Sabemos que tecnologias não faltam para incrementar produtividade nos mais diversos cenários produtivos, contudo, é imprescindível rigor para sua aplicação efetiva
As fazendas de pecuária de corte brasileiras estão em constante evolução técnica e econômica, é fato que a produção de carne está crescendo e o país desponta como um dos principais produtores e exportadores da commodity no mundo. A carcaça de um bovino com até 30 meses de idade é o grande alvo do mercado consumidor internacional. Esse produto é mais bem remunerado pela indústria frigorífica quando comparado às carcaças de bovinos mais velhos.
A evidente busca dos pecuaristas de recria e engorda por carcaças acabadas mais precocemente e a necessidade de remuneração do capital investido, ou seja, produzir mais arrobas por área em menos tempo, são gatilhos que reforçam a necessidade por intensificação.
O grande paradoxo é que ainda hoje na pecuária brasileira existem bovinos perdendo peso durante o período de seca, o que é um grave empecilho produtivo. Isso porque há custos fixos da fazenda para serem considerados e ainda existe o custo do ágio da arroba do bezerro em relação a arroba do boi gordo, ou seja, os animais precisam constantemente ganhar peso a fim de justificar os investimentos do sistema de produção, caso contrário, a conta não fecha.
Principais pilares produtivos!
Na pecuária, intensificar com consistência requer melhorias e investimentos nos quatro principais pilares produtivos: nutrição, genética, sanidade e manejo (operacional/estrutural). Sabemos que tecnologias não faltam para incrementar produtividade nos mais diversos cenários produtivos, contudo, é imprescindível rigor para sua aplicação efetiva.
A suplementação é a ferramenta mais eficiente para alcance de resultados imediatos em sistemas de recria e engorda a pasto. No entanto, a escolha da estratégia nutricional deve estar condizente ao objetivo de produção por área e por tempo (taxa de lotação e taxa de crescimento almejadas), desde que haja um alicerce produtivo praticável, ou seja, estrutura e mão-de-obra devem estar alinhadas.
A margem de produção vem diminuindo e a alta demanda por animais para engorda gerou a necessidade dos bovinos em recria chegarem mais rápido para a fase final, fatos que corroboram com a oportunidade da criação da Recria Intensiva a Pasto (RIP).
Paralelo a isso, também existe uma considerável demanda dos pecuaristas, que por falta de estruturas de confinamento, demoravam muito tempo para engordar o boi magro a pasto. Isso impactava diretamente a taxa de desfrute, ou perdiam a oportunidade de aproveitar os animais vigentes (recriados na fazenda) e levá-los até o abate, podendo assim, serem mais bem remunerados. Neste ensejo, foi desenvolvida a Terminação Intensiva a Pasto (TIP), também conhecida por Confinamento a Pasto ou Confinamento Expresso.
Entenda os Programas Nutricionais RIP E TIP
Os programas nutricionais RIP e a TIP foram desenvolvidos com o intuito de acelerar o ciclo produtivo, aumentar a taxa de lotação e aumentar a taxa de desfrute, consequentemente produzir mais arrobas por área e por tempo, mesmo sem que as propriedades tenham estruturas e maquinários dispendiosos como os de confinamentos.
Basicamente, a Recria Intensiva a Pasto (RIP) consiste em suplementações de alto consumo (≈ 0,8% do peso corporal/dia) para animais em crescimento na fase de recria, comum dos 200 aos 400 kg, dentro de um período de aproximadamente 250 dias, no qual o desempenho médio deve ser superior a 0,700 kg/cab./dia, em cenários com taxa de lotação superiores a 3 animais/hectare.
O fator de maior impacto no sucesso de qualquer plano nutricional a pasto é o planejamento forrageiro, ou seja, a disponibilidade quantitativa e qualitativa de folhas para os animais, principalmente quando é relevante a participação do pasto no consumo total de nutrientes pelo animal, como é no caso da RIP.
Simulação de Tratamento Nutricional de RIP
Foram simulados tratamentos nutricionais de RIP e estimada a participação da suplementação no consumo médio de Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB) e NDT (Nutrientes Digestíveis Totais) durante períodos de águas e seca, conforme apresentado no gráfico abaixo.
O tipo de capim também faz parte do planejamento forrageiro e a otimização do sistema está ligada ao ideal aproveitamento das suas características. As espécies forrageiras de maior crescimento vegetativo, como as do gênero Panicum, por exemplo, se encaixam melhor em sistemas intensivos durante o período de águas, enquanto as do gênero Brachiaria podem ser mais eficientes para promover acúmulo de forragem e posterior colheita (pastejo) durante a seca.
Um dos principais gargalos produtivos da pecuária brasileira é o manejo de pasto. O aumento da produtividade passa obrigatoriamente pelo cuidado com as pastagens e, diferente disso, grande parte das áreas estão em algum estágio de degradação.
