Estudo conduzido nos Campos Gerais, no Paraná, estabelece recomendações para evitar impactos ambientais com adubação orgânica.
A Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), que conta com apoio financeiro do Senar-PR e do governo do Paraná, está desenvolvendo um subprojeto na região dos Campos Gerais para avaliar as implicações em perdas de solo, água e nutrientes a partir da aplicação de dejeto líquido bovino, no longo prazo, em áreas com Sistema de Plantio Direto (SPD).
A escolha da região para implantação do estudo ocorreu com base na capacidade de geração de dejetos bovinos, visto que os Campos Gerais são polo de produção leiteira em sistema de confinamento e semi- confinamento. Na mesma região, o solo é manejado sob SPD há mais de 30 anos e, em muitas áreas, já recebe aplicações intensivas de dejetos oriundos das leiterias.
Para a pesquisa, estão sendo conduzidos dois experimentos com aplicação de dejeto líquido bovino em plantio direto com rotação de culturas (soja, milho, trigo e aveia preta). As estações experimentais pertencem à Fundação ABC e foram instaladas em 2005 em condições que representam o sistema produtivo mais utilizado na região.
Segundo Nerilde Favaretto, professora do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do projeto, o foco da pesquisa é a redução dos impactos ambientais, especialmente nos recursos hídricos. “Nós identificamos recomendações que possibilitem benefícios pela aplicação de dejetos ao mesmo tempo que diminuam os problemas ambientais que podem ser causados”, explica.
A pesquisadora enfatiza que a adubação orgânica traz diversos benefícios em produtividade e nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, incrementando o acúmulo de carbono e nitrogênio do solo – desde que o manejo seja feito de forma adequada. “É imprescindível a adoção de práticas complementares de conservação do solo para evitar que o escoamento superficial alcance os corpos d’água”, afirma Nerilde.
Recomendações
Uma das conclusões do estudo é que aplicações sucessivas de dejeto bovino podem aumentar o risco de eutrofização dos corpos d’água, devido ao aumento de fósforo no solo e a possibilidade de escoamento para o sistema hídrico.
A eutrofização acontece quando há acúmulo de nutrientes e proliferação de algas na camada superficial da água, impedindo a fotossíntese e diminuindo os níveis de oxigênio. Isso provoca a morte de diversas espécies animais e vegetais, prejudicando os ecossistemas aquáticos.
Outro aspecto observado foi que, com aplicação de até 120 m³/hectare/ano de dejeto líquido bovino, houve redução no volume de escoamento e nas perdas de solo e nutrientes. “Se o produtor aplicar até 60 m³ no inverno e até 60 m³ no verão, a possibilidade de contaminação diminui, enquanto os benefícios se mantêm”, aponta a pesquisadora.
De acordo com Nerilde, é recomendado a aplicação de dejeto com, no mínimo, sete dias de antecedência a um evento de chuva. Isso minimiza o chamado efeito de selamento superficial do solo, que causa redução da infiltração de água e aumenta o escoamento superficial.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
“O intervalo entre a aplicação do dejeto e a ocorrência de chuva influencia a capacidade de infiltração de água no solo e a possibilidade desse dejeto ser transportado para dentro de cursos d’água próximos”, conclui.
Fonte: Ascom Faep/Senar-PR