Touro Angus consegue cobrir quantas vacas a pasto? Veja!

A utilização de animais de raças europeias na pecuária nacional tem crescido, principalmente no cruzamento industrial; Vamos responder mais uma dúvida!

Saber quais estratégias de acasalamento utilizar, descarte correto das fêmeas, compra de reprodutores tudo faz parte de um bom planejamento. Mas um touro cobre até quantas vacas? Muitos criadores fazem esta pergunta.

A recomendação dos especialistas é utilizar 1 touro para  25  até 30 vacas. A relação pode ser alterada tanto para mais quanto para menos, desde que se tenha o exame andrológico atualizado do reprodutor. É o exame, realizado por um médico veterinário, que aponta se tal touro está apto para cobrir a vacada da fazenda, resultando  em números expressivos de bezerros.

A validade exige um exame com menos de trinta dias, outro ponto importante, neste período de estação de monta é,  produtores que vão comprar touros, precisam adaptar os animais nas condições da fazenda o mais rápido possível, a não adaptação pode prejudicar o desempenho do reprodutor junto as fêmeas.

Um criador de Itaguara, município de Minas Gerais, enviou uma bateria de perguntas sobre o cruzamento industrial do Angus com sua vacada Nelore.

Quero fazer um cruzamento industrial para produzir um gado precoce. De início, o gado seria criado e engordado somente a pasto, em braquiária e também em uma várzea na beira do rio, que no inverno segura bem o gado”, veja abaixo as dúvidas:

  • Pelo que andei estudando, o melhor cruzamento seria das vacas Nelore com um touro Angus, mas qual seria o ideal aqui para minha região, o Aberdeen Angus ou o Red Angus? 
  • Posso cruzar as fêmeas F1, filhas desse cruzamento, com o Angus novamente? Com o próprio pai ou outro touro Angus? Elas vão ter a mesma precocidade?
  • E é verdade que o touro Angus tem uma certa dificuldade para cruzar as vacas Nelore? 
  • Quantas fêmeas Nelore um touro Angus consegue cobrir a pasto?

O pecuarista, que se identificou como Hamilton, foi atendido no Giro do Boi Responde pelo zootecnista formado pela Unesp de Botucatu Antônio Carlos Sciamarelli Junior, gerente de gado de corte da central de genética Semex.

“Quando a gente fala do cruzamento de Angus com Nelore, este é um dos cruzamentos que o mercado mais está usando, tanto como sêmen como touros, na monta natural”, contextualizou.

“A nossa sugestão para você, que está em Minas Gerais, é procurar touros ou criatórios de Aberdeen Angus puros, avaliados, que estejam muito perto do seu ambiente”, indicou o especialista.

gado da vintage angus ranch
Touros da Vintage / Foto: Vintage Angus Ranch

Segundo o zootecnista, o criador tem duas opções para manejar as novilhas F1. “As filhas desses touros podem ter dois direcionamentos: ou para carne ou você pode usar para outro cruzamento com outra raça para produzir carne também. Esse cruzamento pode ser feito com Zebu, como o Nelore, com um Sindi ou com uma raça sintética, sempre pensando na adaptação (da bezerrada). Se você cruzar de novo com Angus, você vai aumentar o sangue de taurino e, possivelmente, esses animais vão ter algum problema de adaptação no seu sistema de produção”, ponderou.

Sciamarelli também respondeu a dúvida sobre o touro Angus “aguentar o tranco” para cobrir a novilhada Nelore a pasto. “A questão de o touro cobrir a vacada ou não vai muito da adaptação desse animal no seu sistema de produção, no seu ambiente. A nossa sugestão é procurar fazendas de Aberdeen ou de Red Angus que fazem seleção genética para adaptação para o ambiente tropical do Brasil e esses touros vão caminhar bem”, observou.

Relação Touro:Vaca

Esta relação depende da idade dos reprodutores, pois os mais novos realizam maior número de montas para efetivar o serviço do que os touros mais velhos, portanto é recomendada a seguinte proporção:

  • touros de 1-2 anos, 1:20;
  • touros 2-3 anos, 1:25;
  • e touros com mais de 3 anos, 1:30 (esta relação é recomendada somente em regiões com temperaturas mais amenas. Em regiões quentes, a proporção continua 1:25).
trio de touros angus da cabanha recalada
Foto: Cabanha Recalada

“O número de vacas vai depender do seu sistema de nutrição, da comida. Geralmente é um touro para trinta vacas. Dentro do seu sistema, para esse touro caminhar bem, pode ser um pouco menos. Com touros jovens, a gente costuma usar um pouco menos de vacas. Vai depender também do tamanho do seu pasto. Em pastos menores, onde os animais caminham menos, você pode aumentar a quantidade de vacas, mas a sugestão e a média que o Brasil usa é de 1:25 a 1:30”, informou.

Aquisição de touros

A época ideal para aquisição de touros vai depender da origem e do sistema de criação do animal. Quando o bovino é proveniente de regiões com clima e tipo de pastagens diferentes, costuma-se recomendar a aquisição com seis meses de antecedência da estação de monta ou do período de utilização, pois assim haverá tempo suficiente para o animal se adaptar ao novo manejo alimentar e ao clima. Muitas vezes há necessidade da realização de quarentena para prevenção da Tristeza Parasitária Bovina.

Touros oriundos de sistema de criação tipo cabanha também precisam de um certo tempo para se adaptar. Como há uma grande demanda de reprodutores Aberdeen Angus por criadores onde as matrizes são zebus, e muitos deles não conhecem o biótipo da raça Angus, é importante a consulta de um técnico que a conheça para orientar a escolha do animal ideal ou que mais se aproxima da sua necessidade. Exija sempre o registro e a confirmação do touro, pois esta é a maior garantia de qualidade do seu patrimônio.

Quando se realiza o cruzamento de duas raças puras estamos promovendo a heterose, e se não há a garantia da pureza racial por meio do registro podemos estar perdendo com este procedimento. Outra questão importante é que na raça Angus um animal CA (angus controlado – PC), nunca evolui para PO, diferentemente das raças zebuínas, nas quais em poucas gerações é possível se tornar um PO, portanto temos animais CA bons e com muitas gerações conhecidas que irão promover resultados tão bons quanto um PO.

A avaliação genética também deve ser observada, pois fornece a garantia de um programa de seleção da superioridade do reprodutor, e a seleção poderá ser direcionada para o objetivo de produção ou da necessidade de melhora do plantel da propriedade.

Os atestados de brucelose e tuberculose deverão acompanhar os animais, e deve-se verificar se o touro é vacinado para clostridiose, raiva e doenças reprodutivas para posteriores reforços vacinais. O exame andrológico é o certificado que nos mostra que o reprodutor está apto a trabalhar, mas sempre que possível solicite o teste de capacidade de serviço.

Compre Rural com algumas informações da Semex

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