Uruguai: quase metade do leite em pó é comprado pelo Brasil

O Brasil não só é quem paga o preço mais alto, como também responde por quase a metade das exportações uruguaias.

A situação desigual dos mercados internacional e regional está redirecionando as exportações uruguaias de leite em pó integral, principal produto lácteo que o país coloca no mercado internacional.

O Uruguai está deixando em segundo plano as colocações em outros destinos (principalmente Argélia e China) e focando no abastecimento do mercado brasileiro.

Destino das exportações de leite em pó integral do Uruguai

Enquanto os preços internacionais tenderam a cair no mercado internacional, o regional manteve-se majoritariamente firme, sustentado pela escassez do produto no mercado brasileiro. O Brasil não só é quem paga o preço mais alto, como também responde por quase a metade das exportações uruguaias.

De acordo com dados da Alfândega baseados em pedidos de exportação, em 2023 até a segunda semana de abril, o Uruguai exportou 45.349 toneladas de leite em pó integral. Desse total, o Brasil foi o destino de 48%, 21.573 toneladas. A proporção ficou em torno de 44% no primeiro trimestre e disparou para 72% na primeira quinzena de abril.

Os outros dois principais destinos, Argélia e China, reduziram significativamente sua participação ao se tornarem menos atrativos para a indústria láctea uruguaia. Nos dois primeiros trimestres de 2022, Argélia e China ultrapassaram facilmente o Brasil, mas a situação mudou a partir do segundo semestre e manteve-se inalterada no primeiro trimestre de 2023.

No acumulado do ano, o valor médio de exportação de leite em pó integral para o Brasil foi de US$ 3.780/t, superando a média da Argélia em US$ 120/t (3,3%) e da China em US$/t 285 (8,2%).

No momento, a expectativa é de que as condições de mercado não sofram variações consideráveis, embora possa haver certa diminuição na proporção colocada no Brasil. Neste país —segundo expressa o Cepea em seu boletim sobre os mercados lácteos— a expectativa é que “os preços do leite cru possam se manter firmes em abril devido à proximidade da entressafra e a consequente queda na produção”. No entanto, acrescenta que “o enfraquecimento da demanda (interna) e o aumento das importações podem conter a intensidade desse movimento” e afirma que “na percepção dos agentes do setor, esses dois fatores têm o potencial de suavizar as variações para a partir de maio, o que implica a expectativa de um segundo trimestre menos volátil que o do ano anterior”, quando os preços dispararam para valores históricos.

Por seu lado, as condições do mercado internacional podem tender a melhorar caso se consolide a recuperação da economia chinesa após ter deixado para trás a política de zero Covid-19. Os dados sobre a evolução da economia no primeiro trimestre do ano foram moderadamente auspiciosos, com crescimento do PIB de 4,5% ao ano, superando as expectativas dos analistas, enquanto as vendas no varejo cresceram robustos 10,6% ao ano, o que indica que o a demanda está evoluindo favoravelmente, o que tende a aumentar a demanda por alimentos no mercado internacional.

A Argélia, como país exportador de petróleo, pode melhorar sua economia se a recuperação do petróleo bruto se confirmar no médio prazo.

Exportações de leite em pó integral do Uruguai por trimestre

Fonte: Tardáguila Agromercados

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