Vaca com prolapso uterino impressionante é salva; veja vídeo

Vídeo de um caso veterinário de prolapso uterino pós parto impressionou pela amplitude; veterinários constataram a urgência, salvaram a vaca e mostram o resultado no Instagram

O perfil no Instagram da Fazenda Limeira, criador de gado Nelore e Guzerá, no município de Juatuba, Minas Gerais, publicou um vídeo impressionante de uma vaca Nelore pós parto com prolapso uterino. “Fomos ajudar os nossos amigos e vizinhos, fizemos a intervenção, assepsia, reintrodução do útero e sutura. Antes do procedimento colocamos a bezerrinha para mamar. Medicamos e segue sob observação” – disse os proprietários da fazenda no Instagram. O vídeo possuí mais de 40 mil visualizações.

O prolapso uterino é um episódio que causa muita preocupação com os procedimentos para sua redução. O prolapso ocorre quando parte do trato reprodutivo é projetado pela vagina, geralmente acontecendo após o parto. Muito frequente em vacas leiteiras, neste caso acima foi em uma vaca Nelore, de corte.

Nos bovinos, o prolapso vaginal usualmente ocorre no final da gestação e, ocasionalmente, após o parto, quando pode estar associado ao prolapso uterino.

Os fatores que predispõem esta ocorrência são partos onde ocorrem contrações excessivas (distócicos e gemelares), hipocalcemia, retenção de placenta e infecção uterina. O evento apresenta maior prevalência em vacas pluríparas e com relaxamento excessivo dos ligamentos pélvicos. Com base na variedade dos fatores causais, pode se imaginar como é difícil atuar na prevenção do problema.

O prolapso uterino requer um tratamento de urgência e os casos não tratados costumam ser fatais. Muitas vezes, mesmo com a presença do Veterinário, a perda do animal pode ocorrer devido à ruptura da artéria mediana do útero. Este vaso, que pode apresentar a espessura do dedo polegar, é a principal via de irrigação do útero durante a gestação. Nos casos de ruptura, não há uma maneira efetiva de controlar a hemorragia.

A redução do prolapso é um verdadeiro desafio! Esta manobra requer muita força, pois o útero deve ser erguido acima da vulva para que a gravidade possa ser uma auxiliar no procedimento e não um empecilho. Um útero edemaciado pode pesar mais de 50 Kg.

prolapso uterino de vaca nelore pos parto - urgencia veterinaria
Foto: Reprodução

O útero evertido é semelhante a uma mala virada do avesso. A superfície que é observada no útero prolapsado é, na realidade, a face interna do útero que envolve o feto durante a gestação (o endométrio). É através desta superfície que o feto recebe os nutrientes durante a gestação. A placenta é conectada à parede do útero por estruturas chamadas carúnculas. Estas carúnculas podem ser de vários tamanhos, algumas têm até 10 cm. Tais estruturas são responsáveis pela chegada do sangue materno até a placenta. Na placenta existem os cotilédones, projeções que se conectam às carúnculas.

O inchaço e aumento de volume do útero ocorrem rapidamente após o prolapso. Sem dúvida, este aumento de volume do útero é um dos principais empecilhos para o retorno à posição anatomotopográfica. O edema ocorre devido ao grande fluxo e pressão da chegada de sangue na região e ao lento e difícil retorno sanguíneo devido à ocorrência do trauma.

Veja o vídeo:

Muitos comentários elogiaram o procedimento clínico no vaca. “Tem que dá os parabéns mesmo para os profissionais nesta área o trabalho ficou top demais”.

Um dos internautas citou que teve o mesmo problema, só que não conseguiu salvar seu animal. “Aconteceu esses dias aqui comigo. Mas pro nosso azar os urubus foram tão rápido que poucos minutos depois de parida atacaram ela, fazendo perder muito sangue, morreu pouco tempo depois. Mas o bezerro tá firme sendo tratado na mamadeira” – comentou ele.

Como tratar o prolapso uterino?

No intuito de prevenir uma maior distensão do útero e também para aliviar a dor do animal, deve ser feita uma anestesia peridural. A anestesia peridural facilita a manobra, inibindo contrações e a defecação durante a operação. Esta anestesia é um procedimento com baixo custo, prático e eficiente, no qual o anestésico local é aplicado no espaço peridural entre a última vértebra sacral (S5) e a primeira coccígea (Co1) ou entre a primeira e segunda coccígea (Co1-Co2).

Atenção especial deve ser dada à assepsia no local da aplicação. A penetração do canal pela agulha é seguida por uma pequena sucção devido à pressão subatmosférica ali existente. O anestésico utilizado é a Lidocaína 2%, 1mL/100kg.

prolapso uterino de vaca nelore pos parto - urgencia veterinaria - com bezerro
Foto: Reprodução

Antes de iniciar a redução do prolapso, o útero deve ser lavado com bastante água corrente e uma solução diluída de polivinil-pirrolidona de iodo (PVPI). Os restos de placenta e corpos estranhos devem ser retirados neste momento. Para auxiliar o retorno do órgão à sua posição, pode ser utilizado um lubrificante obstétrico. Na redução propriamente dita, o útero deve ser erguido e mantido acima da vulva do animal; inicia-se, então, uma pressão suave, firme e constante da porção mais próxima à vulva. Deve-se evitar manobras bruscas que possam perfurar ou rasgar a parede do útero. Após uma parte do órgão ser empurrada, a gravidade ajudará a levar o restante do útero para seu local.

Depois de colocado em sua posição anatômica, deve-se certificar que o útero não contém dobras ou torções. É importante colocar um antibiótico no lúmen do útero para prevenir futuras infecções devido às contaminações ocorridas durante a manipulação.

Deve-se ainda, suturar a vulva com uma técnica recomendada para este procedimento, tais como a Técnica de Buhner, Técnica de Flessa e a Sutura de Tensão. Esta é uma medida importante para evitar que o ar seja sugado para dentro e para fora do útero, causando um esforço e um desconforto adicional ao animal. No momento da sutura, recomenda-se deixar livre uma área na vulva, suficiente para escoar a urina. A aplicação de Oxitocina e a soroterapia com Cálcio são importantes para manter o tônus muscular e auxiliam a conservação do útero na posição correta. A antibióticoterapia parenteral deve ser utilizada para prevenir infecções.

A prevenção do prolapso uterino está associada com as medidas de controle da hipocalcemia. Deve-se ainda, evitar animais com excesso de peso no momento do parto. Regiões com o trevo estrogênico nas pastagens apresentam um risco sempre maior de prolapsos, mesmo nos animais que não estão em gestação.

A boa notícia é que um prolapso uterino não é considerado uma condição hereditária e uma vaca que teve prolapso este ano não tem maior probabilidade de ter novamente no próximo ano do que qualquer outra vaca em seu rebanho.

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