Como funciona a recria intensiva a pasto?
Recria Intensiva a Pasto, resumo prático:
- Nível de suplementação: de 0,6% a 1,0% do peso corporal/dia, dependendo da disponibilidade quantitativa e qualitativa de forragem e da taxa de lotação;
- Concentrado: alterar formulação conforme bromatologia e estrutura dos pastos;
- Frequência de fornecimento recomendada: diariamente, mesmos horários, se possível;
- Disponibilidade de cocho recomendada: 35 cm lineares/cab.;
- Período médio estimado: 240 a 300 dias;
- Taxa de lotação média anual: de 3 a 4 animais/hectare;
- Desempenhos médios estimados (para machos inteiros):
- Águas: de 0,800 a 1,000 kg/cab./dia;
- Seca: de 0,500 a 0,700 kg/cab./dia.
- Produção média estimada: > 25 @/hectare/ano.
Para bovinos que forem iniciar o tratamento, são sugeridos períodos de adaptações:
- Nos 4 primeiros dias: fornecer 40% das quantidades recomendadas;
- Do 5º ao 9º dia: fornecer 70% das quantidades recomendadas; e
- A partir do 10º dia: fornecer 100% das quantidades recomendadas.
Como Aplicar a RIP?! Exemplo de aplicação da RIP
Nas fazendas de cria mais tecnificadas, há uma interessante oportunidade de realizar a RIP para preparação das novilhas em desafio de precocidade reprodutiva aos 14-16 meses de idade, as famosas “precocinhas”. Lembrando que a suplementação poderá atender as condições nutricionais para que o lote de precocinhas alcance o peso médio desejado, contudo há outros princípios que devem estar alinhados com esta tecnologia para que haja sucesso no projeto, como o melhoramento genético e a seleção para precocidade sexual.
Diante disso, as novilhas que não emprenharem estarão quase prontas para abate, proporcionando a possibilidade de a fazenda realizar uma breve terminação e, então, comercializar a carcaça destas fêmeas jovens, habitualmente valorizadas por um grande nicho de mercado.
Promovendo o acabamento de carcaça
Já na Terminação Intensiva a Pasto (TIP), o objetivo é realizar a fase de engorda (últimos 100-150 kg dos bovinos) e ainda promover acabamento de carcaça, mesmo que para machos inteiros em pastos de seca com elevadas taxas de lotação.
O atendimento de quase todo requerimento nutricional é proveniente do concentrado, visto que cerca de 80% do consumo total de MS vem “do cocho”. Afinal, comumente, esta estratégia ocorre durante a seca, período em que a participação do pasto deve ser menor para maiores desempenhos.
Simulação de TIP para entender o consumo!
Foram simulados tratamentos nutricionais de TIP e estimada a participação da suplementação no consumo médio de MS, PB e NDT, durante períodos de águas e seca, conforme apresentado no gráfico abaixo.
Nesta estratégia de engorda, quando comparado ao confinamento tradicional, o GMD (Ganho de Peso Médio Diário) tende a não ser tão elevado, pois o consumo de alimentos volumosos é baixo, o que resulta em elevadas taxas de passagem e menores conteúdos ruminais. Contudo, o rendimento do ganho pode ser superior a 70%, consequentemente, o ganho de peso médio diário de carcaça é relativamente elevado, por volta de 0,950 kg de carcaça/cab./dia em machos inteiros.
Como funciona a Terminação intensiva a pasto?
Terminação Intensiva a Pasto, resumo prático:
- Nível de suplementação: de 1,5 a 2,0% do peso corporal/dia, dependendo da disponibilidade quantitativa e qualitativa de forragem e da taxa de lotação;
- Concentrado: alterar formulação conforme bromatologia e estrutura dos pastos;
- Frequência de fornecimento recomendada: diariamente, se possível, 2 vezes por dia;
- Período médio estimado: de 80 a 120 dias, dependendo do ganho de peso desejado;
- Disponibilidade de cocho recomendada: 50 cm lineares/cab.;
- Taxa de lotação: até 10 animais/hectare, dependendo da disponibilidade de forragem;
- Desempenho médio estimado (para machos inteiros): 1,200 a 1,400 kg/cab./dia.
- GMD carcaça: 0,850 a 1,000 kg de carcaça/cab./dia.
Para bovinos que forem iniciar o tratamento, são sugeridos períodos de adaptações:
- Nos 4 primeiros dias: fornecer 30% das quantidades recomendadas;
- Do 5º ao 9º dia: fornecer 60% das quantidades recomendadas;
- Do 10º ao 13º dia: fornecer 80% das quantidades recomendadas; e
- A partir do 14º dia: fornecer 100% das quantidades recomendadas.
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Ítalo Masson Estima é Zootecnista, Consultor Técnico de Bovinos de Corte – Trouw Nutrition Brasil.