Confira quais são os possíveis impactos no preço da arroba do boi diante de mais um caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da “vaca louca”)
Logo após o Ministério da Agricultura e Pecuária informar que realmente existia um caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da “vaca louca”), os grupos de pecuaristas foram inundados de comentários pessimistas sobre quais serão os possíveis desdobramentos desse novo episódio de Mal da “vaca louca”, que possivelmente será atípico, ocorrência natural e não relacionada à enfermidade. Se for confirmado, não será o primeiro e nem o último e mais uma vez mostrará ao mundo que o nosso sistema de vigilância sanitária está diligente e operante.
A morte em pasto aumenta as chances de que o suposto caso de vaca louca tenha se originado de forma “atípica”, espontaneamente na natureza, em vez de ser transmitido pela ingestão de ração animal contaminada. Isso, em tese, reduz as chances de imposições de barreiras comerciais.
Lygia Pimentel, CEO e fundadora da Agrifatto, publicou um vídeo logo nas primeiras horas de segunda-feira (20), confirmando a existência do caso suspeito e apresentando quais seriam os possíveis efeitos do problema. Segundo Lygia autoridades brasileiras responsáveis, muito possivelmente, já estariam desembarcando na China afim de tratar sobre o problema, diretamente com as autoridades responsáveis.
Todos os abates de animais mercado China estão suspensos até segunda ordem. Seja Indústrias grandes ou pequenas.
A existência de um protocolo sanitário assinado entre os dois países em junho de 2015 obriga o Brasil a comunicar o caso a Pequim e promover um auto-embargo nos embarques, com a suspensão imediata das exportações. O embargo é temporário, mas o tempo de duração é indeterminado – e é neste ponto que mora a preocupação de indústrias como JBS, Marfrig e Minerva.
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.
Quais são os efeitos à partir de agora?
“Durante as nossas últimas análises do mercado do boi gordo consideramos que o mercado estava histérico, nós vimos o mercado subindo e dando uma firmada com preços mais altos oferecidos pelo ‘Boi China’, ao mesmo tempo houve uma venda mais intensa por parte dos pecuaristas, as escalas lotaram e sobrou carne no atacado e vimos o mercado derretendo no final da semana passada.” – comentou Lygia. Ainda segundo ela, a principal consequência será que toda a carne com destino ao país asiático será redirecionado ao mercado interno brasileiro, com isso teremos uma pressão de baixa nos preços da arroba do boi gordo.
Lygia ressalta que isso não é terrorismo, as informações são baseadas no histórico dos últimos anos. A última vez que um caso foi confirmado no Brasil foi no segundo semestre de 2021. As exportações foram suspensas entre setembro e dezembro daquele mesmo ano, os valores da arroba despencaram com o preço médio de exportação da carne bovina caindo 20% naquele período.
Lygia finaliza declarando que ninguém sabe qual será a duração do embargo do país chinês com a confirmação do caso suspeito, como será a resolução desse novo grande problema para a pecuária brasileira em 2023.
Até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, provocado pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados. Causado por um príon, molécula de proteína sem código genético, o mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja.
Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível. No fim dos anos 1990, houve um surto de casos de mal da vaca louca em humanos na Grã-Bretanha, que provocou a suspensão do consumo de carne bovina no país por vários meses. Na ocasião, a doença foi transmitida aos seres humanos por meio de bois alimentados com ração animal contaminada.
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