Vacinação contra a febre aftosa está próxima do fim no Brasil

O governo federal brasileiro quer o fim da vacinação contra aftosa em todo País em 2026, afirmação foi feita pelo ministro da Agricultura, Marcos Montes

O governo federal pretende anunciar em 2026 o fim da obrigatoriedade da vacina contra febre aftosa em todos os Estados brasileiros. A afirmação foi feita na última semana, pelo ministro da Agricultura, Marcos Montes, em vídeo exibido no Fórum Pecuária Brasil realizado pela consultoria Datagro. A meta de que o Brasil se torne totalmente livre da doença sem vacinação até 2026, já havia sido citada pelo ministro durante a abertura da 87ª edição da ExpoZebu, em Uberaba (MG), no final de abril.

A medida tornaria o País livre da doença sem vacinação, o que é positivo para o mercado. “Anseio histórico do setor pecuário, mas que também vai nos permitir acessar mais mercados e, e em especial, aqueles que pagam mais”, disse.

Atualmente, existem em torno de 70 países reconhecidos livres de febre aftosa sem vacinação, que são potenciais mercados para a produção de carne bovina e suína, com melhor preço e sem restrições sanitárias como, no caso da carne bovina, desossa e maturação. Entre esses países estão Japão, EUA, México e países da UE. Em 2021, nos quatro primeiros meses do ano, o volume exportado de carne bovina e suína aumentou 27% na Região Sul do país, representando valores de R$ 4,3 bilhões, contra R$ 3,4 bilhões no mesmo período em 2020.

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Área livre de Aftosa sem vacinação (em verde), alguns à partir de janeiro de 2023

O ministro avaliou que o anúncio vai, ainda, reduzir os custos dos produtores que precisam destinar parte dos ganhos a proteção dos animais por meio da vacinação. “Cooperação das secretarias estaduais é importante neste avanço”, acrescentou.

Em abril, durante a ExpoZebu, Montes havia informado a suspensão da vacinação contra a febre aftosa, após a etapa de novembro de 2022, em sete Estados brasileiros. Ao todo, serão aproximadamente 113 milhões de bovinos e bubalinos que deixarão de ser vacinados, o que corresponde a quase 50% do rebanho total do País.

As unidades da Federação que serão suspensas fazem parte do Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), e são elas Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins.

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Foto: Agência Brasil

Rebanho não vacinado já corresponde a quase 50% do total do país

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vai suspender a vacinação contra a febre aftosa no Espírito Santo, em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, no Tocantins e Distrito Federal em novembro de 2022, após a última etapa de vacinação que será realizada no mesmo mês. Cerca de 113 milhões de bovinos e bubalinos deixarão de ser vacinados, o que corresponde a quase 50% do rebanho total do país.

Montes relatou também sobre os desafios que a pecuária brasileira precisa enfrentar, como a identificação individual dos animais. “O tema da rastreabilidade já está em discussão na Câmara setorial da cadeia produtiva da carne bovina“, disse.

Para ele, o País precisa ampliar o número de bovinos rastreados por meio de soluções ecologicamente viáveis e que possam ser internacionalmente reconhecidas. “É necessário montar uma base de dados sobre a cadeia, capaz de agregar informações confiáveis e estratégicas“, disse o ministro. “Trará muitos benefícios ao setor”, acrescentou.

De acordo com Montes, a questão ambiental não pode ter inconformidades na legislação, “pois afasta financiadores e, pior, afasta os clientes”. Além de concluir o Código Florestal, o ministro disse que é preciso “dar um basta ao desmatamento ilegal”. “São (desmatamentos) muitas vezes atribuídos à agropecuária de forma incorreta ou até de má fé”, apontou.

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Foto: Razzera Expresso Boiadeiro

Movimentação do rebanho entre estados

No primeiro momento, não haverá restrição na movimentação de animais e de produtos entre os estados que terão a vacinação suspensa em 2022 e os estados que ainda vacinam contra a aftosa. Segundo o ministério, isso ocorre porque o reconhecimento internacional das unidades da Federação como zonas livres da doença sem vacinação não será encaminhado para a Organização Mundial da Saúde Animal no próximo ano.

Para o reconhecimento como zona livre de febre aftosa sem vacinação, a organização exige a suspensão da vacina e a proibição do ingresso de animais vacinados nos estados e regiões propostas por, pelo menos, 12 meses.

No Brasil os estados de Santa Catarina, do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, de Rondônia e partes do Amazonas e de Mato Grosso já têm a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.

Adaptado de Estadão Conteúdo e outros conteúdos do CompreRural

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