muito importantes para o desenvolvimento do bezerro.

As vacas que conseguem emprenhar no início da estação de monta passam o terço médio da gestação quando ainda há disponibilidade de forragem, na transição águas-seca. Desta forma, há formação correta de fibras musculares ocasionada pela disponibilidade de nutrientes.

As vacas que emprenharam no final da estação de monta, passam pelo terço médio de gestação durante a seca. “A vaca gera um bezerro de pior qualidade devido à restrição de nutrientes. Além disso, os bezerros nascerão nas águas, período em que o manejo sanitário é dificultado e há maior risco de mortalidade de bezerros”, explica a Responsável Técnica da Minerthal.

Foto Divulgação.

O padrão de bezerro que o mercado cobiça

O mercado da carne vem sofrendo um grande movimento de mudança ao redor do mundo, de forma geral, buscando um produto com maior maciez, marmoreio e oriundos de animais mais jovens e que são produzidos com sustentabilidade. Diante disso, tudo precisa começar ainda na fase de cria, trabalhando para que o produto final tenha todos esses quesitos.

Quando se melhora a situação financeira da população, há o aumento no consumo de carne, principalmente cortes com maior valor agregado. As expectativas com o retorno da rotina da população, o aumento da produtividade e o dinheiro voltando para a mão das pessoas, leva a uma tendência de que se consuma mais carne, aumentando a demanda de produção.

Com o mercado aquecido, o produtor de carne vai ter seu produto valorizado, levando-o assim a ganhar mais dinheiro. Para conseguir atender e se preparar para esta boa fase o pecuarista tem que ser o mais eficiente possível, pois assim atingirá altos níveis de produção, com os menores custos possíveis.

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