O terraceamento é a criação de terraços e patamares em encostas e áreas de declive acentuado, esses terraços funcionam como “degraus”, reduzindo a velocidade de escoamento da água da chuva, assim, minimiza-se a erosão do solo e favorece a infiltração de água.
O terraceamento é uma prática agrícola milenar que continua sendo uma ferramenta vital na agricultura contemporânea. Pois, até hoje ela é utilizada para controlar a erosão do solo, maximizar a utilização da terra e aumentar a produtividade agrícola.
Nesse sentido, a técnica tem se mostrado especialmente relevante em países com terrenos montanhosos ou inclinados, como o Brasil. Pensando nisso, neste artigo, exploramos o papel do terraceamento na agricultura brasileira, seus benefícios e desafios associados a essa prática. Boa leitura!
O que é o Terraceamento?
O terraceamento é a criação de terraços e patamares em encostas e áreas de declive acentuado. Esses terraços funcionam como “degraus”, reduzindo a velocidade de escoamento da água da chuva. Assim, minimiza-se a erosão do solo e favorece a infiltração de água.
Além disso, os terraços permitem o cultivo em terrenos que, de outra forma, seriam inadequados para a agricultura. De acordo com o Agrônomo Artur Paes, com o avanço do conhecimento humano, implementos mecânicos e maquinários foram surgindo com o propósito de facilitar a execução e manutenção dos diferentes tipos de terraços. “Atualmente este tipo de prática de manejo contribui para existência de várias populações inseridas em regiões onde a expansão da fronteira agrícola é proibitiva, permitindo assim que os ganhos com a produção sejam mantidos”, afirma.
Desse modo, essa técnica milenar vem sendo atualizada durante os anos para sempre levar mais eficiência e menos prejuízos para as lavouras.
Qual a importância do terraceamento na Agricultura Brasileira?
O Brasil, devido à sua vasta extensão territorial e diversidade de relevo, enfrenta desafios significativos relacionados à erosão do solo, especialmente em áreas montanhosas e regiões onde a agricultura é praticada em encostas. Pois, a erosão não apenas degrada a qualidade do solo, mas também leva à perda de nutrientes e à sedimentação em corpos d’água, causando impactos ambientais negativos.
Desse modo, o terraceamento é uma das principais práticas de manejo conservacionista do solo adotadas no Brasil para combater esses problemas. Segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), áreas como a Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil, têm aplicado o terraceamento com sucesso para proteger o solo e garantir a sustentabilidade da produção agrícola.
Conforme relatado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 17% das áreas agrícolas brasileiras utilizam técnicas de conservação de solo, incluindo o terraceamento. Este número tem aumentado gradualmente, impulsionado pela conscientização sobre a importância da sustentabilidade agrícola e pelas políticas públicas que incentivam práticas conservacionistas.
Na região Sul do Brasil, onde as condições de relevo são mais propícias à erosão, o terraceamento tem se tornado uma prática cada vez mais comum. Por exemplo, a região Sudeste também tem adotado amplamente essa técnica, especialmente em estados como Minas Gerais e São Paulo, onde o cultivo de café em áreas montanhosas é predominante.
Já em áreas de cultivo de grãos, como no Centro-Oeste, o terraceamento é combinado com outras práticas conservacionistas para maximizar os benefícios, como explica Artur.
“Essa reposição maior de água resulta em maior disponibilidade do recurso para ser utilizado pelas plantas, o que em torno exigirá menos aporte de recursos, menos operações de irrigação e menor execução de manejos por parte do produtor. Indiretamente, um solo com umidade adequada é capaz de disponibilizar nutrientes para as culturas de maneira mais eficiente, o que reduzirá ainda mais a necessidade de constantes inserções de insumos.”
Benefícios do Terraceamento
O terraceamento é altamente eficaz na redução da erosão, diminuindo a perda de solo e nutrientes. Ou seja, a prática favorece a infiltração de água no solo, aumentando a disponibilidade hídrica para as culturas, especialmente em períodos de seca.
Assim, ao tornar áreas inclinadas aptas para o cultivo, o terraceamento permite a expansão das áreas agrícolas sem a necessidade de desmatamento. E, ao reduzir a sedimentação em rios e lagos, o terraceamento ajuda na preservação dos ecossistemas aquáticos e na qualidade da água.
Desafios e limitações
A construção de terraços pode ser cara, exigindo maquinário especializado e mão de obra qualificada, o que pode ser um obstáculo para pequenos agricultores.
