O pacote tecnológico chamado de Boi 777 promete ajudar pecuaristas a abaterem animais de 21 arrobas com até 24 meses de idade e com maior lucro!
A arroba do boi gordo padrão China está no patamar de R$ 240 no interior de São Paulo, de acordo com a consultoria Safras & Mercado. A produção desse tipo de animal é mais lucrativa e vem crescendo no Brasil, mas requer um trabalho diferenciado. Afinal de contas, como garantir animais pesados e jovens, atendendo a exigência de 21@ em apenas 24 meses? Confira o que é o Boi 777 e como produzir o Padrão China!
Para o pecuarista que quer mirar neste mercado, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) desenvolveu um pacote tecnológico, conhecido como Boi 777, que consiste em abater bovinos com 21 arrobas e até 24 meses de vida.
“A necessidade de abater esse animal jovem e pesado surge das margens da atividade pecuária em queda e dos preços do bezerro em alta”, afirma o pesquisador da entidade Flávio Dutra de Resende.
Padrão do boi China
Segundo a Agrifatto, os bois devem ser nascidos e criados em território brasileiro, ter no máximo quatro dentes incisivos permanentes, ter menos de 30 meses de idade no momento do abate, com Guia de Trânsito Animal (GTA) especificando a idade compatível, sem indícios de febre aftosa reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e com garantia de rastreabilidade.
Produção e Alimentação
Para atingir esses resultados, são colocadas metas de produção: o animal deve alcançar sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda – daí deriva o nome “Boi 7.7.7”. Além da produção precoce, a tecnologia pode aumentar em até 30% os lucros dos pecuaristas.
Como destaca o estudioso, o processo do Boi 777 começa na escolha genética e no cuidado com a matriz durante a gestação. “A nutrição adequada desta matriz fará com o feto se desenvolva adequadamente. Nascendo bem, ele terá um bom desenvolvimento ao longo da vida. Vai desmamar mais pesado, ter uma recria mais curta e ganhar mais peso no processo de recria ou terminação, seja no confinamento ou a pasto”, pontua.
Segundo Resende, o investimento necessário vai depender do nível de tecnologia que o produtor possui atualmente.
A dosagem da suplementação varia: quanto mais pesado o animal, maior a dosagem dos produtos. Em uma produção normal, os pecuaristas precisam de três anos para fazer o giro – período entre o início da produção até o abate. Com a tecnologia da APTA, é possível fazer um giro e meio nesse período. Essa precocidade do sistema é importante para todos os elos da cadeia de produção.
Tendência para os próximos meses
O analista da Safras & Mercado Fernando Iglesias afirma que o preço pago pela China, de cerca de US$ 5 dólares por quilo — outros compradores pagam aproximadamente US$ 4 por quilo, vem de uma demanda muito acima da média do mercado chinês nos últimos meses.
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Iglesias projeta que a tendência é de que isso se mantenha nos meses à frente, pois ainda que o país asiático consiga recompor seu rebanho, prejudicado pela peste suína africana, demoraria de dois a três anos para atingir os níveis anteriores. Ou seja, pelo menos até 2022, a tendência é de manutenção da demanda chinesa em relação às carnes brasileiras, tanto bovina quanto de frango e suína.
Conclusão
“Adotar o conceito do Boi 7.7.7 significa mais dinheiro no bolso do produtor, melhor qualidade de carcaça para a indústria frigorífica e carne de melhor qualidade aos consumidores”, afirma Siqueira.