Uma vaca completa não requer um touro top no ranking

Você sabe de onde vem os números utilizados para selecionar o “melhor” touro? O que são indicadores? Por que eles foram criados e hoje são tão utilizados? No transcorrer do artigo estas questões serão abordadas. 

Por décadas, os touros eram avaliados no mundo todo focando apenas em aumento da produção de leite. Porém, vários estudos demonstraram que a seleção por produção isoladamente causa efeitos negativos na saúde de glândula mamária (Heringstad et al., 2003), assim como na performance reprodutiva. Ou seja, se queremos uma vaca de leite com várias qualidades não podemos ranquear um touro baseado em apenas uma.

Para solucionar este problema índices foram criados. Índices são fórmulas matemáticas que incluem diversas características que o país julga ideal e, as combina, respeitando a importância desses fatores na cadeia produtiva e as características genéticas como, por exemplo, quanto elas serão transmitidas para suas filhas.

Esta mudança ocorreu de forma gradual nos países. Na América do Norte, eles passaram a escolher animais que trouxessem um aumento a proteína do leite e melhoria na conformação. Fora da América do Norte, selecionavam para o aumento do teor de gordura e proteína, e já os países escandinavos incluíam saúde e reprodução.

As principais razões para essa modificação foram os sistemas de comercialização de leite baseados em quotas, as restrições de preço, aumento do valor de trabalho, junto com as crescentes preocupações dos produtores e consumidores associados à diminuição da qualidade da saúde e da reprodução das vacas leiteiras. Além disso, ao selecionar uma gama mais ampla de características utilizando diferentes índices de seleção ocorre uma diminuição na taxa de endogamia, que é o cruzamento entre parentes que pode levar a uma série de complicações a prole.

Vamos começar pelo país em que o gado Holandês foi primeiramente domesticado, a Holanda. Quando analisamos o pedigree de um touro Holandês as siglas mais utilizadas para classificá-lo são a NVI, INET e PTA leite. De forma geral, o NVI é uma meta de melhoramento genético que visa a seleção de vacas com uma maior longevidade. Para possibilitar esta seleção a fórmula utilizada inclui índices de fertilidade, saúde de úbere, longevidade, conformação de úbere, pés e pernas, composição do leite produzido e facilidade de parto. Por outro lado, o INET mostra como será a composição do leite em relação à lactose, gordura e proteína, e a PTA leite, que é mensurada em quilogramas e prediz quanto de leite acima da média suas descendentes produzirão.

Outro país importante na criação de gado holandês é o Canadá,que cresceu mais de 16% na produção de leite dos últimos anos. Os indicadores mais utilizados pelos canadenses são o LPI e a PTA leite. O Índice de Lucratividade Vitalícia (LPI) seleciona os animais voltado a conformação. Assim, sua fórmula é composta por 40% componentes de produção, 40% de longevidade e 20% de saúde e fertilidade. Quanto aos componentes de produção, consideram-se a gordura e a proteína produzida. Para longevidade são utilizados o tempo de rebanho, sistema mamário, conformação de pés e pernas, força leiteira e escore de garupa: algo que que irá influenciar diretamente na facilidade de parto.  Nas esferas de saúde e fertilidade utilizam-se  dados que mensuram a fertilidade da filha, a resistência à mastite, a contagem de células somáticas, a profundidade de úbere, a velocidade de ordenha e os dias em lactação.

O atual maior produtor de leite do mundo, os Estados Unidos, utiliza os chamados TPI, NM$ e a PTA leite como indicadores de seleção da sua genética. O uso do TPI promete agregar a prole um aumento de gordura e proteína no leite, peso corporal padronizado com um aumento de produção, ou seja, maior eficiência alimentar. Além disso, também pretende promover a diminuição da incidência de distocias, aumentar os dias produtivos da vaca, diminuição da incidência de mortes, melhorar a conformação de úbere, pés e pernas, assim gerando um maior retorno econômico para o produtor. Para agregar todas estas características, a fórmula utiliza da produção total de proteína e de gordura, eficiência alimentar, composição de peso corporal, vida produtiva, indicador de fertilidade, escore de células somáticas, conformação de úbere, de pés e pernas, acrescidos de facilidade de parto das filhas e menor nascimento de natimortos.

índice de mérito líquido (NM$) classifica os animais leiteiros com base em seu mérito genético combinado para características economicamente importantes. Este índice é atualizado periodicamente para incluir novas características que se refletem nos preços esperados para os próximos anos, como as doenças de maior incidência. Vacas com genes que as mantêm saudáveis são mais lucrativas, por isso, resumidamente, o cálculo é feito multiplicando a capacidade de transmissão genética prevista para cada característica pelo valor econômico correspondente e, então, são somados. Contudo, o uso do NM$ prevê um aumento no progresso genético de $1.4 milhões de dólares por ano na base nacional, assumindo que todas as mudanças são melhorias e que todos os criadores selecionam em NM$.

Um outro índice muito utilizado é o PLI – Índice De Vida Rentável, que é o índice do conjunto de países da monarquia britânica, o Reino Unido.  O valor de PLI representa o lucro adicional que um touro com alto PLI contribuirá para as produções leiteiras das filhas dele durante toda a vida produtiva, isto quando comparado a um touro mediano que tem um PLI 0. Este indicador busca promover um aumento na produção de leite mantendo a qualidade, aumento da fertilidade, promover melhor conformação de úbere, pés e pernas, aumento na longevidade, reduzir custo de mantença, promover a saúde da glândula mamária e melhorar os facilidade de parto. Os pesos de cada característica no cálculo utilizado são: 34,4% produção, 15,1% sobrevivência, 15,3% fertilidade, 13,7% saúde de glândula mamária, 8,1% saúde de pernas e pés, 1,6% facilidade de parto e 11,8% eficiência alimentar.

Quando falamos da França oindicador utilizado é o ISU, ele objetiva ranquear os touros para produção e funcionalidade. Os benefícios que eles predizem ao utilizar este indicador é selecionar uma morfologia funcional, gerando vacas de alta produção de leite e proteína, mas que tenham a habilidade de permanecer no rebanho por um longo tempo. Os pesos utilizados para cada característica na fórmula são: 22% fertilidade, 5% longevidade, 18% saúde de glândula mamária, 5% capacidade de trabalho, 15% padrão e 35% produção de leite. A média dos touros franceses no ISU é de 100, mas os valores avaliados variam de 66 a 144. 

Por último, temoso modo de seleção do país do vinho e da pizza, a Itália. O PFT – Produtividade, Funcionalidade e Padrão é o indicador utilizado para seleção da raça Holandesa, e tem como objetivo combinar a qualidade do leite e a funcionalidade. O ranking oficial varia de 0 a 99 e divide a população em percentuais, sendo que a pontuação 99 identifica os melhores animais dentro do 1% da raça. A fórmula utiliza composição do leite, produção de gordura e proteína, longevidade, escore de célula somática e fertilidade. Assim, determina uma proporção 49:23:28 entre produção, conformação e funcionalidade.

Assim, concluímos que, cada país elabora seu índice baseado na característica da sua cadeia produtiva leiteira e no que ele busca para o melhoramento genético do seu rebanho. Sendo que, a utilização destes índices é de suma importância para o aperfeiçoamento da produtividade e eficiência do gado Holandês.  

Fonte: MilkPoint

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