Série histórica além de mostrar novo patamar de receita para a atividade, revela o novo perfil da pecuária brasileira. Confira os dados abaixo!
Há duas décadas, o pecuarista de cria, que não investia, registrava um ganho mínimo de R$ 5 por arroba produzida em 1 hectare de terra. Hoje, este mesmo criador avesso a investimentos ganha R$ 506, por arroba, no mesmo espaço de terra. Parece muito? Pois saiba que não. Porque o pecuarista que nos últimos 20 anos apostou na produção de uma safra high-tech de bezerros, hoje, ganha 6 vezes mais: R$ 3.045,65.
Os números são do mais recente estudo da consultoria de pecuária no País, a Athenagro, promotora do Rally da Pecuária. A pesquisa, coordenada pelo engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro, levou em conta números reais de fazendas acompanhadas de 2001 até o início deste ano. E prova: vale a pena investir na cria. (Confira no gráfico abaixo)
Dentro do pacote tecnológico de investimentos que o produtor deveria apostar suas fichas estão a melhoria e a adubação de pastos, a integração lavoura-pecuária-floresta, protocolo sanitário completo, nutrição, genética, técnicas avançadas de reprodução e uma gestão afinada na propriedade.
Para Nogueira, se, em média, a cria tinha o estigma de ser uma das atividades da pecuária que mais amargava margens pequenas, agora a realidade se inverteu. Claro, desde que esse produtor invista na atividade.
“O que se percebe é que vale a pena investir, sim. O Brasil possui até condições melhores, por conta das pastagens. Podemos intensificar muito e ainda sermos mais competitivos”, diz Nogueira.
Do prejuízo ao lucro
É fato que, antes de uma fazenda extremamente tecnológica chegar ao topo, em ganhos, provavelmente essa propriedade passou por períodos de prejuízo. É o que ocorre com a grande maioria delas. Como é o caso do exemplo mostrado no gráfico acima, de propriedades com produção de bezerros de 26 a 38 arrobas por hectare.
No estudo, essa fazenda analisada teve um prejuízo médio de R$ 2.275,19, em 2004, para produzir uma arroba por hectare. Segundo o especialista, isso se deveu a condições de mercado desfavoráveis, como uma superoferta de bezerros com preços em queda.
Hoje, o cenário é outro. A oferta de boi magro está extremamente baixa, um dos sustentáculos da atual alta de preços do bezerro. De acordo com Nogueira, mesmo com o equilíbrio futuro da oferta, a tendência é de maiores ganhos porque este produtor mostrado no estudo, que investiu em tecnologia, ganhará em produtividade. E com um diferencial que nenhum país tem de sobra: o pasto.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
“Por conta das pastagens o País consegue aumentar o número de fêmeas e, consequentemente, o número de bezerros. Se os Estados Unidos quisessem fazer isso, precisariam confinar as vacas e esse sistema só se justificaria se o valor da carne, lá, fosse muito mais alto”, explica Nogueira.
Para o agrônomo, que se especializou no comportamento da pecuária brasileira, uma coisa é certa: o movimento de tecnologia das fazendas indicam que a pecuária deixou de ser a atividade de segundo plano para se tornar a primeira. E a cria é parte dos ganhos dessa cadeia.
Com informações do Portal DBO