“Desde meados de 2020, o Rio Grande do Sul vem enfrentando com diferentes intensidades essas estiagens e isso se deve ao fenômeno La Niña”, disse.
Um dos maiores produtores agrícolas do país, o estado do Rio Grande do Sul caminha para completar, neste ano de 2023, o seu terceiro ano seguido de estiagem severa. Isso é consequência de uma sucessão de eventos climáticos, os quais, segundo Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), não é normal.
“Desde meados de 2020, o Rio Grande do Sul vem enfrentando com diferentes intensidades essas estiagens e isso se deve ao fenômeno La Niña”, disse.
Conforme explica Côrtes, o La Ninã, fenômeno natural e recorrente no continente, é responsável por, ao mesmo tempo, causar chuvas nas regiões Norte e Nordeste, com reflexos no Sudeste – como as chuvas da semana passada no litoral de São Paulo -, e seca na região Sul. É a frequência e a duração que, desta vez, estão chamando a atenção.
Ele salienta: “começamos com esse período de La Niña no segundo semestre de 2020, foi a até a metade de 2021, teve um pequeno intervalo e, depois o La Niña retornou por mais um ano e meio”.
“Não é um evento normal, dois La Niñas na sequência, e isso tem castigado muito o Rio Grande do Sul e levado a perdas na safra de soja e milho pelo segundo período consecutivo em diversos casos”.
Ainda de acordo com o professor, o desmatamento na Amazônia é outro problema que agrava, entre outros fatores, as estiagens na região sul, uma vez que as nuvens trazidas da região norte são uma das fontes de abastecimento das chuvas no sul.
Côrtes acrescentou, ao finalizar: “está faltando chuva das duas frentes do estado – as que vêm do sul, e também as que poderiam vir da Amazônia e que têm escasseado em função do desmatamento, que reduz a umidade colocada na atmosfera pelas grandes árvores”.
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