Transformação no mercado de carnes: Jacaré de SP passa a ser comercializado em todo o Brasil

Localizado em Porto Feliz, a cerca de 120 km da capital, esse frigorífico é o segundo do Brasil a operar com a certificação do SIF o maior frigorífico de jacaré do mundo está localizado em Corumbá, no Mato Grosso do Sul

Que tal experimentar cortes exóticos como filé de cauda, filé de lombo ou costela de jacaré bem temperada? E se a ideia for algo mais inovador, que tal linguiças e hambúrgueres feitos a partir dessa carne? Esses produtos estão disponíveis agora no estado de São Paulo, graças a um criatório e frigorífico especializado em jacarés-de-papo-amarelo. Em novembro, a instalação passou a ser inspecionada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ampliando suas possibilidades de comercialização.

Antes, o frigorífico era supervisionado apenas pelo serviço estadual, e suas vendas estavam restritas ao território paulista. Localizado em Porto Feliz, a cerca de 120 km da capital, esse frigorífico é o segundo do Brasil a operar com a certificação do SIF. O maior frigorífico de jacaré do mundo está localizado em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

O médico veterinário responsável pela inspeção da carne e carcaça no SIF, Luís Felipe Lopes Conceição, tem uma experiência significativa, tendo sido treinado no frigorífico de Corumbá. Ele destaca que, apesar de o ambiente de trabalho ser semelhante ao de um frigorífico de bovinos, a principal diferença é o manuseio dos jacarés, que são predadores. “Por serem animais com instintos de caça, são tomadas precauções rigorosas para garantir a segurança dos trabalhadores, com a vantagem de se tratar de jacarés de cativeiro, o que garante um controle maior sobre o ambiente”, explica o veterinário.

A inspeção ante mortem, realizada por Conceição, envolve a avaliação visual e comportamental dos jacarés. Os animais que apresentam problemas de saúde ou que necessitam de exames mais detalhados são separados para análises adicionais. O veterinário também verifica a documentação relacionada à criação dos animais, além de realizar uma inspeção clínica geral.

Após o abate, a inspeção post mortem é feita, onde o veterinário examina as carcaças, realizando palpação e cortes, se necessário, para verificar a qualidade da carne, sempre seguindo as normas do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), que regulamenta práticas de segurança e qualidade no setor.

Segundo Luís Bassetti, médico veterinário que trabalha no criadouro de Porto Feliz, a adesão ao SIF visa ampliar a comercialização de outros produtos da empresa, como o pescado, que também está em crescimento. “O SIF permite uma expansão significativa no mercado, além de garantir padrões elevados de qualidade para os produtos”, afirma Bassetti.

Entre os cortes de jacaré oferecidos no frigorífico estão o filé de cauda, filé do lombo e costela temperada. Para quem busca algo mais inovador, há também linguiças e hambúrgueres feitos com a carne e gordura do próprio jacaré. “A procura por carcaças inteiras tem crescido muito, principalmente para serem preparadas em churrascarias“, revela o veterinário.

Os proprietários do criatório adquiriram a operação já em funcionamento, o que facilitou o crescimento do plantel, já que grande parte dos animais estava apta a se reproduzir. “Os jacarés que formam o nosso plantel nasceram em cativeiro e foram adquiridos de outros criatórios comerciais”, explica Bassetti. A escolha da espécie de jacaré-de-papo-amarelo foi uma decisão natural, pois é a única permitida para criação e comercialização no estado de São Paulo, por ser uma espécie endêmica.

A reprodução dos jacarés é um dos processos mais delicados. Os cuidados com a temperatura e umidade na sala de incubação são cruciais, pois a determinação do sexo dos filhotes é influenciada pela temperatura dos ovos. “A temperatura no momento do desenvolvimento do embrião é decisiva para a definição do sexo do filhote”, acrescenta Bassetti.

Os jacarés são abatidos apenas quando atingem mais de 10 quilos de peso vivo, independentemente da idade. O criatório conta com dois funcionários treinados para o manejo dos animais, e o frigorífico emprega cerca de oito pessoas, que desempenham funções distintas ao longo de todo o processo. A operação está em conformidade com todas as licenças exigidas pelo Departamento de Fauna do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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