Além disso, os terraços requerem manutenção regular para garantir sua eficácia. Pois, a falta de manutenção pode levar à degradação e à perda de sua função conservacionista.
Desse modo, o sucesso do terraceamento depende de um planejamento cuidadoso e da adaptação às condições específicas de solo e relevo de cada região. Lembrando que, erros no planejamento podem resultar em terraços ineficazes.
Nesse sentido, Artur Paes explica que os terraços, quando bem aplicados são capazes de reduzir os efeitos do excesso de escoamento superficial do solo. Mas por serem feitos de basicamente solo, são também susceptíveis à instabilidade estrutural e erosões.
Por isso, a boa manutenção de terraços começa no estabelecimento de uma periodicidade no monitoramento dos mesmos em épocas de seca, seguidas de chuvas constantes e volumosas. Pois, isso pode abalar a estrutura dos terraços, sendo necessário à sua reconstrução ou manutenção.
“As dimensões devem ser mantidas para garantir a eficiência. Para que os terraços não sofram da mesma condição que tentam impedir, em épocas de renovação de campo (quando não se planta nada) é possível aplicar uma cobertura vegetal adequada (exemplo: gramíneas). Desse modo o sistema radicular dessas plantas se estabelece facilmente e atua como uma “rede”, mantendo a integridade dos particulados de solo e auxiliando na absorção de água”, explica.
Políticas Públicas e Incentivos
No Brasil, o governo e instituições de pesquisa, como a Embrapa, têm promovido a adoção de práticas conservacionistas, incluindo o terraceamento. Seja por meio de programas de assistência técnica e/ou de incentivos financeiros.
O Plano ABC+ (Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), por exemplo, incentiva práticas agrícolas sustentáveis que incluem o terraceamento como uma estratégia para a redução da erosão e conservação do solo.
Nesse sentido, Artur chama a atenção sobre as pressões de tempo, dinheiro e retornos que ainda mantém o campo em muitas regiões, sob práticas tradicionais e que não mais se sustentam no dia de hoje.
Segundo ele, é necessário que mais políticas públicas e incentivos sejam implementados para reduzir a burocracia e aumentar o acesso dos produtores a:
- Aportes de investimentos;
- Informações acadêmicas recentes;
- Acesso a equipamentos necessários.
Assim, como explica o agrônomo, “programas de extensão bem financiados e divulgados são essenciais para que os resultados positivos de pesquisas acadêmicas sejam divulgados para a sociedade e atinja os agentes de campo. Além disso, é necessário que haja mais programas de incentivos fiscais para produtores que possuam terraceamento em suas áreas. Essa prática não só contribuirá para que as pressões sobre ele sejam reduzidas, mas pode influenciar outros produtores mais apreensivos a embarcar no empreendimento”, enfatiza.
O Futuro do terraceamento na gricultura Brasileira
Com o aumento da demanda por práticas agrícolas sustentáveis e a crescente preocupação com os impactos das mudanças climáticas, o terraceamento continuará a desempenhar um papel crucial na agricultura brasileira. Pois, a prática não só contribui para a conservação do solo, mas também é uma ferramenta essencial para garantir a resiliência da agricultura em face das adversidades climáticas.
Desse modo, a expansão do terraceamento no Brasil dependerá de investimentos em pesquisa, assistência técnica e políticas públicas que incentivem a adoção dessa prática, especialmente entre os pequenos e médios produtores.
Pois, a disseminação de conhecimentos sobre as melhores práticas de terraceamento também será fundamental para ampliar sua adoção. E, claro, garantir a sustentabilidade da agricultura no país.
Portanto, o terraceamento é uma prática agrícola vital para o Brasil, especialmente em áreas sujeitas à erosão do solo. Assim, com a adoção crescente dessa técnica, impulsionada por dados recentes e políticas públicas, o Brasil está no caminho certo para garantir uma agricultura mais sustentável e produtiva.
Nesse sentido, Artur afirma que não existe uma solução final para todos os problemas, mas enfatiza a importância de práticas sustentáveis para a conservação dos recursos. “A meu ver, a realidade é que nunca haverá uma solução-final para todos os problemas. Sustentabilidade aliada com altas produtividades virá da combinação de práticas e ferramentas. O terraceamento é uma prática com longa existência e muito relacionada à capacidade/vontade humana de alterar a paisagem natural para suprimir necessidades. Nesse contexto acredito que seja um dos pontos de entrada importantes para quem deseja aderir a práticas que levem a conservação de recursos“, finaliza.
Fonte: blog.sensix.ag
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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