UEL vai monitorar bactérias multirresistentes na cadeia produtiva do frango

Pesquisadores da Universidade farão um estudo inédito que pretende monitorar bactérias multirresistentes a antimicrobianos presentes em alguns pontos da cadeia produtiva do frango de corte. O estudo visa, também, propor alternativas ao uso de antibióticos no combate à colibacilose aviária.

Pesquisadores do Laboratório de Bacteriologia Básica e Aplicada, do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), farão um estudo inédito que pretende monitorar bactérias multirresistentes a antimicrobianos presentes em alguns pontos da cadeia produtiva do frango de corte. Para a pesquisa eles foram contemplados com R$ 192 mil, liberados por meio do Edital Universal do CNPq.

O estudo pretende, também, propor alternativas ao uso de antibióticos no combate à colibacilose aviária. A doença provoca grandes perdas econômicas para a indústria avícola e é causada pela bactéria Escherichia coli.

A pesquisa é importante porque o setor representa um grande gerador de renda e emprego. O Brasil figura na terceira posição de maior produtor de frangos do mundo, sendo o maior exportador, atingindo mais de 40% do mercado internacional. A cadeia do frango de corte gera diretamente 150 mil postos de trabalho no País e 69 mil empregos diretos no Paraná.

O resultado final complementar da Chamada Universal do CNPq foi divulgado há cerca de dois meses. Os recursos direcionados aos pesquisadores serão utilizados nos próximos três anos para aquisição de equipamentos e custeio de material. Os pesquisadores querem investigar de onde e em quais etapas o processo de produção apresenta risco de disseminação de bactérias resistentes e apresentar alternativas ao uso de antibióticos, para o controle de doenças.

BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES – Segundo a professora Renata Kobayashi, proponente do edital e coordenadora da pesquisa, a resistência bacteriana a antimicrobianos (RAM) é um dos maiores desafios para pesquisadores das áreas de saúde humana e animal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2050 ocorrerão 10 milhões de mortes de pessoas ao ano por infecções de bactérias multirresistentes, o que corresponde a uma morte a cada três segundos.

“O fato está ligado ao uso excessivo de antibióticos e à falta de novos antimicrobianos que possam combater as superbactérias”, disse.

O estudo propõe a utilização de novos medicamentos para tratamento e prevenção da RAM, além da vigilância da resistência e cuidados no manejo dos aviários. A pesquisa vai atuar sob o conceito de saúde única, considerando a indissociabilidade entre saúde humana, animal e ambiental.

Segundo o professor Gerson Nakazato, que integra a equipe de pesquisadores, uma das evidências para conter o problema passa pela redução e uso racional de antibióticos na produção da proteína de frango. “Em vários países algumas classes de antibióticos são controladas, sendo que alguns medicamentos de uso humano são proibidos na produção animal. Como alternativa, os pesquisadores da UEL propõem o uso de nanotecnologia e de produtos naturais para conter o uso dos antibióticos convencionais”, disse.

SELEÇÃO – Estudos anteriores comprovaram que, em alguns casos, a cama de aviários, material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, e o besouro cascudinho representam fatores de risco para disseminação das bactérias resistentes. A professora Renata explica que um dos objetivos do estudo é averiguar se as matrizes de frango também podem estar envolvidas na disseminação destas bactérias.

O professor Alexandre Oba, do Departamento de Zootecnia (CCA), que integra a equipe, explica que o uso contínuo de antibiótico acaba selecionando bactérias cada vez mais resistentes. “Essa característica pode estar sendo transmitida geneticamente”, afirmou. Uma das hipóteses da equipe é que esta resistência genética está associada à elevada frequência de casos de colibacilose por bactérias multirresistentes, que têm afetado a cadeia avícola.

De acordo com o professor Alexandre Oba, a colibacilose está entre as três principais causas de condenação de carcaças nos abatedouros. Além deste prejuízo com a contaminação, a colibacilose causa queda do desempenho das aves. Aviários brasileiros conseguem produzir um frango para abate em 42 dias, com peso médio por ave de 3,4 quilos. “Esse resultado é obtido com uma boa sanidade das aves, juntamente com a genética, nutrição, manejo e ambiência”, disse.

SOLUÇÃO – Os pesquisadores pretendem testar a eficiência de nanopartícula de prata biogênica e de óleo de orégano para o combate da colibacilose. Propõem ainda usar estes antimicrobianos associados a probióticos e selênio como imunomodulador – uma possível alternativa aos antibióticos tradicionais. Já comprovaram na bancada a eficiência da nanopartícula de prata associada a óleo de orégano contra Escherichia coli.

O trabalho de monitoramento será feito em aviários do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, juntamente com parceiros – Lar Cooperativa Agroindustrial e a Vetanco do Brasil. Também estão envolvidos no trabalho o Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (CEPVDF), do Rio Grande do Sul; UEM; Faculdade Pitágoras Unopar e a UENP de Cornélio Procópio.

O estudo será desenvolvido em duas partes: Vigilância da RAM em bactérias isoladas de frangos de corte, matrizes e incubatórios, e desenvolvimento de compostos alternativos ao uso de antibióticos.

INTEGRANTES – A equipe conta com pesquisadores de várias instituições. Além dos professores Renata, Gerson e Alexandre, integram a equipe a professora Ana Angelita Sampaio Baptista (Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UEL), Benito Guimarães de Brito e Kelly Tagliari de Brito (CEPVDF), Luís Eduardo de Souza Gazal (UENP), Paula Cyoia (Faculdade Pitágoras Unopar) e Vanessa Koga (UEM). Também integram o estudo os alunos de pós-graduação, Maisa Fabiana Menck Costa e Victor Dellevedove Cruz, e o estudante de graduação Lucas Pinto Medeiros.

Fonte: https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Estudo-da-UEL-vai-monitorar-bacterias-multirresistentes-na-cadeia-produtiva-do-frango
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