A contenção é o ato de imobilizar os animais para a realização de exames, aplicação de medicamentos e outras atividades requeridas pelo médico veterinários e pelos tratadores dos animais.
Em exames mais simples o animal pode ser mantido em pé, entretanto em outras ocasiões é necessário que o animal seja derrubado e amarrado para que se mantenha em determinada posição até o fim do procedimento. É preciso ter cuidado e dominar as técnicas de contenção para não machucar os animais ou as pessoas envolvidas no processo, um derrubamento mal feito, por exemplo, pode resultar em uma fratura ou torção nos membros do animal. Acessórios inadequados ou incômodos podem causar ferimentos e deixar os animais agressivos.
Até a simples aproximação ao animal deve ser feita com cautela para que não se assuste ele e dificulte assim todo o processo gerando uma resistência, principalmente em animais como os bovinos e equinos que possuem uma zona de espaço pessoal bem delimitada.
Deve-se se aproximar do animal sempre de lado, escondendo as cordas e instrumentos, falando baixo e sem exageros, mas de forma decidida e sem medo. Respeitando o comportamento do animal se cria um elo de confiança que facilita a contenção. Ao conduzir os animais não se deve manter as cordas amarradas na cintura ou braço, pois qualquer movimento inesperado do animal pode derrubar a pessoa que o conduz.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Existem várias formas de contenção e podem ser utilizadas cordas, guias nasais, esteios, cercas, piquetes, cangalhas e etc. A contenção mais simples é a da cabeça, que pode ser feita com as mãos, cordas ou cabrestos. As cercas e esteios são para evitar que o animal se mova demais e atrapalhe os procedimentos.
Como derrubar bovinos
Em bovinos os métodos de contenção diferem de acordo com sexo, idade, raça, temperamento e local do corpo em que se pretende trabalhar, se destinam a prevenção de coices e cabeçadas, como na imobilização para descorna, coleta de sêmen, castração e etc. Se necessário, pode-se associar um tranquilizante em dose suficiente para o deixar quieto. Animais leiteiros têm temperamento mais dócil e a contenção é mais fácil, sem a necessidade de medidas mais enérgicas.
A contenção se inicia pela cabeça com amarração por meio de laços, focinheiras e cabrestos ou prendendo-as em bretes, sugere-se aplicar uma guia nasal associando a elevação da cauda. O uso de cabrestos temporários é melhor que o simples fato de laçar o pescoço do animal, pois este último pode gerar enforcamento. A contenção manual da cabeça é mais fácil de ser realizada em bezerros, e em animais adultos exige domínio da técnica para evitar maus tratos aos animais, consiste em, com uma mão segura a orelha ou chifre do animal e a outra mão introduzir na narina do animal e segura com força o septo nasal. Caso o animal fique inquieto uma pessoa deve auxiliar a contenção, com levantamento de cauda, por exemplo.
Podem ser utilizadas várias técnicas, porém deve-se atentar para a segurança da equipe e conforto do animal, escolhendo um terreno que não lesionará o animal e colocando sempre um cabresto para facilitar.
Métodos de derrubamento
1 – Derrubamento pelo método de Burley
O animal deve permitir a aproximação pessoal. Não utilizar em animais hostis. Evita traumatismo no úbere e nas genitálias dos machos. Material: corda de aproximadamente 12 metros de comprimento. A corda é dobrada na metada e colocada no pescoço do bovino, as pontas passam pelos membros torácicos, sobem e se cruzam no lombo e depois descem até a região inguinal passando paralelas nas faces internas das coxas. As extremidades são pressionadas para trás até que o animal caia.
Derrubamento pelo método italiano ou de cordas cruzadas (bastante utilizado)
Para reprodutores e vacas com gestação em estágio avançado. Semelhante ao Burley, porém a corda é cruza no peito antes de subir para o dorso. Devido ao posicionamento da corda, pode ocorrer enforcamento.
Derrubamento pelo método “Rueff“
Não indicado pois pode causar lesões nos pênis e úberes, consiste em comprimir o úbere das vacas. Aplicar laçada com corda na base do chifre e seguida aplicar uma laçada no pescoço, uma tórax e outra no flanco. As laçadas devem ficar no mesmo antímero. A corda é puxada para trás e o animal é derrubado.
Derrubamento pelo método Jong
Empregado para derrubar novilhas mansas. Com uma corda realizar duas passadas a frente do úbere e sobre os flancos e a outra contornando o tórax. Posicionar no costado direito ou esquerdo do animal e tracionar fortemente as extremidades da corda, pressionando os antebraços sobre a região do dorso até que seja conseguido o decúbito lateral.
5 – Derrubamento pelo método de Almeida
Frequentemente utilizado, tem fácil execução, não causa lesões nas genitálias e úberes e pode ser utilizado em animai hostis. A cabeça é fixada por um cabresto, e com uma corda argolada de aproximadamente 6 metros é feito uma laçada envolvendo o tórax, a argola deve ficar do lado oposto da pessoa que está realizando a contenção. A corda deve ser tracionada para que se fixe no tórax, com o restante da corda se contorna os membros pélvicos e se traciona para trás derrubando o animal. A queda é lenta.
- Vacas têm “melhores amigas” e sofrem com separações, revela pesquisa
- Como potencializar a criação de bezerros através da estação de monta
- Empresa lança ‘cerca virtual’ revolucionária para manejo de bovinos
- Gigante brasileira de avicultura recebe prêmio global por cuidar do bem-estar de animais
- O que você precisa saber sobre o morcego que transmite raiva
Equinos e Muares
Sempre deve se abordar um cavalo pela esquerda, pois por convenção este é o lado que se acostuma a montar e aplicar os equipamentos. A maioria dos cavalos permite a abordagem pela cabeça, deve-se passar a mão por debaixo e ao redor do pescoço antes de passar a corda ou aplicar bucal, cabresto ou testeira. Assim, o animal se acostuma com o contato e irá ceder sem tentar escapar. Porém se o animal estranhar o procedimento e afastar bruscamente a cabeça perde-se a oportunidade. Égua com potros e garanhões tendem a ser mais agressivos.
Se o animal estiver em um estábulo ou piquete pequeno a captura se torna mais fácil, porém é preciso não deixar a porta completamente fechada para o caso de ser necessário sair rapidamente do local, por exemplo se o cavalo entrar em pânico. Potros podem ser difíceis de controlar, mesmo sendo menores, pois ainda não estão acostumados com o manejo e apresentam movimentos rápidos podendo morder e coicear. Quando o potro está em estação, o melhor método para a contenção consiste em parar ao seu lado com uma mão ao redor do peito e a outra por trás dos músculos da coxa, pode ser necessário segurar a base da cauda e elevá-la para obter um controle extra. Dessa maneira, consegue-se um método de contenção fácil e seguro, pois o potro não consegue se mover.
Fonte: Sarah Soares Maduro de Oliveira / Profª. Sandra Regina Valenca – UFRPE