Risco de queimadas segue alto para o Centro-Oeste e Norte do país; Sul terá nova frente fria a partir desta quinta.
A frente fria que passou pelo país trouxe alívio para áreas de São Paulo e Mato Grosso do Sul, porém, ela já está deixando o continente. Nesta quarta-feira, 18, ainda há chance de chuvas pontuais em Santa Catarina e no Paraná, mas a condição não avança de forma efetiva, segundo a Tempo OK. Com isso, o risco de queimadas continua alto no Centro-Oeste e Norte do Brasil, especialmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, sul do Pará e do Amazonas e na região do Matopiba.
A especialista em meteorologia da Tempo OK, Maria Clara Sassaki, explica que as condições climáticas contribuem fortemente para isso. “A gente tem uma combinação de fatores: temperaturas altíssimas, com pelo menos 5ºC acima do normal, índices de água no solo muito baixos e de umidade do ar também, além de ventos de intensidade moderada que ajudam a espalhar os focos ativos”, afirma ao Agro Estadão.
Segundo ela, várias regiões do país estão com 10% de umidade disponível no solo, e não há previsão de chuvas mais intensas até a metade da primavera. “Até final de outubro e início de novembro, a previsão é de pouca chuva para essas áreas”, diz a especialista.
No mapa abaixo, é possível verificar as regiões que estão há mais tempo sem chuva significativa. A cor marrom mais escura representa as áreas em que a estiagem dura 120 dias. Já no mapa de umidade do solo, os tons de vermelho indicam índices abaixo de 15%.
Por isso, os produtores rurais devem ficar atentos com a irrigação e monitorar as lavouras. “Até mesmo a queimada controlada é preciso evitar, tomar cuidado, porque uma fagulha de resíduo muito aquecida transportada pelos ventos já gera um novo foco de queimada”, analisa Sassaki.
Nova frente fria no Sul a partir desta quinta
Uma nova frente fria vai se formar a partir desta quinta, 19, e se concentra no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. De acordo com Sassaki, algumas instabilidades “bem pontuais” podem avançar para São Paulo e Minas Gerais. “Ainda é muito pouco para reverter a situação de déficit hídrico que temos no interior do país”, avalia.
Na última semana, municípios de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso registraram umidade relativa do ar extremamente baixas, entre 7% e 9%, de acordo com a Agrosmart. O meteorologista e Doutor em Ciências Ambientais da Agrosmart, Juarez Ventura, alerta para os cuidados durante as ondas de calor.
“Este é um período para se ter bastante cuidado com as condições ambientais. A umidade reduzida favorece a evapotranspiração e o solo pode perder muita água rapidamente, então é preciso ficar atento para evitar situações de estresse hídrico extremo”, afirma ao Agro Estadão.
Segundo o especialista, a expectativa é que essas condições não afetem negativamente as lavouras em final de ciclo e colheita, como as áreas de algodão e trigo no Centro-Oeste e de cana-de-açúcar em São Paulo.
Brasil já tem mais de 184 mil focos de queimadas em 2024
Neste momento, os focos de queimadas se concentram principalmente nesses estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Tocantins e, ainda, no interior da região Nordeste. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil registrou mais de 184 mil focos de queimadas neste ano (entre 1º de janeiro e 16 de setembro). Mato Grosso teve o maior número de focos, com 40.546 casos, seguido de Pará (31.917) e Amazonas (19.478).
Ao considerar o aumento de ocorrências em relação ao mesmo período do ano passado, Mato Grosso do Sul lidera a lista com crescimento de 706%. Em seguida estão São Paulo, Distrito Federal, Mato Grosso e Roraima (confira abaixo).
Fogo pode influenciar na formação de redemoinhos
Redemoinhos de poeira são comuns nesta época do ano na região Centro-Oeste do país. Mas, nas últimas semanas, esses fenômenos têm assustado especialmente os goianos. No vídeo abaixo, um redemoinho de poeira e fogo foi flagrado no município de Rio Verde, no sul de Goiás. A velocidade e o barulho impressionam.
De acordo com a especialista em meteorologia Maria Clara Sassaki, os redemoinhos se formam quando a temperatura está muito alta e a umidade do ar e do solo, muito baixas. Conforme o solo esquenta devido ao sol ou ao efeito das queimadas, há transferência de calor para a atmosfera.
“Esse aquecimento cria uma pequena área de baixa pressão, que faz com que o ar suba em espiral, levando junto o que encontra na superfície. Se for gerado em uma área de terra ou poeira, essa coluna de ar puxará terra ou poeira para o alto da atmosfera. Se for gerada em uma área com queimadas, levará chamas para o alto. Dá para imaginar esse redemoinho, como se fosse um aspirador de pó, puxando o material particulado e as chamas da superfície”, descreve Sassaki.
Apesar de ser um fenômeno normal, acabam acontecendo com mais frequência neste momento de alto índice de queimadas e temperaturas acima da média. “No momento em que está ocorrendo uma queimada, a temperatura é muito alta, o que já causa a movimentação do ar naturalmente. O fato de ter acontecido uma queimada diminui a umidade do solo naquela região, o que facilita a elevação da temperatura. A área queimada também perde cobertura vegetal, o que também contribui para o aumento do calor”, explica a especialista.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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