Para fazer a escolha apropriada da raça de corte no início do processo produtivo, é imprescindível compreender as características distintivas de cada raça, avaliando sua adaptação tanto ao clima quanto ao modelo de produção adotado pela fazenda; veja qual é a sua
O Brasil ostenta o maior contingente de bovinos destinados à produção de carne em escala global, destacando-se a pecuária como um dos setores primordiais no âmbito do agronegócio nacional. Adquirir conhecimento acerca das raças preponderantes de gado de corte e suas distintivas características assume papel crucial para que os produtores compreendam o impacto desses fatores em sua produção, capacitando-os a fazer escolhas criteriosas conforme as particularidades de seus sistemas.
Ao longo dos anos, o avanço do melhoramento genético possibilitou a seleção de características desejáveis nos animais, viabilizando a adoção de diversas raças no território brasileiro, que se caracteriza por uma vasta extensão territorial, diversidade climática, relevo variado e diferentes sistemas de produção.
A produção de carne bovina emerge como uma das atividades econômicas mais significativas no contexto brasileiro. Para os pecuaristas, essa prática pode ser altamente lucrativa, desde que determinados cuidados sejam observados e pontos específicos de avaliação sejam considerados. Por exemplo, uma compreensão aprofundada das raças de touro revela-se fundamental para mensurar o impacto das características dos animais na produção.
Como selecionar a raça ideal?
Para fazer a escolha apropriada da raça no início do processo produtivo, é imprescindível compreender as características distintivas de cada raça, avaliando sua adaptação tanto ao clima quanto ao modelo de produção adotado pela fazenda.
Em casos nos quais a engorda dos animais ocorrerá a pasto, as raças zebuínas apresentam desempenho superior, pois estão mais adaptadas às elevadas temperaturas e umidade durante o período chuvoso, além de manifestarem maior resistência a parasitas.
Por outro lado, se a engorda for realizada em confinamento, o produtor deve analisar qual raça proporcionaria o melhor retorno econômico, uma vez que qualquer uma pode ser utilizada. As raças zebuínas, apesar de se adaptarem melhor ao clima e umidade, apresentam um ganho de peso mais lento quando comparadas às raças taurinas. Entretanto, as taurinas são mais suscetíveis ao estresse calórico e aos parasitas, o que pode acarretar em custos adicionais. Portanto, na seleção da raça, é essencial considerar não apenas as características individuais, mas também o tipo de clima e manejo adotados na propriedade.
Melhores raças
Angus
A raça Aberdeen Angus desponta como uma das mais reconhecidas no Brasil, ganhando destaque nos mercados nacional e internacional de carne bovina. A qualidade da carne é o principal fator por trás desse prestígio, destacando-se pela excelente capacidade de marmoreio e pela presença de uma cobertura de gordura densa e uniforme.
No entanto, há outros elementos que fundamentam o sucesso da raça na pecuária de corte. A elevada fertilidade, a precocidade e a facilidade de parto garantem retornos financeiros atrativos aos produtores.
A precocidade não se restringe apenas ao início do ciclo reprodutivo das fêmeas entre os 14 e 18 meses, mas também se estende ao rápido crescimento e terminação dos animais.
Originária da Escócia, essa raça oferece uma carne de alta qualidade, com espessura de gordura entre 3mm e 6mm e um notável grau de marmorização, atendendo tanto às demandas do mercado interno quanto externo. Mesmo sendo adaptada ao clima do pampa gaúcho, demonstra produtividade igualmente eficaz em regiões mais quentes do país.
Além disso, os animais são mochos e de temperamento dócil, facilitando o manejo dentro das instalações da fazenda.
Brahman
O Brahman, originário dos Estados Unidos, surge como fruto de cruzamentos entre raças zebuínas de destaque, tendo seu início com um gado brasileiro predominantemente Guzerá, com a contribuição de Gir e Nelore. Essas seleções tinham como objetivo o desenvolvimento de animais com tolerância à umidade, calor, endo e ectoparasitas, além de resistência a determinadas doenças.
Os cruzamentos resultaram em uma raça de touro que herdou a qualidade da carne, a precocidade dos bezerros e a adaptabilidade ao clima tropical brasileiro, demonstrando robustez em face de pastagens mais rústicas. Esses animais, de maneira geral, proporcionam excelentes rendimentos aos produtores, tanto na produção de carne quanto na reprodução.
As fêmeas desse grupo são amplamente empregadas em programas de inseminação artificial, transferência de embriões e fertilização in vitro.
Nelore
Originária da Índia, a raça Nelore ocupa uma posição de destaque no Brasil, representando aproximadamente 80% da produção de carne, sendo frequentemente associada à expressão “anelorados”.
Adaptada de maneira eficiente às condições climáticas brasileiras, especialmente nas regiões mais quentes, as matrizes Nelore apresentam boa fertilidade e habilidade materna. Essas características fazem com que a raça seja amplamente utilizada em rebanhos comerciais de corte e em programas de cruzamentos industriais (zebu x taurino), resultando em animais altamente produtivos e adaptados.
Além disso, a carne Nelore é reconhecida por seu baixo teor de gordura de marmoreio.
Hereford
Originária da Inglaterra, a raça Hereford teve seus primeiros exemplares introduzidos no Brasil através da Argentina e do Uruguai. A combinação de sua performance excepcional com a praticidade no manejo a torna extremamente popular em diversas regiões do mundo, sendo reconhecida como uma raça fundamental.
Apresentando bovinos de grande porte e uma estrutura muscular notável, os Hereford são caracterizados por serem mochos e dóceis no campo. Destacam-se pela elevada fertilidade, longevidade e eficiência alimentar, demonstrando rusticidade e adaptabilidade exemplares a diversos sistemas de produção.
Essa raça apresenta excelente capacidade de engorda e acabamento de carcaça, atingindo o peso ideal para abate em média entre 20 e 26 meses. A gordura na carcaça é distribuída de maneira equilibrada, conferindo à carne um aspecto marmorizado e uma qualidade elevada, garantindo destaque no mercado.
Guzerá
De origem indiana, o Guzerá é uma raça de gado de corte com aptidão também para a produção leiteira. Foi a primeira raça zebuína a ser introduzida no Brasil, em 1870, com a finalidade inicial de puxar pesadas carroças de café pelas íngremes colinas do Rio de Janeiro, além de fornecer carne e leite.
Originária de terras férteis com clima quente e úmido na Índia, o Guzerá atualmente está presente em diversas regiões brasileiras. Notavelmente, foi a única raça que conseguiu sobreviver e manter a produção durante cinco anos consecutivos de seca na região Nordeste do Brasil (1978–1983), além de enfrentar outros períodos de seca histórica.
Considerada a maior raça zebuína indiana, mesmo os animais selecionados para a produção de leite possuem porte avantajado. Precocidade, bom rendimento de carcaça, rusticidade e habilidade materna são as principais características distintivas do Guzerá.
Em conclusão, a diversidade de raças de gado no Brasil oferece aos produtores opções adaptáveis e especializadas para atender às diversas demandas da pecuária. Cada raça possui características únicas que se alinham a diferentes ambientes, sistemas de produção e preferências do mercado. Desde o renomado Angus, com sua qualidade de carne inigualável, até o resistente Guzerá, capaz de enfrentar condições adversas, a escolha da raça torna-se crucial para o sucesso na produção de carne bovina.
Em última análise, a escolha da raça adequada é um elemento essencial na busca pela sustentabilidade e prosperidade da pecuária nacional, promovendo a harmonia entre as características do gado, o ambiente de criação e as demandas do mercado.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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