Usando Tabapuã nos cruzamentos com Brangus e Braford

Entenda um pouco da história da raça Tabapuã e sua aplicação em cruzamentos, principalmente mesclando com sangue taurino

José Otávio Lemos – O Tabapuã é uma raça brasileira fruto de cruzamentos entre o gado mocho nacional e animais de origem indiana. Foi na década de 40, no município de Tabapuã (SP), que a raça assumiu as características que perduram até hoje. Desenvolvido a partir de 1907, no município Leopoldo de Bulhões, no interior de Goiás, quando um produtor fez o cruzamento entre o mocho nacional e vários reprodutores indianos, levando a produção dos primeiros zebuínos mochos da história. O Tabapuã teve seu registro iniciado em 1971, ou seja, anteriormente, à formação do Brahman americano.

A característica mocha, bem fixada, foi obtida com o cruzamento inicial do taurino Mocho Nacional com zebuínos importados da Índia. Geneticamente, a ausência natural de chifres fixada por absorção. São vários pares de genes e expressões diferentes desses entre machos e fêmeas.

A raça foi consolidando antes mesmo de receber a autorização para registro.

Os americanos ficaram muito contemplativos pelas características dela e proximidade, no exterior, com o Brahman. Tanto que um vice-presidente da American Brahman Breeeders Association, Jhonny Jefcoat, veio ao Brasil para tentar convencer criadores a registrarem o grupamento como da raça americana, o que não foi aceito.

Se colocarmos dois animais, um Brahman e um Tabapuã, com mesmos sexo e idade, lado a lado, e sob o mesmo tipo de alimentação também, veremos que têm muitas das características raciais e econômicas iguais. Até a cabeça ogival aparece por questão da ausência genética para chifres. Porém, o Tabapuã foi construído com grande variedade de machos e fêmeas. Diferentemente do Brahman, com pouco mais de duas centenas de touros (Indubrasil, Guzerá, Gir e Nelore) e pouquíssimas matrizes zebuínas puras. Raça por cruzamento absorvente com várias zebuínas.

tabapua com brangus e braford
Foto: José Otávio Lemos

Um ponto forte do Tabapuã é a fertilidade, característica número 1 para se formar e manter um efetivo racial. A engenharia e arquitetura genética do Tabapuã permite o uso da raça para ótimos resultados num novo Braford (Tabapuã X Hereford) e um novo Brangus (Tabapuã X Angus).

Tabaford? Tabangus?

Creio não ser necessário nomear e registrar tais dessas misturas. Até para não haver necessidade de trabalhos burocráticos junto a tantos órgãos, especialmente, associações e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E será a genética firmada Bos taurus indicus.

Tabapuã é bom?

Tanto que é a segunda raça tipo frigorífico em número de registro junto à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu – ABCZ. Sim, o Nelore é a de maior contingente. E ela também contribuiu na feitura do Tabapuã, como do Brahman. O touro mais conhecido do Zebu americano, o Manso, era filho da vaca Penélope, Nelore importada da Índia, com um touro Guzerá, o Aristocrata, exportado por brasileiros para o México e, de lá, para os Estados Unidos.

tabapua com brangus e braford
Foto: José Otávio Lemos

O Tabapuã teve muito Nelore e Guzerá. Também Indubrasil em algumas famílias e essa raça, a primeira zebuína registrada no Brasil, tem as duas indianas citadas anteriormente. A estrutura genômica do Tabapuã, com certeza, fará ótimos casamentos com o Angus e com o Hereford, e fornecerá um Brangus e um Braford revestidos de combinações duradouras, costuradas geneticamente em genótipo sólido, para um fenótipo ótimo produtivo de carne com precocidade e adaptação ao meio ambiente tropical.

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