O uso da técnica pode impulsionar a genética para produção leiteira e outras características dos rebanhos em regiões como a divisa Paraíba/Pernambuco
Um grupo de 20 pessoas, composto por profissionais de Ciências Agrárias e produtores rurais dos estados da Paraíba e Pernambuco, teve capacitação sobre técnica de inseminação artificial transcervical, entre os dias 12 e 14 de julho, na Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE). Os participantes do curso atuarão como inseminadores na região de divisa entre os dois estados (que compreende os territórios do Cariri Paraibano e dos sertões de Moxotó e Pajeú, em Pernambuco), colaborando com ações de melhoramento genético. A capacitação abordou ainda inseminação artificial em ovinos, deixando os participantes aptos para atuar em programas de melhoramento também para aquela espécie.
A técnica de inseminação transcervical, que com as devidas adaptações pode ser aplicada tanto para caprinos, como para ovinos, otimiza o trabalho dos manejadores e colabora com o bem-estar animal. Ao colocar as fêmeas em posição semelhante à da monta natural, diminui a chance de provocar ferimentos nos animais, facilita o trabalho dos inseminadores, reduz a possibilidade de desperdício de sêmen e possibilita que mais animais sejam inseminados em menor tempo.
O uso da técnica pode colaborar com programas de melhoramento animal, por seu potencial de disseminar, para diversos rebanhos, material genético de reprodutores avaliados como aptos para transmitir características produtivas desejadas pelos criadores. Com isso, pode impulsionar a genética para produção leiteira e outras características dos rebanhos em regiões como a divisa Paraíba/Pernambuco, um dos principais polos de produção de leite de cabra do país, com produção de cerca de 9 milhões de litros por ano.
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Segundo participantes, o curso traz possibilidades de impulsionar a atividade da caprinocultura de leite a um patamar de melhor produtividade, por meio do melhoramento genético. “Vejo possibilidades de melhorias nos rebanhos, principalmente na produção leiteira. Aumentar as médias de produção em um tempo mais curto e trazer um aporte de melhor genética que, para alguns rebanhos, ainda é uma realidade distante”, afirmou Viviane Pereira, zootecnista que atua em Coxixola (PB).
O engenheiro agrônomo Túlio Melo, que atua em Sertânia (PE), destacou o potencial de aplicabilidade da técnica de inseminação artificial transcervical. “É perfeitamente aplicável, vimos aqui no curso pessoas que não tinham formação na área, mas conseguiram desenvolver a técnica. Com mais prática, isso pode ser aplicado no dia a dia, para multiplicar a caprinocultura em nossa região”, avaliou ele.
A prática de inseminação, que também foi aplicada aos ovinos, no curso, foi considerada importante pela zootecnista Fábia Cordeiro, que atua na ovinocultura de corte, como ferramenta para melhorar rebanhos e ter retorno financeiro com a carne ovina. “A inseminação pode favorecer uma oferta melhor de carcaças, de animais padronizados, e ofertar ao consumidor uma carne de qualidade”, disse ela, que também atua em Sertânia (PE).
Segundo o médico veterinário Alexandre Monteiro, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos e instrutor da capacitação, os inseminadores capacitados pelo curso terão um papel importante para amplificar a disponibilização de serviços de inseminação artificial para caprinos e ovinos nos territórios. “A proposta é que eles sejam ponte para distribuição, popularização e democratização de genética realmente comprovada por intermédio de nossos programas de melhoramento genético. Com doses de sêmen disponíveis, poderão implementar uma estratégia de manejo reprodutivo para inseminação artificial”, ressaltou ele.
Esta próxima etapa já deverá começar em breve, uma vez que a Embrapa já iniciou ação para coletas de sêmen de reprodutores em rebanhos da região. “Essa capacitação foi fundamental para que, agora, eles possam programar com os criadores a realização das inseminações”, acrescenta o pesquisador Olivardo Facó, da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Em 2021, a Embrapa Caprinos e Ovinos já promoveu outros cursos sobre inseminação artificial transcervical, para técnicos e produtores rurais dos territórios do Vale do Itaim (PI), Bacia do Jacuípe (BA) e Sertão dos Inhamuns (CE). Todos esses territórios são considerados estratégicos para a atuação da Embrapa, pela concentração de rebanhos e por terem caprinocultura e/ou ovinocultura como atividade econômica relevante no espaço rural.
Fonte: Embrapa