A área plantada de soja no “tesouro escondido” do Matopiba cresceu mais de dez vezes ao longo dos últimos 30 anos, chegando a 371 mil hectares
O distrito de Rosário, localizado no extremo oeste da Bahia, mais precisamente na divisa com Goiás, vem despontando como uma das áreas mais produtivas do Matopiba, mostrando potencial para o desenvolvimento de culturas e também de negócios.
Intitulada carinhosamente pelos produtores da região como “o tesouro escondido” na região entre os Estados da Bahia e Goiás, o distrito de Rosário, que pertence ao município de Correntina, oeste baiano, é o ponto de entrada do Matopiba. Formado com as primeiras sílabas dos nomes das unidades federativas que compõem que são: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a região de Matopiba institui uma realidade geográfica caracterizada pela expansão de uma nova fronteira agrícola no Brasil baseada em tecnologias modernas de alta produtividade.
Os resultados da última década apontam que a Matopiba tem potencial para dobrar o volume da produção de soja e milho, que já cresceu 96% e 49%, respectivamente. De acordo com a projeção divulgada pelo Ministério da Agricultura, para 2028 e 2029, sobre o agronegócio brasileiro a área que será utilizada para a ampliação da plantação de grãos, em relação aos dias atuais.
Segundo o produtor Denilson Roberti, que tem mais de 3 mil hectares plantados no distrito de Rosário e é membro da Associação dos Produtores Rurais da Chapada do Rio Pratudão (Aprup), a produtividade da soja e do algodão é excelente na região. “Nossa história começou na Bahia em 1988. Meu pai adquiriu um pedaço de terra aqui. Hoje a gente está em uma nova etapa dessa região. É uma região muito promissora”, afirma o produtor.
A Aprup é composta atualmente por 32 membros dos municípios de Correntina, Jaborandi, Coribe e Cocos que tem os grãos como foco da produção.
E os números revelam a importância econômica da região. Segundo o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área plantada de soja no “tesouro escondido” do Matopiba cresceu mais de dez vezes ao longo dos últimos 30 anos, chegando a 371 mil hectares. A Agro Rosário, feira que acontece na fronteira agrícola já há uma década, é a prova de que o local vem atraindo cada vez mais produtores e empresários interessados em conhecer as especificidades da região e as possibilidades de investimentos.
O evento começou como um dia de campo, com apresentação de cultivares de soja de duas empresas e hoje tem 142 empresas prestadoras de serviços e insumos do setor agrícola.
O agrônomo e consultor José Francisco da Cunha, destaca as condições de solo e clima da região e os desafios para os produtores. “Existe a necessidade de estabelecer uma fertilidade melhor no solo e criar um perfil, porque é uma região que está sujeita a períodos de falta de chuva. O produtor daqui soube fazer esse investimento para garantir altos níveis de produtividade.”
Polo agrícola regional
O município de Correntina surgiu há mais de 80 anos de uma vila usada como ponto de apoio para os bandeirantes que no século XVIII trilhavam o caminho do ouro no coração do Brasil.
Até os anos de 1980 tinha uma economia mediana, movimentada basicamente por plantações de eucalipto e pela agricultura familiar. Mas, nos últimos anos passou a se reinventar graças ao seu distrito de Rosário, a 200 quilômetros da sede do município, localizado na próspera Rota da Soja.
Como aconteceu com Correntina, Rosário também se desenvolveu inicialmente por ser uma rota de passagem. Desde 1985, um posto de gasolina passou a ser ponto de apoio para pessoas que transitavam pela GO-020, que liga Goiás à Região Nordeste. Mas as semelhanças param por aí. Apesar da relação político-administrativa, as duas localidades têm perfis econômicos e culturais bem diferentes.
Correntina tem uma vocação voltada ao turismo regional, graças aos vários rios que cortam a cidade e trazem uma abundância de água. Já o distrito de Rosário, que vem alavancando o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade, tem sido responsável pela geração de empregos e oportunidades de renda. E, atualmente é um polo do agronegócio, cujas terras têm uma das mais altas produtividades de soja do Brasil.
Produtividade expressiva
Segundo o Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a estimativa é que a região colha, em média, 67 sacas de soja por hectare plantado (sc/ha). A área colhida da sojicultura já alcançou 67%, no oeste baiano, o que corresponde a um total de 1,2 milhão/ha.
Já a lavoura de algodão, outra cultura muito significativa na região, fechou a safra 2022/2023 com uma área de 305.814 ha. Obtendo uma variação em torno de 15% de produtividade, saindo de uma colheita média de 275 arrobas por hectares, para uma estimativa de 318 arrobas.
A cultura do milho, cuja área plantada no Oeste da Bahia caiu de 190 mil/ha para 180 mil/ha, com uma produtividade parcial de 180 sc/ha, ou seja, um aumento de aproximadamente 32% em comparação à safra anterior.
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