Integração Lavoura-Pecuária intensifica produção no campo e produtor dobra a produção de leite a pasto, um incremento de 450 l/dia. Veja!
A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é conceituada como uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas e pecuárias, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado. O sistema busca efeitos sinergéticos entre os componentes do agrossistema, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica.
A ILP é uma opção interessante para intensificar a produção e otimizar o uso de insumos na propriedade. O pesquisador Emerson Borghi (Embrapa Milho e Sorgo) explica que o cultivo consorciado permite incrementar a produtividade vegetal em sistemas conservacionistas (ILP e Plantio Direto). “A produção vegetal por milímetro de chuva aumenta e é possível ter forragem de qualidade disponível na época de escassez de alimentos para os animais”, afirma o pesquisador.
O capim pode ser semeado na mesma operação de cultivo da lavoura, com semente misturada ao adubo ou com caixa adicional na plantadeira. Além do plantio simultâneo, também existe a opção de se fazer o plantio defasado, por exemplo, na adubação de cobertura.
“É preciso ter planejamento. Pensar em qual é o foco do produtor. A implantação do sistema não é barata, mas com o sistema estabelecido, há muitos benefícios.”
A pesquisadora Rosângela Maria Simeão (Embrapa Gado de Corte) explica que uma pastagem bem formada pode durar vários anos. Por isso, é muito importante o investimento inicial em sementes de qualidade e no cultivo adequado das forrageiras. Também é fundamental o manejo ao longo do tempo para que não tenha início o processo de degradação da pastagem.
“É preciso ficar atento, fazer adubação, cuidar do momento de entrada e de saída dos animais de acordo com a altura do capim. Touceiras e plantas invasoras são sinais do início de degradação”, explica a pesquisadora.
A Embrapa disponibiliza gratuitamente o aplicativo Pasto Certo, que auxilia o produtor na escolha da forrageira adequada. “É preciso definir o material que será cultivado de acordo com o solo, o clima e o nível de investimento disponível. O aplicativo ajuda na tomada de decisão”, comenta Rosângela.
A pesquisadora ressalta que pastagem também é uma cultura e deve ser tratada como tal. “É preciso ter atenção ao comportamento das gramíneas e também ao comportamento dos animais no pastejo”.
Sistema ILP supera desafios na produção de leite
Na Fazenda Granja Santana, em Abaeté-MG, o pecuarista José Augusto Álvares da Silva adota o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) há aproximadamente três anos. Em uma área de 75 hectares, ele cria 65 vacas e produz 900 litros de leite por dia. A produção é destinada para o laticínio Abaeté e para a fabricação de queijo.
“Antes de adotar o ILP, os desafios eram muitos. A pastagem estava deteriorada, não havia muita motivação e assistência técnica. Hoje, com o apoio da Embrapa, da Emater, da Cooperativa de Abaeté e do Sicoob Credioeste, houve um aumento de quase 100% na produção de leite, que era de 450 litros, em 2016. Temos também a orientação de uma veterinária do laticínio”, relata Silva.
Houve um aumento de quase 100% na produção de leite, que era de 450 litros, em 2016
Em 2015, a Embrapa iniciou um projeto de Cooperação Técnica com o Sicoob Credioeste, em Abaeté-MG. O agrônomo Sinval Resende Lopes, do setor de Transferência de Tecnologias da Embrapa Milho e Sorgo, coordena as atividades.
“O objetivo do projeto é ser a ponte da pesquisa com o campo. Ou seja, permitir que os conhecimentos gerados pela Embrapa possam ser usados pelos produtores a cada ano”, informa Sinval.
A engenheira agrônoma Débora Britto, do Sicoob Credioeste de Abaeté, ressalta que um dos objetivos do projeto é estimular o uso de boas práticas agrícolas na produção de forragem para o rebanho leiteiro.
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“Já temos quatro anos de parceria com a Embrapa. E, a cada ano, inserimos uma nova tecnologia. Assim, é possível aumentar o volume e a qualidade do leite produzido na região. Somos uma cooperativa de produtores, inseridos no meio rural. E acreditamos que se o associado se fortalece em sua atividade econômica, a cooperativa também se fortalece”, afirma Débora.
O técnico extensionista Fernando César Couto, da Emater de Abaeté, também considera que a assistência técnica é essencial.
“Os produtores, de alguma forma, já praticam a ILP. O que precisamos fazer é orientá-los e difundir as tecnologias da Embrapa, para que o manejo seja feito de forma correta e haja um ganho real na conservação do solo e na produtividade”, considera Fernando.Estes temas foram apresentados na 12ª Semana de Integração Tecnológica, em Sete Lagoas, realizada entre os dias 20 e 24 de maio de 2019.
Fonte: Embrapa