A realidade da agricultura de Mato Grosso do Sul vem passando por significativas transformações. Vejamos alguns números.
A área cultivada com soja saiu de 1.712.000, no ano agrícola de 2009/10, para 2.819.000 ha no ano de 2018/2019, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Municípios como Maracaju, Sidrolândia, Dourados, Rio Brilhante, Ponta Porã, Chapadão do Sul, Campo Grande e Bandeirantes estão entre aqueles que mais contribuíram para a expansão da cultura com soja em Mato Grosso do Sul.
Esse crescimento tem uma peculiaridade que deve ser considerada. A maior expansão da cultura, especialmente na última década, se deu em áreas já antropizadas, antes ocupadas com pastagem, na sua maioria, com algum grau de degradação. A expansão da área cultivada com cana-de-açúcar e com eucalipto também está se dando em áreas de pastagens degradadas.
Pastagens degradadas apresentam sérios inconvenientes para toda a sociedade, tais como: erosão; aumento da emissão de gases de efeito estufa; baixa capacidade de suporte e reduzida produção de carne por unidade de área. Nos últimos dez anos, a área ocupada com pastagens em Mato Grosso do Sul reduziu de 14.834.000 para 12.706.000, segundo informações preliminares do Censo de 2017. Também houve ligeira queda no rebanho bovino do Estado, estimado hoje em 18.159.792 cabeças. No entanto, a produção de carne tem apresentado crescimento.
Esses dados revelam que a produtividade da pecuária de corte de Mato Grosso do Sul está melhorando significativamente. Políticas públicas, como o programa Precoce MS, contribuem para a melhoria da produtividade da pecuária de Mato Grosso do Sul. Com esse programa, o produtor é incentivado a mandar para o abate animais mais jovens, mais pesados, com bom acabamento de gordura e produzido em condições sustentáveis.
Com a introdução da soja em áreas anteriormente ocupadas por pastagens, com algum grau de degradação, a produtividade de soja também vem aumentando. Ganha também o meio ambiente pois, nas áreas antes degradadas, são adotadas práticas de manejo que contribuem para a recuperação de atributos físicos e químicos do solo, além de práticas de controle da erosão hídrica. É oportuno destacar que a renovação das pastagens em Mato Grosso do Sul, em sua maioria, está sendo realizada através da Integração-Lavoura-Pecuária (ILP).
Este novo modelo de agricultura, que integra e intensifica as atividades rurais, tem como resultados tanto a melhoria da produtividade, quanto das condições ambientais. Desta forma, o agricultor passa a contribuir com mais um benefício ambiental, que é a redução, por exemplo, da emissão de gases de efeito estufa.
Com essas transformações na agricultura em Mato Grosso do Sul, munícipios que apresentavam economia deprimida entram numa fase de maior dinamismo econômico. Mudança decorrente da transformação de um sistema de produção predominante, que era de pecuária extensiva com baixa produtividade, consequentemente com baixa lucratividade, para um sistema de produção que otimiza os resultados da atividade rural e que contribui com a sustentabilidade ambiental.
Felizmente, essa transformação ocorre na maioria dos 79 municípios do Estado, com escala que varia entre os municípios.
Recuperar pastagens degradadas com agricultura é a estratégia mais adequada para que a economia da maioria dos municípios de Mato Grosso do Sul seja alavancada.
Estudos desenvolvidos pela Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Gado de Corte apontam que, em áreas com pastagem cultivadas após soja, a produtividade de carne foi de 3 a 4 vezes maior do que aquela obtida na pastagem referência (degradada), além dos resultados obtidos com a produção de soja. Porém, antes da implantação da lavoura de soja, todos os fatores limitantes da produtividade devem ser corrigidos/eliminados.
Aumentar a produtividade da agricultura e da pecuária, com uso de ILP, é a alternativa mais consistente para que se possa fazer frente ao aumento da demanda por alimentos, fibras e energia. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, para atender a crescente demanda por alimentos, em consequência do aumento populacional, a produção de alimentos deverá ser aumentada em 60%, sendo que deste, 80% deve ser via aumento da produtividade. O aumento da produtividade se dará fundamentalmente através da incorporação de novas tecnologias e mais conhecimentos aplicados aos sistemas de produção, ambos baseados em pesquisas científicas.
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Assim, Mato Grosso do Sul poderá ter a sua base econômica transformada, melhorando substancialmente a geração de empregos, renda e, em última análise, da qualidade de vida de sua população, além de contribuir com a produção sustentável de alimentos, fibra e energia para atender à crescente demanda global.
Fonte: Embrapa