Triângulo Mineiro, o lugar da cana, receberá nova usina de R$ 1 bilhão

Instalação de usina para processar cana-de-açúcar vai possibilitar a produção de açúcar, etanol, bioenergia e levedura, além de gerar cerca de 1,8 mil empregos diretos na região do Triângulo Mineiro

Com um investimento previsto em mais de R$ 1 bilhão, um consórcio de empresas do setor sucroalcooleiro lançou em Prata, no Triângulo Mineiro, a pedra fundamental da Prata Biotecnologia. O empreendimento deve gerar 600 empregos diretos só no período de construção. O início das operações é previsto para 2028. As informações foram divulgadas pela jornalista Juliana Sodré do Diário do Comércio.

A empresa é resultado da fusão de outras três empresas: a Usina Boa Esperança, o Grupo Queiroz e Queiroz Bioenergia e a JP Andrade Agropecuária. Ela será construída em Prata a partir de janeiro de 2026, com o objetivo de processar cana-de-açúcar para a produção de açúcar, etanol, bioenergia e levedura. Também é prevista a produção agrícola de soja e amendoim no município.

A previsão é que a nova indústria entre em operação em 2028, gerando cerca de 1,8 mil empregos diretos na região. A previsão é que negócio gere lucro de R$ 825 milhões já em 2028. De acordo com o planejamento da empresa, a expectativa é que nos dois anos seguintes – 2029 e 2030 –, o faturamento anual chegue a R$ 1,07 bilhão.

Cana de açúcar
Cana de açúcar; Foto: Hexagon

Para o diretor de atração de investimentos da InvestMinas, a Agência de Promoção de Investimentos do Governo do Estado de Minas Gerais, Leandro Andrade, a transição energética tão almejada seguindo as novas tendências, passa pela agroindústria e, sobretudo, pelas indústrias sucroalcooleiras.

O Estado vem se consolidando como um dos maiores ou até o maior produtor de açúcar e etanol no Brasil. Desde que o governo assinou o Race to Zero (Corrida para o zero) – programa mundial para zerar emissões de carbono – a InvestMinas e o governo do Estado fazem um trabalho de fomento às indústrias de energia verde, sendo estratégico e prioritário a atração deste tipo de negócio”, ressalta.

Além das questões ambientais, um dos gestores da Prata Bioenergia, Florencio Queiroz Neto, destaca o potencial do agronegócio como propulsor do desenvolvimento econômico e social. “O município de Prata receberá uma indústria moderna, tecnológica e inclusiva, produzindo alimento e energia com sustentabilidade e responsabilidade social”, diz.

O cenário agrada o prefeito da cidade do Prata, Marcel Vieira Rodrigues Rosa, conhecido como Xexéu (Progressistas). “É mais de R$ 1 bilhão para o nosso município, uma verba que a gente acredita que vai melhorar a estrutura da zona rural e que fará que com que a nossa terra produza mais. Também vai gerar mais impostos e esperamos que vá aumentar a renda per capita do município. É uma cadeia de situações que só tende a melhorar”, comemora o chefe do Executivo municipal.

O município de Prata foi escolhido por possuir uma área estratégica para a produção sucroalcooleiro considerando sua altimetria e condições ambientais e geológicas. Além disso, a cidade está em um ponto ideal para a logística da futura distribuição do insumo. “Seja da cana, do açúcar ou do combustível, Prata é um ponto estratégico e que já conta com várias outras indústrias que também têm investido muito na região”, concluiu Andrade.

Lucro da Copersucar cai 58,6% em 2023/24 com queda de preços de açúcar e etanol
Foto: Divulgação

Triângulo Mineiro, o lugar da cana

Minas Gerais é o segundo maior produtor e exportador de cana de açúcar do Brasil. A estimativa da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) é que a safra 2023/24 seja 6% maior do que a anterior, ultrapassando 72 milhões de toneladas.

Além dos números da safra 2023/24, foi destaque o papel do setor sucroenergético, que é uma das mais importantes cadeias produtivas do agronegócio mineiro, com 36 usinas em produção, 130 municípios produtores de cana de açúcar e geração de cerca de 167 mil empregos diretos e indiretos.

Das 36 usinas de Minas, 21 estão no Triângulo. Na safra passada, a região respondeu por 72% da produção de cana do estado, 78% do açúcar e 68% do etanol. 

Minas tem 903 mil hectares de cultivo de cana em 130 municípios, sendo que 28 deles abrigam plantas industriais. Boa parte delas utiliza 100% de colheita mecanizada. Isso somente não ocorre nas áreas onde a topografia não favorece o uso de máquinas. “Apenas entre 2% a 3% da área plantada não é feita a colheita mecânica”, informa o presidente da Siamig, Mário Campos.

O uso do etanol nos veículos flex garantiu a oferta de combustíveis e evitou a queima de 210 bilhões de litros de gasolina, o que equivale a captura de carbono de uma área de 3 milhões de hectares de florestas plantadas, o que representa a área de 1/3 de todo o Triângulo Mineiro.

Além do etanol, essas indústrias também são responsáveis pela produção de açúcar e de bioeletricidade. Minas produz 20 mil gigawatts/hora/ano. Um exemplo é a Usina Vale do Tijuco, onde são gerados 250 mil megawatts/hora/ano. “Energia suficiente para abastecer Uberaba”, garante o presidente do conselho de administração da CMAA, José Francisco de Fátima Santos.

Setenta por cento do açúcar produzido em Minas são exportados, por meio de tradings, principalmente para a Ásia, África e Oriente Médio, tendo a China como maior comprador.

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