Tecnologia está revolucionando mercado de carnes pela cor

Tecnologia de ATM pode ajudar o varejo brasileiro a reduzir desperdícios, melhorar as margens e aumentar a confiança do consumidor

A cor é o principal fator considerado pelo consumidor ao escolher carnes, principalmente para o consumidor do dia a dia. Essa percepção visual faz toda a diferença, especialmente para quem associa o tom vermelho vivo à qualidade e frescor. A tecnologia de ATM está revolucionando o mercado quando o assunto é “cor”.

A ATM é mais do que uma tecnologia, é uma ferramenta que pode ajudar o varejo brasileiro a reduzir desperdícios, melhorar as margens e aumentar a confiança do consumidor. Além disso, o consumidor brasileiro tem demonstrado interesse crescente em inovações que garantam qualidade, frescor e praticidade, tornando a ATM um investimento estratégico.

Com a introdução das embalagens de Atmosfera Modificada (ATM), supermercados e indústrias alimentícias têm conquistado resultados incríveis. O monóxido de carbono (CO), presente na ATM, interage com a mioglobina da carne, garantindo uma coloração vermelho vibrante e estável, que atrai o consumidor e aumenta a confiança na compra.

A tecnologia de ATM surgiu na Europa, onde a busca por maior vida útil de alimentos frescos era prioritária devido ao consumo em larga escala. Ela consiste em substituir o ar normal dentro das embalagens por uma mistura específica de gases, como oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio.

Veja quais são as principais vantagens da tecnologia:

  • Aparência premium: Manter a cor vermelha viva da carne, realça o frescor e valoriza o produto na gôndola;
  • Menos desperdício: Prolongar a validade do produto ao reduzir o crescimento de microrganismos, dando maior estabilidade e shelf life, reduzindo perdas;
  • Aceitação consolidada: Amplamente usada por grandes redes e indústrias que entendem o valor da experiência de compra.

Questionamos a especialista em carnes com 22 anos de experiência, Profa. Dra. Cristiane Rabaioli, sobre quais as principais pontos da tecnologia. “Para o varejo, cada detalhe conta. Se você busca soluções que conectem o consumidor à percepção de valor do seu produto planeje melhorar a aparência. Não somente embalagens, mas também, vitrine, fachada, área de vendas entre outros” – ressaltou a especialista.

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Foto: Arquivo pessoal

Perguntada sobre quais eram os principais fatores que levavam o consumidor a escolher a carne no prateleira do supermercado ela disse que o estabelecimento ganha força na venda de carnes quando consegue unir conveniência, confiança e preço competitivo, atendendo à rotina do consumidor moderno que prioriza praticidade sem abrir mão da qualidade. Ela citou alguns pontos de observação neste 22 anos atuando como consultora para varejo:

  • Custo de oportunidade: O consumidor já está no supermercado para realizar outras compras e aproveita para adquirir a carne, economizando tempo e deslocamento. Essa conveniência é um grande diferencial.
  • Horários mais amplos: Supermercados costumam operar em horários mais longos, permitindo que o consumidor faça suas compras fora do expediente tradicional, o que nem sempre é possível em açougues.
  • Preços competitivos e promoções: Promoções em carnes ou cortes em embalagens econômicas podem ser um atrativo decisivo para o consumidor optar pelo supermercado.
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Inicialmente, a tecnologia ATM foi desenvolvida para grandes indústrias, pois exige maquinário específico e controle rigoroso. No entanto, com o avanço da tecnologia, já existem equipamentos mais compactos e acessíveis, permitindo que pequenos mercados e açougues, como o do ‘Seu José’, possam utilizá-la em escala reduzida. Isso democratiza o acesso e aumenta a competitividade.

“O que tenho percebido é que essa tecnologia tem se mostrado estratégica para mercados menores que desejam oferecer carnes de alta qualidade sem precisar manter uma operação completa de açougue. Com a ATM, esses estabelecimentos podem trabalhar com cortes já embalados e prontos para a venda, reduzindo custos operacionais, como a contratação de açougueiros e a manutenção de áreas de manipulação. Além disso, o aumento do tempo de prateleira garante maior flexibilidade no estoque, minimizando perdas e atendendo às demandas dos clientes com um produto sempre fresco e visualmente atrativo. Essa solução democratiza a possibilidade de competir com grandes redes, permitindo que até pequenos mercados ofereçam carne de qualidade superior com eficiência” – ressalta Cris.

Gabiru pode produzir uma carne de altissima qualidade - angus
Foto: Divulgação

Carne sem a tecnologia de ATM: porque fica escura?

A carne sem ATM escurece devido à oxidação da mioglobina, que é o pigmento responsável pela cor. Em contato com o oxigênio do ar por muito tempo, a mioglobina se transforma em metamioglobina, resultando em uma coloração marrom ou acinzentada. Esse processo é natural e não significa que a carne esteja estragada, mas pode afastar o consumidor que associa cor escura a produto de baixa qualidade.

A coloração da carne é um fator determinante na decisão de compra do consumidor, que associa cores vivas e avermelhadas a um produto fresco e de qualidade. Pense por que você vai no açougue? Com certeza é porque você tem a visão de que a carne vermelha pendurada no tendal é mais fresca.

A cor da carne não apenas aumenta a percepção de qualidade por parte do consumidor, mas também reduz o risco de perdas no ponto de venda, tornando-se um investimento valioso tanto para supermercados quanto para pequenos mercados.

O brasileiro ainda compra muita carne a moda antiga, pedindo ao açougueiro o corte. Ainda segundo Cris, a tecnologia pode influenciar a mudança dessa hábito. “A ATM pode influenciar positivamente o consumo de carne na gôndola. O brasileiro valoriza a interação com o açougueiro, mas também tem buscado cada vez mais praticidade e conveniência. Costumo observar o consumidor na compra de carnes quando estou a trabalho nos supermercados, e percebo que após alguns dias de implantação do projeto de ATM o consumidor se adapta com facilidade pois A embalagem permite ao consumidor visualizar o corte, confie na aparência e consegue adquirir o produto de forma rápida, sem filas” – revela a especialista.

A transição pode ser lenta, mas com campanhas que expliquem o benefício da tecnologia, como frescor prolongado e segurança alimentar, o consumidor pode aderir mais facilmente. Uma vantagem importante para o consumidor é que ele pode manter as bandejas em geladeira sem necessidade de congelamento por até 21 dias (a depender da validade observada nas bandejas).

Na opinião da especialista a tecnologia irá vigorar bem no Brasil, especialmente porque:

  • O consumo de carne no Brasil é alto, e o frescor é uma prioridade para o consumidor.
  • A tecnologia atende à demanda crescente por produtos práticos e seguros, especialmente com a expansão do autosserviço.
  • Com o aumento da adoção em supermercados e açougues, o custo da tecnologia deve diminuir, tornando-a mais acessível para o varejo em geral.

Porém, para atingir o máximo potencial, é essencial educar o consumidor sobre o que é a ATM e os seus benefícios. Comunicação clara será fundamental.

Outro ponto importante é que a tecnologia também promove um consumo mais consciente. Ao aumentar a vida útil da carne, ela reduz o desperdício de alimentos tanto no ponto de venda quanto na casa do consumidor. Além disso, muitas das embalagens utilizadas no processo ATM são recicláveis, o que reforça um compromisso com o meio ambiente.

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