Tendências futuras: análise da perspectiva do algodão para 2024

Para a safra 2023/24, estamos testemunhando o quinto aumento consecutivo na área destinada ao algodão com a expectativa de ultrapassar 1,8m.

O encerramento da colheita no Brasil confirma uma safra recorde para o ciclo 2022/23. Prevê-se que o Brasil alcance uma produção superior a 3,2 milhões de toneladas, representando um aumento significativo de 24% em comparação com o volume do ano anterior. O clima extremamente favorável para a cultura do algodão desempenhou um papel crucial nesse resultado positivo.

Entretanto, a primeira metade de 2023 testemunhou um desempenho fraco nas exportações, com uma redução de 49% entre janeiro e junho. Isso resultou em um excesso de oferta no mercado doméstico, exercendo pressão sobre as cotações da pluma no mercado interno. Durante esse período, os quatro maiores importadores da pluma brasileira – China, Vietnã, Indonésia e Bangladesh – reduziram suas importações do Brasil em 45%.

Atualmente, a China se destaca como o principal destino da pluma brasileira, representando 29% de todas as exportações realizadas em 2023. Apesar da recente recuperação nas exportações a partir de julho de 2023, essa reviravolta foi impulsionada pela redução da oferta nos Estados Unidos no início da temporada 2023/24. A colheita norte-americana registrou uma redução em relação à safra 2022/23, com uma diminuição de 10% na área plantada e uma queda de 19% na produção de algodão, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (450A).

Para o ciclo 2023/24 no Brasil, estamos testemunhando o quinto aumento consecutivo na área destinada ao algodão, esperando que a semeadura ultrapasse 18 milhões de hectares no próximo ciclo, representando um aumento de 8% em relação à safra anterior. A redução nas margens do milho safrinha está impulsionando o crescimento da área destinada à cotonicultura. Assumindo a tendência de produtividade, a safra total deverá atingir 3,0 milhões de toneladas. Se confirmado, o Brasil passará a ocupar o terceiro lugar entre os maiores produtores mundiais, ultrapassando os Estados Unidos. Apesar da safra recorde brasileira em 2022/23, a produção global de algodão deverá retrair 5% em comparação com a safra anterior, com a oferta global estimada em 24,5 milhões de toneladas pelo USDA. China, Índia, Estados Unidos e Austrália tiveram suas produções impactadas negativamente, enquanto o Paquistão deve apresentar recuperação em 2023/24.

Apesar da redução na oferta global e do aumento esperado na demanda, o desempenho da economia global e da geopolítica será crucial para as cotações da fibra nos próximos meses. O desempenho econômico pode afetar o poder de compra de bens não essenciais e diminuir o ritmo de consumo de produtos têxteis. Além disso, a guerra Israel-Hamas pode influenciar as cotações de petróleo. O início do conflito em outubro de 2023 no Oriente Médio causou volatilidade nas cotações de petróleo, mas, no acumulado do mês, houve uma redução de 4% em relação a setembro de 2023. Essa volatilidade é atribuída à importância da região na produção de energia. Em outubro, as cotações da pluma em NYUCL também apresentaram queda de 3% em comparação com o mês anterior, influenciadas pelo avanço da colheita no hemisfério norte, apesar do impacto negativo da produtividade na oferta norte-americana. No mercado brasileiro, os preços seguiram a mesma tendência, refletindo o encerramento da colheita e o avanço da oferta.

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Foto: Reprodução/TVCA

De acordo com o IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), a comercialização de pluma referente à safra 2022/23 no Mato Grosso alcançou 75%, 8 pontos percentuais abaixo da média histórica. Em contraste, a comercialização da safra 2023/24 está em 44%, 5 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano passado. No mercado brasileiro, a redução de 25% nos preços da pluma em relação ao ano anterior tem desencorajado os produtores rurais de realizar novas vendas. Além disso, a valorização do Real em comparação com os níveis do ano passado também contribuiu para a diminuição dos preços da pluma em relação a 2022.

No contexto dos fundamentos, o foco no Brasil está no avanço do plantio do algodão. Na Bahia, o plantio está programado para iniciar em novembro. Contudo, atrasos nas chuvas no Mato Grosso têm impactado o plantio da soja, o que pode afetar o ritmo de plantio para a safra 2023/24. Esses fatores são elementos de atenção.

Nos próximos meses, a restrição da oferta norte-americana pode beneficiar os embarques nacionais, oferecendo suporte às cotações da pluma no mercado interno. No entanto, o cenário macroeconômico negativo na primeira metade de 2023 reforçou a vulnerabilidade do mercado da pluma nesse contexto. Este fator será um componente importante a ser observado, considerando a recuperação lenta das exposições e demandas no período.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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