O consumo da soja está em plena expansão no mundo, tanto que na safra 2016/2017 ultrapassamos a marca de 300 milhões de toneladas de grãos produzidos.
Para se atingir esse patamar foi necessário investir em variedades melhoradas, combinadas com um ambiente que otimizou a expressão de seu elevado potencial genético – com destaque para o uso de fertilizantes, especialmente os advindos de processos biotecnológicos – manejo fitossanitário e de plantas daninhas, entre outros.
No âmbito das agriculturas alternativas, tecnologias mais sustentáveis surgiram como importantes ferramentas de valorização do produto. No caso da soja, novas tecnologias associadas ao cultivo da oleaginosa, como o controle biológico de pragas doenças, novas fontes de adubos orgânicos, manejo integrado de plantas daninhas sem o uso de herbicidas, e outros tornaram a atividade mais atrativa.
Adicionalmente, existe oportunidade de mercado, pois há uma parcela da população, tanto nacional quanto estrangeira que demanda por produtos orgânicos. Por isso, a expectativa de adesão de novos produtores ao cultivo orgânico de soja é positiva.
Segundo o Projeto Organics Brasil, desenvolvido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura, a entidade movimentou mais de 2 bilhões de reais anuais em comercialização de produtos em geral, representando um crescimento em torno de 30 a 40% ao ano. Seu objetivo é melhorar a cadeia de produção orgânica no Brasil, agregando valor e difundindo os produtos de pequenos e médios produtores.
Reforça-se que a soja convencional atinge um sobrepreço de 2 a 5 dólares acima da transgênica, enquanto a orgânica, inserida no Sistema de Comércio Justo atinge 40% acima do valor. Vale lembrar que, por este motivo, oscilação do valor da soja transgênica em função do dólar não causa variação na soja orgânica.
Do convencional ao orgânico
Para a conversão do cultivo convencional ao orgânico são necessárias bases científicas consistentes e capazes de serem reproduzidas. Nesse sentido, o desenvolvimento de novos fertilizantes mais sustentáveis é de fundamental importância, assim como a busca por insumos com base em recursos naturais renováveis, tais como as substâncias húmicas produzidas a partir de compostagem.
Uma via promissora é a reciclagem de resíduos orgânicos, a qual, além de gerar uma destinação adequada ambientalmente, permite agregar valor para essas matérias-primas.
Nos latossolos intemperizados das regiões tropicais, os problemas de acidez elevada, alta adsorção de fosfatos, baixa fertilidade e capacidade de troca de cátions também podem ser minimizados com a adubação orgânica.
Desafios adicionais – fontes para novas pesquisas
O melhoramento visando a tolerância à escassez hídrica, uma vez que a seca, ou mesmo estiagens prolongadas ou veranicos, atingem boa parte da fronteira agrícola da soja;
A busca por variedades com elevada produção e qualidade de proteínas, óleos, boa análise sensorial e, especialmente, a possibilidade de propriedades farmacêuticas. A soja se enquadraria bem na categoria alimentos funcionais;
O uso da soja em arranjos agroflorestais e em integração lavoura-pecuária e florestas é uma realidade. Buscar genótipos melhor adaptáveis para a tecnologia é fundamental.
Reproduzido do site Strider
Especialistas que contribuíram para o artigo
Autor: Marihus Altoé Baldotto
Co-autores: Alexandre Riva de Miranda, Marcos Paiva del Giúdice, Lílian Estrela Borges Baldotto