Urina Preta: Doença que mata e assusta a população

Doença faz vítimas! Todos os casos notificados e em investigação sobre a doença de Haff – conhecida como “urina preta” – estão sendo acompanhados; Veja!

A doença de Haff, conhecida como urina preta, ainda não tem causa definida e se caracteriza por ser uma síndrome em que ocorre uma rabdomiólise (ruptura de fibras musculares), com início súbito, apresentando rigidez, dores musculares e alterações de enzimas. Os primeiros sinais e sintomas podem se manifestar nas primeiras 24 horas após o consumo de peixe cozido, lagostins e outros frutos do mar contaminados.

A enfermidade é considerada emergente e, por ter origem desconhecida, enquadra-se como evento de saúde pública (ESP), sendo considerada de notificação compulsória. A morte de pessoas tem causado pânico na população e, por isso, é preciso estar atento as informações!

A médica veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, morreu neste ano vítima de síndrome de Haff em um hospital particular de Recife. A enfermidade, conhecida como ‘doença da urina preta’, é causada pela ingestão de peixe contaminado com uma toxina que compromete o funcionamento dos músculos, rins e outros órgãos.

O caso chocou o país e a classe da vaquejada, Priscyla era uma ferrenha defensora da vaquejada e praticava o esporte pelo Haras Maria Bonita, em Sergipe.

No Brasil, foram registrados casos da doença em 2008 com algumas espécies de água doce como o Pacu (Mylossoma spp), tambaqui (Colossoma macropomum) e pirapitinga (Piaractus brachypomus), bem como peixes de água salgada, como a arabaiana/olho-de-boi (Seriola spp.) e badejo (Mycteroperca spp), além de novos casos em 2016 e, agora, em 2021.

Por que a urina fica escura?

Um dos sintomas Síndrome de Haff, a urina escurecida é uma consequência da liberação de uma substância chamada miogobina no corpo. Essa proteína, tóxica para os rins, é liberada pelo próprio organismo, com a necrose muscular – outro sintoma provocado pela Síndrome.

Sintomas da mialgia aguda — Foto: Arte/G1

“Quando ocorre a necrose muscular, existe uma proteína chamada mioglobina que tem uma cor escura e acaba passando para a urina. Os sintomas da síndrome acabam sendo decorrentes da necrose muscular”, disse o infectologista Paulo Olzon.

Doença rara e ainda misteriosa

Surtos da doença já foram registrados e estudados no Brasil. O mais recente ocorreu de dezembro de 2016 até abril de 2017, acometendo 67 em Salvador, na Bahia. Um estudo publicado no periódico Eurosurveillance descreveu os primeiros 15 casos ocorridos neste surto, todos relatando dores musculares e escurecimento da urina.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que todos os casos notificados e em investigação sobre a doença de Haff – conhecida como “urina preta” – estão sendo acompanhados pelas equipes de epidemiologia do Ministério da Saúde em cooperação com os Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA/RS) e o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). 

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O Mapa orienta que a população fique atenta na hora de comprar pescados, de forma geral. Peixes, mariscos e crustáceos comercializados devem conter o selo dos órgãos de inspeção oficiais. Os produtos identificados pelo carimbo de inspeção na rotulagem possibilitam a rastreabilidade de sua origem, o que os torna seguros. 

“É muito importante que a população esteja atenta aos informes, evitando assim informações especulativas que venham a ocasionar confusão a respeito do tema”, explica a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Ana Lúcia Viana. Pesquisas sobre os possíveis agentes causadores estão sendo realizadas pelo LFDA e o IFSC, a partir das amostras coletadas dos alimentos consumidos, bem como de material biológico dos próprios pacientes acometidos.

Por ter sido registrada em diversos biomas (rios, lagos, mares etc.) e espécies, não é possível, até o momento, determinar, com base nos casos analisados, os ambientes e animais envolvidos. Com base nas análises preliminares, as equipes laboratoriais realizaram uma ampla pesquisa de amostras em busca de moléculas suspeitas, especialmente dos grupos das palytoxinas e ovatoxinas, apontadas como as mais prováveis toxinas causadoras doença de Haff. 

São moléculas análogas – podem ser produzidas por microalgas tóxicas –  e estão presentes na maioria dos aquários marinhos.

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